Fifa 19 é o novo título da mais famosa franquia de futebol do mundo. Com versões para Xbox One, Xbox 360, PS4, PS3, Nintendo Switch e PC, o game aposta na inclusão da Champions League, mudanças pontuais na jogabilidade, além de melhorias nos seus principais modos: Ultimate Team e A Jornada. Confira o review completo:
Lapidando a jogabilidade
O quesito jogabilidade é sempre o mais polêmico de ser abordado. Desde FIFA 15, coube a EA apenas lapidar uma mecânica que, mesmo ainda tendo seus problemas, considero consolidada e uma referência no gênero. Particularmente, acho o antigo game um dos mais revolucionários nesse ponto, e a diferença dele para o atual não é tão gritante assim.
Em comparação à FIFA 18, posso dizer que pouquíssima coisa mudou. Agora o sistema de controle da bola está menos automático, o que faz com que tanto o domínio quanto a movimentação da mesma seja menos previsível do que antes. Em outras palavras, um passe forte requer que o recebedor tenha um bom domínio, do contrário, a bola escapará facilmente.
O sistema de chute também traz "melhorias". Para elevar o nível de realismo, foi implementada uma mecânica em que você precisa dar um segundo toque no botão para ter uma precisão maior no arremate. Basicamente a proposta é você acionar uma vez o chute para enviar o comando ao jogador, e apertar novamente quando achar o momento ideal do contato dele com a bola. Embora seja uma proposta muito boa, foram poucos o momentos onde consegui realizar o movimento da maneira ideal. Mas não se preocupe, pois é possível desativar essa opção nas configurações de controle.
Em relação aos comandos, agora é possível levantar a bola manualmente. Pressionando o botão R3 (no PS4), o jogador dá uma cavadinha e ergue a redonda, o que facilita passes mais profundos e cruzamentos. Além, é claro, de dribles e embaixadinhas para provocar o seu adversário. Por mais que pareça bobagem, achei genial esse novo comando, e me ajuda bastante principalmente com as jogadas aéreas.
Para meu desespero, e de muitos outros jogadores, o controverso sistema de defesa manual volta praticamente intacto. Ainda é preciso acertar o tempo em que você pressiona o botão de roubada e o seu jogador responder em campo dando um "bote" no oponente. Continuo achando a mecânica bem falha, com um delay enorme entre esse pressionar e a execução do seu atleta. Porém, confesso que senti a defesa mais responsável no jogo, deixando menos espaços e marcando mais em cima, o que facilita esse sistema apesar de seus problemas.
Assim como a finalização calibrada, é possível remover essa tipo de mecânica de defesa. Mas, para infelicidade de muita gente, alguns modos obrigam o jogador a utilizá-la, como o Squad Battles do Ultimate Team. O jeito foi ficar em posição fetal e chorar debaixo do chuveiro…
Também achei interessante a diminuição de opções rápidas na tela para tornar seu time mais ofensivo ou defensivo. Agora ou você deixa o time um pouco mais avançado ou põe todos para a frente em um "oba-oba" sem respeitar formação ou algo do tipo. E para completar, essas configurações podem ser personalizadas para táticas diferenciadas. Ou seja, você pode criar uma a
Pouca evolução nos gráficos
Se a jogabilidade mudou pouco, o visual de FIFA 19 mudou menos ainda. É difícil até mesmo olhar para a tela e não se confundir com qual game está sendo exibido. O mesmo vale para jogadores e elementos que complementam a ambientação.
Assim que iniciei o jogo pela primeira vez, fui obrigado a jogar uma partida que simulava uma disputa pela Champions League. As cenas de animação ajudam a levar o jogador para dentro da partida e recriar o clima único que a competição proporciona. E com a bola rolando, realmente achei a partida com mais "cara" de Liga dos Campeões, principalmente pelo sistema de iluminação, que torna os campos mais claros e um tudo um pouco mais nítido.
Porém, em partidas comuns, que não fazem ligação com a competição, achei tudo muito igual ao FIFA 18. Até mesmo os jogadores que geralmente recebem um upgrade a cada versão, trazem poucas melhorias em relação game anterior. Se não bastasse, os menus se mantém basicamente os mesmo, mudando apenas o sistema de cor e a localização de algumas opções.
Isso é consequência do mesmo problema que afeta a jogabilidade: a necessidade de lançar um game anualmente. FIFA já se tornou um título consolidado, que pode ser dar ao luxo de não ter grandes revoluções para sobreviver. Sendo assim, por que não uma versão definitiva com atualizações pontuais ou até mesmo um sistema de assinatura mensal/anual?
