Acabaram-se as férias, acabou-se o que era doce. Agora é hora de voltar à labuta. Mas o fato é que o faço com prazer: já estava sentindo falta de vocês que, pelo menos espero, também estariam sentindo falta destas mal traçadas.
E vou fazê-lo apresentando um programeto que descobri por acaso e que é um achado.
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Seguinte: dentre meus preclaros leitores, aqueles mais complacentes que acompanham já há algum tempo essas bobagens que há tantos anos escrevo sobre tecnologia, certamente estão familiarizados com meu comportamento compulsivamente obsessivo em tudo o que se refere a segurança de arquivos. Uma obsessão que, diga-se de passagem, tem rendido frutos: em mais de três décadas de uso regular e intensivo de computadores pessoais não me lembro de haver perdido um único arquivo de dados por falta de cópias de segurança.
É verdade que, a partir da versão 8 que incorporou a função “Histórico de arquivos” (Painel de Controle >> Sistema e Segurança >> Histórico de arquivos) e as ferramentas de recuperação do sistema, Windows deu um gigantesco passo avante no que toca à proteção de dados e à execução automática de cópias de segurança. Todos os arquivos gravados nos dispositivos de armazenamento fixos conectados ao computador (discos magnéticos e de estado sólido) estão cobertos com um nível aceitável de proteção.
Restam os arquivos que moram fora do computador.
Sim, porque já há bastante tempo cheguei à conclusão que a melhor forma de manter e preservar arquivos de dados (documentos, arquivos de imagem, vídeo, músicas e quejandas) é armazená-los fora do computador, em um dispositivo de armazenamento ligado à rede (NAS, ou “Network Attached Storage”). E se você acha que isto configura um nível de sofisticação demasiadamente elevado e incompatível com seu computador pessoal, reflita um pouco e verá que não é bem assim.
Hoje em dia, com a disseminação da Internet pela maioria dos lares onde se usa computadores e a proliferação de dispositivos móveis, seja micros tipo “notebook”, seja telefones celulares e tabletes, a utilização de comunicação sem fio entre eles via WiFi se tornou corriqueira.
Moro no Flamengo, um bairro residencial de classe média do Rio de Janeiro. Há alguns anos, quando verificava com meu telefone esperto quantos pontos de presença WiFi havia nas redondezas, aparecia a minha rede mais uma ou duas, e olhe lá. Hoje (acabo de fazer a verificação) aparecem mais de trinta. E notem que o raio de alcance dessas redes domésticas não ultrapassa os trezentos metros. Portanto, quase todo mundo que usa computador tem sua máquina ligada a um “modem” que funciona como ponto de presença WiFi. E praticamente todos eles funcionam também como roteadores. Ou seja: aceitam a conexão via cabo de dispositivos adicionais. Que geralmente são computadores, que formam uma rede doméstica para compartilhar a Internet, mas não obrigatoriamente: podem ser qualquer dispositivo capaz de integrar uma rede. Inclusive um NAS.
Reduzido à sua expressão mais simples, um NAS é um computador que não computa, só armazena arquivos. Suas funções, digamos, computacionais, se resumem ao cerne, ou “miolo”, de um sistema operacional cuja função básica é administrar o sistema de arquivos (cuidado ao pesquisar na Wikipedia: “Nas” é também o nome artístico de um cantor de RAP americano que, indubitavelmente, é muito mais popular que os servidores de arquivos que nos interessam, já que é muito mais fácil encontrar informações sobre o primeiro que sobre o último).
Mas se você achou a explicação sobre o NAS complicada, simplifiquemos ao mínimo: o NAS é uma caixa metálica mais ou menos do tamanho de uma caixa de sapatos de criança no interior da qual há um pequeno conjunto de circuitos que servem para conectá-lo à rede e administrar a troca de arquivos, além de um ou mais discos magnéticos que armazenam estes arquivos.
É caro?
Depende do que você acha caro e do valor que dá a seus arquivos. Nos EUA você pode comprar um NAS “vazio” (ou seja, sem os discos) por menos de sessenta dólares americanos. Acrescente o custo de dois discos magnéticos de um TB (TeraByte
Então, se é caro ou não, depende de seu julgamento, de sua capacidade financeira e do amor que você tem por seus dados. No que me diz respeito, acho o custo benefício tão favorável que há muitos anos uso um NAS de um TB para todos os meus arquivos de dados. E, ultimamente, tenho usado dois, um espelhando o outro.
Exagero?
Nem tanto. Meu NAS é tão antigo que o fabricante já nem mais produz essas unidades, portanto posso citá-lo sem receio de acharem que estou fazendo publicidade: é uma unidade com dois discos de um TB conectados em RAID 1 fabricada pela Iomega, que já há algum tempo abandonou o ramo de dispositivos de armazenamento para redes domésticas.
