Sucessores espirituais são, basicamente, jogos produzidos pelos responsáveis por títulos originais, "sequências" com nomes diferentes. O TechTudo reuniu alguns dos que conseguiram ser a continuação de um bom trabalho – ou que só tentaram aproveitar a ligação com o antecessor para lucrar mais uma vez.
Confira a análise completa de Mighty No. 9
Problemas com empresas, equipes e direitos autorais podem impedir a produção de sequências. Por isso, os envolvidos resolvem criar um jogo que é inspirado ou é uma sequência com outro nome, praticamente um gênero dentro das produções que surgem em sites como o Kickstarter.
Perfect Dark
Perfect Dark, lançado originalmente para Nintendo 64 pela Rare, apresentou a agente secreta Joana Dark. O game nasceu das cinzas de 007 Goldeneye, clássico do gênero FPS e que ajudou a popularizar esse tipo de jogo nos consoles.
Após o sucesso com Goldeneye, a Rare começou a se preparar para adaptar Tomorrow Never Dies, próximo filme do 007, para o Nintendo 64. O problema é que outra empresa (no caso, a EA), cobriu a oferta da Rare, conseguindo os direitos da adaptação. Com uma engine pronta e vontade de criar algo voltado à ficção científica, a equipe modificou alguns pontos e começou a produção de Perfect Dark.
Os dois games têm jogabilidade similar, com PD sendo um pouco mais refinado e com gráficos melhores. O jogo foi sucesso de público e de crítica. Eventualmente, a série continuou no Xbox 360, após a Rare ter sido comprada pela Microsoft, mas não manteve o nível de qualidade visto no Nintendo 64.
Dark Souls
Em 2011, a From Software lançou Dark Souls, o primeiro título de uma das franquias de maior sucesso dos games na atualidade. Com dificuldade elevada e gameplay envolvente, o jogo agradou os fãs, mas muitos deles já esperavam algo assim por causa de Demon’s Souls.
Demon's Souls, lançado exclusivamente para o PS3, já era um sucessor espiritual do game King’s Field, de PS1. A dificuldade e o estilo dos games são similares, sendo que a criação de uma nova série, em vez de simples sequências, foram escolhas dos próprios desenvolvedores.
Sleeping Dogs acabou sendo uma grata surpresa para os fãs de jogos de ação em terceira pessoa, apresentando uma história de um policial infiltrado na máfia de Hong Kong. Seja pelo cenário em mundo aberto ou pela qualidade da ação, o game conseguiu
Anunciado em 2009 como True Crime: Hong Kong, o jogo foi adiado diversas vezes e custo maior a cada dia, o que ocasionou o cancelamento. Em 2012, a Square Enix comprou os direitos de publicação do game, que eram da Activision, mas teve o problema de não ter a licença da franquia True Crime. Por conta disso, Sleeping Dogs nasceu, enquanto que True Crime acabou sendo deixado nas sombras.
O game apresenta as marcas da série, com um policial infiltrado tentando derrubar uma organização criminosa, recriando cidades reais, em vez de seguir a rota de games como GTA ou Saints Row, com suas cidades fictícias.
Lançado para Nintendo Wii U, Xenoblade Chronicles X tem no DNA pelo menos dois jogos dos mesmos criadores. Tudo começou no PlayStation, quando foi lançado Xenogears, pela ainda Squaresoft.
O jogo de RPG era incrível e se tornou um cult ao longo dos anos, mas não foi o suficiente para ganhar uma sequência real. Seu criador, Tetsuya Takahashi, deixou a empresa e fundou a Monolith Soft, levando adiante as ideias para uma nova franquia, chamada Xenosaga.
Apesar dos méritos, Xenosaga não teve boas vendas, prejudicando a possibilidade de Takahashi contar toda a história que queria colocar nos jogos. O plano inicial era o de uma saga em seis episódios, mas apenas três foram produzidos.
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Isso acabou levando a Monolith à criação de uma terceira tentativa, com Xenoblade Chronicles, para o Wii. Lançado em 2010, mas ganhando versões para o Wii U e New 3DS alguns anos depois, o game traz elementos dos primeiros jogos, se mostrando como uma versão atualizada dos temas que Tetsuya Takakashi queria abordar desde Xenogears.
Paper Mario
Em 1996, a Nintendo, em parceria com a então Squaresoft, lançou um RPG estrelado pelo Mario. Super Mario RPG: Legends of Seven Stars foi um sucesso e é considerado até hoje como um dos melhores RPGs do Super Nintendo, sempre aparecendo nas listas de melhores títulos do gênero.
Quando a sequência foi anunciada para o Nintendo 64, ainda chamado de Super Mario RPG 2, muitos fãs se animaram com a ideia. Até o lançamento, a Nintendo resolveu que, por ter uma nova equipe trabalhando no game e pelas mudanças no seu estilo gráfico, o jogo deveria ter um novo nome. Paper Mario, então, nasceu.