Partidas sem regras e "battle royale"
Uma das principais novidades de FIFA 19 diz respeito às partida rápidas, popularmente conhecidas como Amistosos. Agora, é possível disputá-las com elementos a mais, como regras alteradas e pontuações diferentes para determinados tipos de gols. São elas:
De fora vale 2 | Como o próprio nome já diz, caso você faça um gol de fora da área, ele tem o valor dobrado ao que são marcados dentro dela. |
Sobrevivência | Cada gol marcado, um jogador do seu time é removido aleatoriamente. Cada equipe pode perder até quatro atletas, ou seja, caso você marque novamente quando já tiver alcançado esse limite, nada acontece. |
Cabeceios e voleios | Os gols só são contabilizados caso sejam feitos através de cabeceios, voleios ou bicicletas. |
Quem fizer ganha | De forma parecida com a antiga prorrogação Bola de Ouro, o primeiro a marcar na partida vence. |
Vale tudo | Nesse modo as partidas não possuem faltas e impedimentos. Dessa forma, os carrinhos violentos e as banheiras estão liberadas. |
De longe, foram as melhores adições que FIFA 19 recebeu, principalmente quando essas partidas são disputadas entre conhecidos. Foram muitos os risos nos confrontos sem regras, que automaticamente limitaram os amigos apelões e dribladores que se acham o Ronaldinho Gaúcho dos gramados virtuais.
Ultimate Team com ranqueamento e novidades que agradam
O principal modo de FIFA também foi poupado em relação a grandes mudanças na nova versão. Assim que iniciei o Ultimate Team pela primeira vez, a sensação era a de estar começando novamente com um time em FIFA 18, pois até o tutorial de iniciação é basicamente o mesmo.
Tudo está lá nos mesmo lugares. Desde a primeira tela com os Desafios Iniciais, Diários e Semanais, até a última aba onde é possível ver seu ranking em comparação aos seus amigos e também os itens que seu clube possui.
Particularmente não achei um grande problema. Vale lembrar que a versão do Ultimate Team de FIFA 18 foi uma das mais revolucionárias e a que mais me agradou graças a elementos como Squad Battles, que se mantém idêntico a quando foi lançado.
As novidades começam pelo modo Division Rivals. Ele cria uma espécie de ranking único, de forma parecida com jogos como League of Legends e Counter-Strike, onde você precisa se posicionar encarando adversário do mesmo nível que o seu. Para isso, o próprio jogo avalia seu rendimento nas primeiras partidas e, posteriormente, lhe posiciona no nível mais adequado.
Outra novidade que me agradou muito foi o Escolha do Jogador. É uma espécie de carta onde você escolhe entre cinco opções de jogadores para agregar ao seu time. Funciona bem parecido de quando você começa a montar seu time no Draft, só que dessa vez o atleta fica com você.
E por fim, os menus de organização dos itens dos pacotes agora contam com uma apresentação melhor. Ao invés de serem posicionados verticalmente, eles contam com uma arrumação na horizontal e que traz mais agilidade na hora de vender, descartar ou armazenar uma carta.
Champions League está de volta
Depois de anos sendo licenciada no rival, PES, a UEFA Champions League voltou à franquia da EA em FIFA 19. A novidade foi o grande carro chefe do game em suas campanhas promocionais, ligando quase todos os seus trailers de divulgação ao clima da maior competição de clubes do mundo.
A presença do campeonato de forma oficial agrega bastante em diversos elementos. A começar pela própria competição, que mostra que não é apenas mais um torneio licenciado, mas um show a parte. A EA conseguiu criar uma ambientação única com diversas animações antes e depois das partidas, além de seus painéis padronizados iguais aos das transmissões originais, e até mesmo o clima ao entorno do campo, com uma torcida mais inflamada que o normal.
E essa ambientação também é inserida em outros modos. É possível até mesmo jogar um amistoso como se fosse a grande final da competição, com direito a hino sendo executado antes da partida e festa da entrega da taça no final. E o torneio também é inserido nos modos: Carreira, Ultimate Team e A Jornada. Este por último é o grande cenário de fundo para a conclusão da história de Alex Hunter.
A Jornada traz novos protagonistas
Claro que o popular modo implementado em FIFA 17 não poderia ficar de fora. Agora, você não controla apenas Alex Hunter, mas também sua prima Kim Hunter e o jogador Danny Williams. A medida com que você avança na história, cada um dos caminhos segue um rumo diferente, deixando o modo ainda mais diversificado e com uma história menos limitada.
A jogabilidade também muda bastante para cada personagem. Alex Hunter agora é um astro do futebol e a sua chegada ao Real Madrid faz com que o jogador busque se consolidar como um dos maiores de todos os tempos. Isso inclui a conquista da Champions League, torneio que você disputa no controle do craque.
Com Kim, a jogabilidade é a mesma utilizada para as jogadoras das seleções femininas. Há uma limitação tanto da própria personagem como das companheiras de equipe, o que acabam tornando tudo mais difícil do que nas outras histórias.
Já com Williams, a sensação é de que ele será o próximo protagonista do modo caso ele seja implementado também em FIFA 20 (se existir um). Sua história se assemelha muito com a de Alex nos outros jogos, mostrando um personagem que busca um lugar ao sol em meio a tantos outros jogadores. Curiosamente, em alguns momentos, você optará por controlar Hunter ou Danny em confrontos diretos. Optei por sempre usar o novato, até para saber como seria a reação do seu adversário diante do sucesso alheio.
