A notícia parece boa: o Brasil já não figura no top 10 de países mais atacados por ransomware em todo o mundo da Kaspersky. Entretanto, só parece. O volume de ataques na região não diminuiu. Pelo contrário, cresceu 30% ao ano desde 2014, e a explicação é simples. Vírus de grande alcance, como o WannaCry, afetaram principalmente países da Europa e da Ásia como Espanha, Rússia, Turquia, Alemanha e Vietnã. O Brasil também foi uma das grandes vítimas. Porém, em escala menor. Os detalhes são do especialista Santiago Pontiroli, que palestrou durante a 7ª Cúpula Latino Americana de Analistas de Segurança da empresa russa de antivírus, que aconteceu nos dias 11 e 12 de setembro, em Buenos Aires, na Argentina.
O Brasil lidera o top 10 de países com maior volume de detecções do golpe também conhecido como "sequestro de dados", com 55% dos incidentes relatados pela nuvem da companhia na região, seguido do México (23,40%) e da Colômbia (5%). Globalmente, porém, os países mais afetados são Turquia (7,93%), Vietnã (7,52)% e Índia (7,06%). Pontiroli explica que a ausência do Brasil na lista global não é sinal de redução na detecção de ransom. Pelo contrário, o mundo viveu uma explosão recente de casos como WannaCry, Petya e outros malware.
"O Brasil está fora do top 10 global. Estava na posição nove, mas saiu. Porém, na América Latina, lidera como país mais atacado com 54,91%. A detecção de ransomware local só cresce. Casos como WannaCry e Petya aumentaram o volume da deteção global, mas ainda existem muitos casos de ransomware no Brasil. E, dentro da America Latina, o país segue sendo o número um", detalha.
O ranking costuma flutuar bastante, dado que alguns ataques tem foco local.
'Brasil é uma fábrica de ransomware'
Segundo a fabricante de antivírus, os ataques do ransomware na América Latina tiveram um aumento anual de 30% entre os anos de 2014 e 2017. Ao longo de 2016, a empresa registrou 57.512 detecções do ataque. Neste ano de 2017, o sistema já detectou 24.110. Ainda de acordo com o levantamento, de 2016 até o momento, metade dos vírus que infectam a região pertence à categoria de trojans (quando o vírus se disfarça de um software legítimo), com o trojan-ransom (malware que encripta dados no computador) tendo o crescimento mais rápido.
“A América Latina, e em especial o Brasil, virou uma fábrica de ransomware", disse o analista de segurança, que chama a atenção para o fato de que há ransomware novos sendo desenvolvidos no próprio país para cometer o crime de extorsão.
Seguindo a tendência já apontada por líderes em segurança, na América Latina, usuários domésticos continuam sendo alvo de ransomware, mas é no setor empresarial que o vírus aparece com maior frequência. A Kaspersky aponta que ataques do tipo são direcionados principalmente ao setor da Saúde, além de pequenas e médias empresas de todos os ramos. A maioria acontece via acesso remoto, quando há senhas fracas ou serviços configurados de forma errada.
"Os últimos casos que analisamos no Brasil foram todos de hospitais. Os vírus não estavam bem programados e conseguimos encontrar falhas (para desencriptar os dados). Em nível global, porém, temos ransomware mais complexos que não atacam um indústria em particular", completou.
Tendência de um setor que 'vai bem'
Exemplos não faltam: Petya ou PetrWrap, HDD Cryptor e o famoso WannaCry — que infectou mais de 200 mil computadores em todo o mundo, sendo 98% com Windows 7. Na América Latina, a maior propagação do WannaCry foi no México e no Brasil, seguido de Chile, Equador e Colômbia. Pontiroli vê no processo (que explora falhas, se propaga em rede e contamina muitas máquinas, sem alvo específico) uma tendência, de um tipo de indústria (do crime), que vai muito bem.
O uso de exploits como EternalBlue ajudou o WannaCry a se propagar em redes internas, permitindo aos criminosos arrecadar cerca de US$ 100 mil, mas cujos danos superaram esse val
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