A realidade dos carros elétricos ainda está um tanto quanto distante no Brasil. Lá fora, a estimativa é de que, em 2017, dois milhões de veículos elétricos estivessem em circulação ao redor do mundo. No mesmo ano, porém, apenas 3.278 carros híbridos aqueles elétricos, mas com opção de rodar com gasolina, foram emplacados por aqui. Mas a expectativa pelo menos é boa: um estudo da FGV aponta que há potencial de fazer esse número crescer para 150 mil unidades comercializadas todos os anos. E em 2030, a perspectiva é de que a frota brasileira chegue a 5 milhões de automóveis movidos a eletricidade.

Esse potencial todo chama a atenção de empresas de fora, que aos poucos vêm trazendo seus modelos elétricos ou híbridos para cá. Caso da Toyota com o Prius, da Chevrolet com o Bolt e da Nissan com o Leaf. Mas não são só nomes de fora que se interessam por esse possível crescimento: há também iniciativas locais, que inclusive estão muito bem encaminhadas. Como startup catarinense Mobilis e seu compacto Li – de lítio, o material que é a base das baterias que movem esses automóveis e também abastecem smartphones.

Com cara de projeto conceito, o carrinho foi exibido pela primeira vez em 2017, durante uma Campus Party. Era um protótipo já funcional, mas que também parecia ainda distante de se tornar realidade. Só parecia. Neste ano, a empresa conseguiu vender suas duas primeiras unidades finalizadas do carro – e ainda tem mais oito encomendadas, todas por outras companhias. E a expectativa é de notícias ainda melhores para 2019.

O objetivo para o ano que vem, segundo um dos fundadores da empresa, é negociar mais unidades e ainda lançar uma segunda versão do Li. A existente hoje, sem portas e menos potente, é voltada para condomínios e outros ambientes controlados. Ela não é exatamente confortável de se dirigir, mas cumpre o que promete. É um veículo de resposta ágil e incrivelmente fácil de se dirigir. Basta passar um cartão no painel para ligar e definir, com as setas para cima ou para baixo, se é para ele ir para frente ou para trás.

A outra versão, que se encontra em homologação e deve sair no ano que vem, é focada nas ruas. Ela tem, além de duas portas e da tampa na traseira, outros itens de segurança necessários para que o carro possa circular pelas avenidas de uma cidade. Ele mantém a simplicidade do modelo básico por dentro, sendo fácil de ligar e dirigir. Afinal, é esse o objetivo da startup desde o começo: fazer um carro elétrico que supra as necessidades básicas do motorista brasileiro no dia a dia. Ou seja, um veículo com autonomia suficiente para um trajeto curto, entre casa e trabalho, e com espaço para o motorista e um passageiro ao lado.

O Li para as ruas é capaz de andar 100 quilômetros com uma carga, que leva uma média de uma hora e meia para ser completa. O carro pode ser plugado em uma tomada de 110 ou 220 volts e tem velocidade máxima de 100 Km por hora. A versão finalizada dela ainda roda um sistema baseado em Android na tela de seu painel, o que abre espaço para a inclusão de aplicativos, como um de música, e até mesmo recursos inteligentes. A Mobilis inclusive garante que consegue monitorar a situação das peças dos veículos remotamente, para assim avaliar carros que eventualmente apresentarem defeitos.

O modelo básico do Li já está à venda e custa 54.500 reais. Soa caro, mas ainda é mais em conta do que um rival direto, o Renault Twizy, que, importado, sai por mais de 60.000 reais. Já no caso da versão completa, para as ruas, o Li sai por quase 66.000 reais. É um valor alto, mas ainda assim bem mais em conta do que um Smart For Two elétrico e seus 120 mil reais.

Com o preço definido e a perspectiva de homologação para o ano que vem, só resta saber se a Mobilis vai conseguir aumentar a produção do carr

... o. Hoje, a empresa monta os carros em um processo quase artesanal, levando semanas para concluir o encaixe das cerca de 120 peças que compõem o Li. No entanto, a startup calcula que suas micro-fábricas poderão fazer um carro por dia com apenas dois operadores atuando e com pouca automação. O futuro, portanto, é promissor – ao menos na expectativa. 
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