O consumo de música nos dispositivos atuais pode envolver o uso de arquivos diferentes do MP3, já que os criadores do formato estão abandonando seu programa de licenças. Entre os novos tipos de arquivos de áudio que ganharam espaço há o FLAC e o AAC. Com propostas diferentes, atendem perfis de uso e de consumo mais amplos, porém conflitantes: o FLAC destina-se a quem exige máxima qualidade, abrindo mão do espaço, já que os arquivos tendem a ser grandes. O AAC pode ser visto como uma opção mais convencional: arquivos de tamanho reduzido, mas com qualidade de som superior ao velho MP3.

Formatos de áudio dividem-se entre lossless (de máxima qualidade) e lossy, compactos e de qualidade inferior (Foto: Luciana Maline/TechTudo)

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Entenda os pontos que diferenciam os arquivos FLAC e AAC para saber qual dos formatos se adequa melhor às suas necessidades.

Áudio lossless e lossy

Formatos digitais de arquivos de áudio são divididos em dois tipos: lossless (do inglês, sem perda) e lossy (em que, ao contrário, há perda).

Um arquivo do tipo lossless, como WAV ou FLAC, tem como característica principal o fato de que o som armazenado no pacote é fiel ao original: ou seja, no processo de conversão da faixa do CD, toda a informação sonora referente à música foi preservada de forma íntegra, sem perda nenhuma, garantindo alta fidelidade ao arquivo. O problema disso é que o resultado é um arquivo grande: uma faixa em WAV pode ter mais de 40 MB.

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O formato lossy refere-se a uma abordagem em que a conversão do áudio original para o arquivo final (MP3, AAC e etc) passa por um processo de compressão em que uma quantidade variável (dependendo do bitrate escolhido) de informação é eliminada para garantir um arquivo de tamanho menor. No caso do MP3, a proporção é de 10 para 1: um WAV de 40 MB retorna um MP3 de 4 MB, a 128 kbps.

Essa informação, eliminada nas conversões tipo lossy, costuma ser definida automaticamente pelo software de conversão a partir de preceitos teóricos relacionados às frequências que nossos ouvidos são capazes de identificar. O problema dessa abordagem é que há ouvidos e ouvidos, há dispositivos e dispositivos de som, e há músicas e músicas: alguns detalhes das canções podem ser eliminados num MP3 ou AAC porque a conversão os ignora.

E o que é bitrate?

Nem todo AAC e MP3 é igual: um arquivo de bitrate baixo será de qualidade bem inferior a uma versão com bitrate maior (Foto: Tainah Tavares/TechTudo)

De forma bem simples, é a quantidade de informação executada numa determinada quantidade de tempo quando você ouve a música. Se o arquivo tem 128 Kbps, significa dizer que, a cada segundo, 128 kilobits de informação são executados. Se o arquivo tem 320 kbps, são 320 kilobits por segundo. Quanto maior o valor, maior a amostra e, em geral, maior a qualidade de som do arquivo.

FLAC: o áudio lossless

Arquivos de som do tipo FLAC são convertidos a partir de originais usando um processo de compressão chamada de lossless. Isso atesta que a compressão da música a partir de um CD, por exemplo, não representa perda de informação: a qualidade de som representa de forma fiel a experiência de ouvir a mesma faixa a partir de uma mídia.

A questão está no fato de que o formato FLAC acaba ''cobrando um preço caro'' por toda essa qualidade. Em primeiro lugar, os arquivos ficam maiores (uma única música pode ter mais de 20 MB de tamanho), restringindo a quantidade de faixas que você pode armazenar em um player e trazendo dificuldades para quem consome música a partir de streaming com o Tidal: o peso do arquivo pode consumir seu plano e representar uma experiência ruim, caso a sua conexão seja lenta e seja necessário interromper a reprodução para carregar a canção.

Além disso, em geral, o usuário não possui equipamentos de reprodução de som que realmente tirem proveito da alta qualidade do FLAC lossless. O uso de fones de ouvido de baixa qualidade, pareados com reprodutores de mídia inferiores, pode eliminar as vantagem relativas à maior qualidade de um arquivo lossless, quando comparado com o MP3 ou AAC.

AAC é arquivo tipo lossy, mas é melhor que MP3

O AAC se diferencia do FLAC de forma bastante perceptível por conta da abordagem lossy. Músicas em AAC usam processo de compressão que representa, sim, perda de qualidade de som a partir do material original. Entretanto, do ponto de vista técnico, a qualidade de som possível no AAC é superior do que no MP3, já que esse formato é mais recente e conta com processos de conversão que são muito mais refinados do que os do MP3, desenvolvido ainda nos anos 1980.

Essa característica — de oferecer fatores de compressão similares do MP3, mas com áudio de maior qualidade — encorajou a Apple a adotar o formato no iTunes, esforço que acabou tornando o AAC mais popular.

Em relação à discussão sobre FLAC ou AAC, não há dúvidas de que o AAC é um formato interessante para quem privilegia mais o espaço do que a fidelidade. Para a grande maioria dos usuários, arquivos de áudio AAC com bitrates altos representam qualidade mais que suficiente.

Qual é melhor, no fim das contas?

Se você valoriza a fidelidade do som, possui bons equipamentos de áudio e espaço em disco não é um problema, o formato lossless é a melhor alternativa: FLAC, ALAC e APE garantem máxima qualidade de áudio. Nesse cenário, a discussão a respeito do AAC perde o sentido, já que o ganho será apenas no tamanho do arquivo, mas com perda da qualidade.

O AAC, no entanto, é uma boa opção para quem não possui fones de ouvido ou sistemas de som de alta qualidade. O AAC é, inclusive, um excelente formato para usuários que acumularam uma grande biblioteca de MP3s de baixo bitrate, a 128 kbps. Em geral, para usuários comuns e ouvintes menos exigentes, o AAC é um formato de áudio bastante superior ao MP3 e bom o suficiente para quem abre mão dos arquivos enormes em FLAC ou outros formatos similares para músicas.

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