O game ainda apresenta elementos de Super Mario RPG, como a mistura de ação com batalhas em turnos, mas consegue trilhar novos caminhos. Além dele, outra série de RPGs estrelada por Mario, Mario & Luigi, acabou influenciada pelo título do Super NES.
Assassin's Creed
Conhecida como a maior franquia ativa da Ubisoft, Assassin's Creed nasceu como um simples spin-off da série Prince of Persia. Na época que a Ubisoft havia revitalizado a franquia com príncipe, misturando tudo com viagens no tempo e versões alternativas do herói, surgiu a ideia de produzir um game focado em clã de assassinos que seria incluído à série.
O trabalho começou na produção do game, mas a Ubisoft logo viu que havia potencial nas mecânicas e ideias criadas para ele, escolhendo apostar no título como uma nova propriedade intelectual da empresa.
Dessa maneira, Assassin's Creed foi criado e, apesar de ter seguido seu próprio caminho, ele deve muito à base criada por Prince of Persia, principalmente no primeiro game.
Bioshock
Em 1997, Ken Levine deixou o Looking Glass Studios e fundou, junto com antigos colegas de trabalho, a Irrational Games. O seu primeiro jogo foi System Shock 2, uma sequência de um título da Looking Glass e que apresentava uma trama cyberpunk complexa. Apesar de ter sido bem aceito pela crítica, o título acabou não sendo um sucesso de vendas.
Isso acabou com os planos de uma nova versão que Levine apresentou na época para EA, fazendo com a Irrational Games optasse por outros jogos para continuar trabalhando. Contudo, Levine ainda tinha ideias relacionadas a System Shock e, já que o nome parecia não ter a mesma força de antes, criou BioShock.
Após algumas tentativas com diferentes histórias e cenários, Levine conseguiu se focar em uma trama que o satisfez e que trazia elementos de System Shock 2, como o uso de itens para aumentar as habilidades.
Mighty No. 9
O caso mais recente de "sucessor espiritual" é Mighty No.9. O jogo nasceu do chamado de fãs que pediam um novo game do Mega Man, mas que a Capcom parecia ignorar. Durante anos, jogadores de todo mundo clamaram por um título do robô, algo que nunca veio. Vendo aí uma oportunidade, Keiji Inafune, criador do personagem e que havia saído da empresa japonesa, anunciou uma campanha no Kickstarter de um novo game: Mighty No.9.
Não é difícil traçar comparações com a apresentação dos dois games, já que Mighty No.9 é Mega Man com um visual diferente. Isso fez com que a campanha se tornasse um sucesso, arrecadando quatro milhões para a produção do jogo.
O problema é que Mighty No.9 será lembrado por seus problemas durante a produção, com diversos adiamentos, uma campanha para outro jogo de Inafune antes de terminar o primeiro, um visual bem inferior ao que foi mostrado no início da campanha, entre outras dificuldades.
O resultado disso é que o game foi lançado e recebeu duras críticas da imprensa especializada e do público, que o considerou um jogo com qualidade bem abaixo do esperado.
Tree of Savior
Ragnarok Online marcou a vida de vários jogadores, sendo um dos MMORPGs mais populares da internet brasileira. Apesar de ainda estar ativo, muitos fãs migraram para outros games ou se desligaram completamente do gênero.
Com o anúncio de Tree of Savior, isso acabou mudando para muita gente, vide que o game é do mesmo criador de Ragnarok Online. Adaptando elementos da mitologia da Lituânia, o game acabou sendo lançado no Steam após ser aprovado em menos de 10 horas, através do sistema Steam Greenlight.
Apesar de trazer vários elementos similares aos vistos em Ragnarok Online, muitos fãs se decepcionaram com o game, que, ao tentar se adaptar aos tempos modernos, veio com limitações que obrigam os jogadores a gastar dinheiro para poder aproveitar todo o potencial do título.
Fallout
Considerada por muitos como uma das melhores franquias de RPG e ação, Fallout só nasceu por causa de problemas com os direitos de outro título. A Interplay, criadora da franquia, havia trabalhado com a Electronic Arts na criação de um RPG de mundo aberto chamado Wasteland.
Lançado em 1988 para computadores, o game também apresentava um mundo devastado por uma guerra e uma equipe que explorava os arredores de Las Vegas. O game também contava com um esquema de jogo que lembrava bastante RPGs de mesa.
Quando a Interplay começou a trabalhar em sua sequência, que quase teve o sistema GURPS como base para o gameplay, problemas com a Electronic Arts fizeram com que a empresa buscasse alternativas para lançar o novo Wasteland. Quando foram avisados de que o título não poderia ser usado, a Interplay fez algumas alterações e criou Fallout.
De certa forma, Fallout é realmente a sequência de Wasteland, apenas com outro nome. Com o tempo, a franquia acabou sendo comprada pela Bethesda, que mudou o estilo de gameplay para o esquema de RPG/Ação de hoje. Para aqueles que preferiam os primeiros games, o mesmo grupo de desenvolvedores de Wasteland conseguiu retomar os direitos do jogo, criando uma nova versão, lançada em 2013.
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