Hitman 2 marca o retorno do famoso assassino do mundo dos games. Disponível para PS4, Xbox One e PC, o jogo complementa a história do remake lançado em 2016, no qual o Agente 47 busca fantasmas do passado enquanto elimina determinados alvos. Confira o review completo:
História não conta muita coisa
A franquia Hitman nunca chamou atenção pelo seu enredo. Desde os primeiro títulos, toda trama do agente 47 limitava-se a colocar o personagem na função de um assassino que precisa eliminar determinados alvos. E a sua história, que chegou a ser "explorada" em dois longas metragens, nunca foi tão reveladora.
Com a chegada do remake em 2016, a proposta era esclarecer um pouco mais o passado do careca mais famoso dos videogames. Entretanto, os capítulos nunca deixavam isso claro, e o final apontava para uma sequência que, acabou sendo lançada dois anos depois e cercada de polêmicas, como a mudança de distribuidora - da Square Enix para a Warner. Isso resultou em um enredo que ainda tenta, sem sucesso, entrelaçar muita coisa, como os motivos que levaram o agente a ir atrás de um determinado alvo e algumas surpresas que, por motivos de spoillers, não irei dar mais detalhes.
E a forma com que tudo isso é apresentado ao jogador incomoda bastante. Em vez de animações com diálogos e cenas de ação, somos obrigados a conferir desenhos e diálogos curtos que antecedem as missões. Em uma geração na qual os games buscam cada vez mais entreter seus jogadores, Hitman 2 acaba sendo um jogo apenas para cumprir objetivos e deixar a história de lado.
Jogabilidade stealth com fator replay que agrada
Sempre considerei Hitman uma franquia muito mais voltada para a estratégia do que para a ação. Os desavisados que olham um careca de terno e uma arma na mão podem achar que se trata de mais um shooter entre milhares, mas a franquia tem características que a tornam única. Ok, você até pode sair com arma em punho e resolver tudo na base da bala. Mas dessa forma você perderia a grande graça do jogo: descobrir as diversas alternativas para cumpri seus objetivos.
Em uma das primeiras missões do jogo, o Agente 47 precisa eliminar dois alvos: Sierra e Robert Knox. Quando joguei a versão demo na BGS 2018, realizei o assassinato da piloto da maneira mais simples possível, me disfarçando de mecânico e sabotando o seu carro. Dessa vez, optei por algo bem diferente, me disfarçando de médico e envenenando-a após a prova.
Já com Robert, não tive paciência da primeira vez e simplesmente usei roupas de segurança e abri fogo contra ele na varanda de seu escritório. Dessa vez, fui mais minucioso e procurei usar um de seus próprios robôs para fazer o trabalho sujo.
Esses exemplos mostram o quanto é divertido explorar essa diversidade de caminhos no qual Hitman 2 lhe proporciona. Porém, é preciso dizer que essa não é uma tarefa árdua, já que a para concluir uma missão do jogo é necessário no mínimo 2 horas (fazendo o plano correto). Esse é o grande motivo no qual considero a franquia muito mais voltada para o gênero estratégia do que para o tiroteio frenético.
Similaridade com o primeiro
Que Hitman 2 é uma sequência direta do remake de 2016, já ficou bem claro, mas isso não é desculpa para fazer um jogo praticamente igual. Isso fica muito claro para aqueles que jogaram o anterior, uma vez que praticamente nada muda, seja em relação a gráficos ou jogabilidade. Diria que é a adição de um novo pacote de capítulos para o ga
As únicas diferenças que pude notar foram em relação ao tamanho dos mapas e o novo modo multiplayer. Os cenários agora estão mais amplos, alguns passam até mesmo a sensação de estamos jogando um game de mundo aberto diante de tamanha expansão. Isso caiu como uma luva no jogo, abrindo um leque de alternativa para concluir as missões, como encontrar rotas alternativas para entrar em instalações bem seguras, procurar itens de missão em casas e cômodos, e até mesmo ter mais opções de disfarce.