RAID, ou “Redundant Array of Independent Disks” (arranjo redundante de discos independentes) é uma forma inteligente de se interconectar discos rígidos de modo a criar uma unidade cuja capacidade venha a ser ou a soma da capacidade total dos discos ou, dependendo do arranjo, igual à capacidade de um disco cujos dados são replicados em outro por segurança.
Há diversos tipos de RAID dependendo da forma como são interligados. Minha unidade usa a configuração conhecida por “RAID 1” no qual os discos se espelham, ou seja, um é a cópia exata do outro. Assim, se alguma falha fatal ocorrer com um dos discos, nada se perde já que o outro mantém uma cópia integral do “falecido”.
E lá ia eu muito fagueiro desfrutando da segurança de meu NAS com dois discos espelhados quando, ano passado, não mais que de repente um deles faleceu de morte natural, ou seja, de velhice.
Nada perdi. Nem um único arquivo. Pois o sistema é “inteligente” e quando constatou que um dos discos tinha ido para o brejo, passou a gravar os dados apenas no outro e a emitir seguidos avisos de que os dados estavam correndo risco já que não mais havia espelhamento.
Passei alguns dias aflito, posto que eu precisava comprar uma unidade de disco magnético que fosse compatível com a que permaneceu ativa e, como o NAS era antigo, demorei alguns dias para encontrá-la.
Comprado o disco, eu mesmo efetuei a substituição de acordo com as instruções do fabricante, obtidas via Internet, e voltei a garantir o espelhamento dos dados.
Eu escrevi pouco acima que nada perdi? Mentira: perdi minha inabalável confiança no sistema RAID 1. Só de pensar nos dias em que a segurança de meus arquivos de dados permaneceu dependendo de um único disco magnético – falível, como todo disco magnético – uma sombra de preocupação perpassava minha mente.
Eu precisava de dar um jeito naquilo.
Que jeito?
Bem, se eu desembolsasse uma graninha – mais ou menos quinhentos reais – e comprasse uma segunda unidade NAS idêntica à que eu já tinha, bastava conectá-la a uma saída livre do roteador de minha rede doméstica e nela copiar regularmente os arquivos da primeira. Assim, acontecesse o que acontecesse com uma delas, os arquivos estavam integralmente garantidos na outra.
Tá bom, sei que tem gente achando que isto é um exagero. Mas o que eu chamo de “meus arquivos de dados” corresponde a mais de trinta anos de acúmulo de material que vai desde memoriais de cálculo e descritivos de projetos de engenharia até centenas de milhares de fotografias (sem exagero), além de mais de vinte e cinco anos de colunas semanais e suas ilustrações publicadas nos mais variados veículos de comunicação. E não guardo tudo isso por puro prazer, guardo porque preciso. Volta e meia me vejo consultando um arquivo ou imagem de mais de dez anos ou remexendo nas memórias de projetos em busca deste ou daquele procedimento de dimensionamento.
Em suma: feitos os cálculos, achei que o custo benefício era favorável. E adquiri uma nova unidade NAS, quase idêntica à primeira.
Conectei-a a uma saída livre do meu roteador e, laboriosamente, usando o Explorador de Arquivos (o novo nome do Windows Explorer) copiei tudo o que havia no NAS antigo para o novo.
E aí me vi diante de um problema novo e desafiador: como manter aquele emaranhado de pastas, que em alguns casos se espalhavam por quatro ou cinco níveis hierárquicos, permanentemente sincronizados?
Em menos de uma semana descobri que na força bruta era impossível. E que se eu continuasse tentando, acabaria provocando o chamado “efeito perverso”, aquele que ocorre quando o resultado é exatamente o que se queria evitar: perda de arquivos.
Eu precisava da ajuda de um software. Um programa que me ajudasse a manter sincronizados algumas centenas de GB (GigaBytes) de arquivos. E que não fosse um simples programa de cópias de segurança (“backup”), pois estes geralmente comprimem os arquivos para economizar espaço de armazenamento no destino e usam formatos de arquivos proprietários.
Eu queria um programa que mantivesse cópias exatas dos arquivos, que fosse capaz de ser programado para rodar automaticamente em intervalos regulares e que se encarregasse de descobrir quais arquivos deveriam ser copiados (apenas os novos e os modificados desde a sincronização anterior).
Deve haver muitos destes por aí. Mas tive sorte de encontrar um que fazia exatamente o que eu precisava – e alguma coisa a mais – logo na primeira tentativa.
Falaremos sobre ele na próxima coluna.
Até lá
B. Piropo
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