Apesar de não ser mais uma grande novidade, A Jornada serve para quebrar um pouco a mesmice dos outro modos. A história, embora manjada e previsível, ainda agrada bastante e chega a ser interessante jogar outras vezes para moldar posturas diferentes dos outros protagonistas, ou ver o desenrolar do enredo em perspectivas opostas. Mas ao mesmo tempo,A Jornada precisa se renovar bastante para não ser deixado de lado em futuras versões do game.
Modo Manager / Carreira mais simples
O modo mais antigo e duradouro de FIFA permanece em sua nova versão. Para quem não conhece, o Carreira permite que você se torne um Manager/Treinador ou um jogador em busca da fama.
Como Manager, tudo ficou mais simples do que antes. Agora, para contratar um jogador não há tantas burocracias de contratos, tudo é praticamente preenchido de uma forma automática. Com o modesto time da Sampdoria, consegui ter uma equipe boa o suficiente para disputar a UEFA Champions League. Mas acabei caindo no mata-mata. Destaque para o emblema da competição que fica na camisa do seu time.
Também achei bem legal as animações durante as negociações. O seu personagem tem uma conversa em particular com o agente do jogador que você pretende adquirir ou vender, e junto a ele é possível organizar valores e condições do contrato. A maneira com que isso ocorre ajuda a não limitar o modo apenas à navegação de Menu e partidas. Para completar, durante as partidas, Tiago Leifert e Caio Ribeiro dão spoillers sobre as negociações, antecipando a ida de um jogador para seu time, ou anunciando uma saída.
Já o Modo Carreira como Jogador, mantém basicamente o mesmo sistema adotado no Manager. a exceção é que todos os Menus são voltados para o seu jogador, com seus objetivos na temporada, estatísticas das competições disputadas, propostas, etc.
Com a bola rolando, a primeira coisa que fiz foi mudar a câmera para a visão dentro do campo que privilegia meu jogador. Embora em não controle todo o meu time, meus companheiros continuam muito subordinados. independente de quem e aonde esteja com a bola, caso eu acione o pedido de passe, a bola vai em minha direção, mesmo pior posicionado do que outro adversário. Esse é um problema persistente de outras versões e que poderia contar com uma configuração para desativar isso.
De resto, achei o modo bem honesto. Mesmo jogando com um atleta já existente, minha vida não foi fácil, e por muitas vezes tive que ir para o banco na segunda etapa da partida. Recebi boas propostas, e após minha primeira temporada e bons resultados, troquei a Sampdoria pelo Liverpool, mostrando que o trabalho rende frutos.
O fantasma do licenciamento ataca novamente
Poderia ser o nome de um filme B, mas é um drama que nós, brasileiros jogadores de FIFA, vivemos a cada nova versão. Para quem não sabe, o Campeonato Brasileiro é inserido de uma forma genérica, onde apenas 15 clubes da série A participam, ficando de fora Flamengo, Corinthians, Vasco da Gama, São Paulo e Palmeiras, justamente os clubes com parcerias exclusivas com o rival PES.
Até então, todos já sabiam que isso iria acontecer. Pois além dessa exclusividade com a Konami, há também uma briga judicial antiga da EA com diversos jogadores e seus representantes envolvendo questões de licenciamento em versões passada. Sendo assim, todos os times brasileiros contam com elencos genéricos.
Só que este ano, a tragédia se intensifica com a nossa Seleção Brasileira. Por uma falta de acordo com a CFB, o Brasil é composto de atletas genéricos, contando apenas com Neymar de uma forma oficial no elenco. E para completar, as nossas meninas também estão fora do jogo devido ao mesmo problema. Ou seja, Marta, a melhor jogadora de futebol feminino eleita pela FIFA não está no jogo.
Em relação aos times brasileiros, infelizmente, não consigo ver uma luz no fim desse túnel. Me arrisco a dizer que pelo menos nos próximos dois anos ainda teremos que nos contentar com elencos genéricos. Mas deixar de fora uma seleção de prestígio como a nossa é uma tremenda bola fora. E com as nossas meninas é uma covardia ainda maior, é triste ver um dos poucos espaços que elas possuem sendo descartado por conta de uma burocracia ridícula.
Conclusão
FIFA 19 consolida a franquia como uma referência entre os games de esporte. Com uma jogabilidade que agrada, a presença da Champions League, e mudanças em seus modos que ampliam a diversão, o título mantém o posto de melhor jogo de futebol da atualidade.
Entretanto, FIFA 19 aciona um alerta para que a EA reveja seu modelo de lançamentos anuais, já que cada vez menos há justificativas para que seus jogadores invistam em uma nova versão sem tantas novidades de um título que foi lançado a menos de um ano atrás.
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