Já os outros modos paralelos ao campanha prolongam um pouco mais a vida útil do game. Em Sniper Assassin você precisa assassinar uma série de alvos em uma festa, como se fosse um treino para ser um sniper com uma mira mais apurada. E o Alvo Elusivo, onde de tempos em tempos, você precisa eliminar uma determinada pessoa dentro de uma das fases do game, porém, só há uma oportunidade de fazer isso. Infelizmente, durante os testes, não consegui eliminar o personagem de Sean Bean, que foi o primeiro deste modo inédito.
Para completar, Hitman 2 traz o multiplayer Ghost Mode. Ao invés de uma corrida para assassinar outros oponentes, seu objetivo é eliminar mais alvos que seu adversário em um determinado tempo. Embora eu tenha encontrado muita dificuldade por conta da experiência de outros jogadores, conseguir concluir com êxito - depois de muito treino - e me sagrar vencedor algumas vezes. No fim das contas, achei um modo bem interessante, mas que ainda tem muito a evoluir.
Visual deixa a desejar
Como foi dito anteriormente, há poucas mudanças em relação ao visual de Hitman 2 e seu antecessor. Isso não é uma boa notícia, uma vez que o título anterior já não apresentava gráficos que causassem uma boa impressão, seja pela ambientação do game ou pela feição dos personagens.
Embora o game comece apresentando um jogador um belo cenário em meio a uma praia deserta e paradisíaca, bastou adentrar mais a localidade para que eu percebesse a simplicidade e elementos como vegetação e a área interna da residência onde o agente precisa eliminar seu alvo. Os efeitos de explosão e fumaça também não agradam e deixam até mesmo o jogo rodando um pouco mais lento quando aliados a outros elementos na tela.
Já os personagens, não possuem um capricho tão grande e apresentam o velho problema da similaridade entre eles. Dessa forma, fica até mesmo difícil saber qual inimigo foi eliminado, já que, principalmente, soldados e agentes, são sempre os mesmos em relação a aparência.
IA fraca e bugs pertinentes
Hitman 2 tinha tudo para ser um dos grandes destaques desse ano, mas acaba tropeçando nos seus próprios pés. A começar pela Inteligência Artificial bem fraca de seus oponentes, que acaba deixando o jogo bem menos complexo do que deveria ser no final.
Por exemplo, em uma missão na índia, depois de assassinar um figurão em meio a seus capangas, desci pelas escadas de emergência correndo, eliminei um operário e rapidamente vesti suas roupas. Em questão de segundos, o agente que estava em minha cola, simplesmente ignorou um careca (muito parecido com o assassino) trajando um uniforme de construção. Foi o suficiente para sair tranquilamente pela porta principal e concluir uma das fases.
Embora a proposta do jogo seja essa mecânica de disfarces, ainda sim deveria ter um nível de dificuldade para que eu seja reconhecido ou não. Em outras palavras, trocar apenas um terno por uma blusa social não poderia passar despercebido, a menos que meu traje do assassinato tenha sido feito com uma máscara ou algo que escondesse mais o personagem. Simplesmente trocar a roupa para despistar é algo que deixa a desejar.
Se não bastasse, há uma série de bugs bizarros que acontecem a todo momento no jogo. Em um deles, assassinei um personagem e, na hora de esconder seu corpo, o mesmo ficou preso entre uma parede e uma porta. Além de não poder mover mais, todos os inimigos que passavam por ali viam um corpo se debatendo em meio a polígonos sem que eu pudesse fazer nada para evitar isso. Fico na esperança que a Warner lance um bom update de correções, pois até o momento, eles continuam presentes no jogo como bons coadjuvantes.
Conclusão
Hitman 2 é uma bela continuação do remake de 2016, mas que não traz grandes mudanças em relação ao capítulo anterior. Com uma cara de "conteúdo adicional" o jogo investe na mecânica consagrada da série e agrada ao trazer um interessante modo multiplayer. Mas esbarra em velhos problemas, como bugs e IA fraca, agradando mais ao público fiel do que novatos que buscam ingressar na franquia.
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