FIFA 20 é o novo game da franquia de futebol da EA para PS4, Xbox One, Nintendo Switch e PC. O jogo aposta no novo modo Volta, que remete ao popular FIFA Street, além de melhorias na jogabilidade e gráficos, e muitas novidades em seu principal carro-chefe: o Ultimate Team. Confira o review completo do game.
Jogabilidade mais leve com mudanças pontuais
Já é de praxe que a jogabilidade de FIFA mude a cada ano. E também é de praxe que essas mudanças fiquem cada vez mais limitadas, fazendo com que sejam bem pontuais, nada muito drástico. Bom para os familiarizados com a mecânica, e ruim para quem não se sentiu nada satisfeito com o que foi feito em FIFA 19.
A maior delas diz respeito a grande protagonista das partidas: a bola. Ela está mais viva em FIFA 20, com uma física melhor aplicada, desde o seu contato com a grama, que rende até pequenos quiques de acordo com o estado do campo, ou um uma mudança drástica de trajetória de acordo com o impacto da mesma contra o corpo de algum jogador.
Isso também se reflete nos chutes e passes, que agora também exigem uma precisão maior do jogador para que eles tenham mais efetividade. Em outras palavras, não basta apenas apertar o botão e esperar a bola ser direcionada para o atleta com a melhor posição, agora você deve direcionar da forma mais assertiva possível para que ela tenha o destino desejado. Com os chutes a mecânica é parecida, com a diferença do atributo de Finalização sendo um fator determinante para a conclusão. Portanto, jogador com essa característica baixa, tem grandes chances de errar o seu chuta a gol, independente do seu direcionamento.
Sobre a movimentação, particularmente achei o jogo mais leve e fiquei com a sensação de um campo maior. As jogadas de linha de funda deixam isso de uma forma mais clara, fazendo com que aquele para "um dois" que era a grande solução para passar por laterais defensivos, seja trocado por um drible ou uma jogada de velocidade. E sobre essa velocidade, o atributo de mesmo nome se tornou mais preciso. Em FIFA 20 serão muitos os momentos onde você verá um adversário mais rápido abrindo uma larga vantagem do seu zagueiro lento, mesmo que ele esteja conduzindo a bola.
E a respeito dos dribles, eles também são executados de uma forma mais leve, ou seja, mais ágil. Também exigem que o jogador tenha um conjunto de atributos para que o movimento seja executado com mais precisão, portanto, ainda não é nesse FIFA que seu zagueiro vai conseguir executar uma lambreta humilhante no atacante adversário.
Já o tão criticado Sistema de Defesa Manual mostra-se mais evoluído e eficiente. Em relação a mecânica de execução, ainda é preciso que você tenha o tempo certo para apertar o botão e fazer com que seu atleta tente tomar a bola do adversário. A diferença é uma melhoria na execução do mesmo. Em outras palavras, o defensor tem mais força e precisão para tirar a bola do oponente, melhorando o que em FIFA 19 rendia muitas reclamações: botes na bola pouco eficientes.
As cobranças de faltas e pênaltis também tiveram mudanças, dessa vez bem drásticas. Agora, é preciso posicionar uma espécie de alvo na hora de cobrar, e em seguida, posicionar o direcional para aplicar um efeito de curva (para os lados ou para cima e para baixo). Embora complexo demais no início, com (muita) prática é possível pegar a manha e perceber que a nova mecânica ficou melhor do que a loteria de chutes que era até FIFA 19.
E por fim, o posicionamento de atletas que não são controlados por você também está mais eficiente. Agora seu time busca sempre diminuir o espaço dos adversários na defesa, dar opções de passe no meio camopo, e um melhor posicionamento rumo ao gol no ataque. Claro que ainda é possível deixá-lo atuando mais de acordo com seu gosto nas opções de configuração antes da partida, o que fica ainda melhor com a atual eficiência dos seus companheiros virtuais.
Novidades agregam o Ultimate Team
O modo mais famoso da franquia também recebeu mudanças pontuais. Mantendo o excelente trabalho feito desde FIFA 18, FUT ainda traz boa parte de seus tipos de jogo e atividades, como Squad Battles, Desafio de Montagem e Elenco, Draft e Rivals. Esse por sua vez continua sendo a porta de entrada para quem busca uma vaga em torneios presenciais de FIFA 20.
A novidade é um sistema de Temporadas implementado no Ultimate Team. Ele funciona como em outros jogos, como Fortnite, exigindo que o jogador realize tarefas para conquistar Pontos de Experiência. Estes por sua vez fazem com que você evolua de nível, ganhando uma recompensa a cada degrau conquistado. A primeira já está em andamento e tem duração de cerca de 50 dias, trazendo entre os prêmios, cartas de personalização, moeda e craques especiais. Achei a inclusão uma excelente alternativa para instigar o jogador a sempre estar ativo no jogo, resta saber o quanto as futuras Temporadas irão durar.
Outro novidade são os Amistosos. Neles, você pode jogar contra seus amigos em partidas sem ranqueamento e com algumas regras alteradas, como ter que ficar um certo tempo em um quadrado destacado no campo para seu gol valer por até três, ou trocar de jogadores com seu adversário. São eles:
- Partida Clássica - Amistoso normal com regra originais sem modificações.
- Controle de Campo - É preciso disputar a posse da bola dentro da zona de controle para aumentar a sua pontuação de gols.
- Bola Surpresa - Toda vez que a bola sai, ela pode voltar com um impulso de uma determinada força para o time que ataca
- Trocas - Três jogadores do seu time serão trocados com outros três do time adversário. Caso um deles faça gol, vale por dois
- Entrosamento máximo - Todo jogador do seu time terá o entrosamento no máximo
- Cabeceios e Voleios - Só serão contabilizados os gols de cabeça ou voleio, além dos que forem feitos de cobranças de falta e pênaltis.
- Sobrevivência - Quando um gol é marcado, um jogador aleatório do time que marcou é expulso da partida.
- De Fora Vale 2 - Todo gol marcado de fora da área vale como dois
- Vale Tudo - Partida sem regras de impedimento, faltas e cartões.
Particularmente achei o modo até divertido, mas você enjoa com rapidez. Além de muitos não serem tão divertidos, a ausência de prêmios exclusivos faz com que a atenção do jogador continue voltada para o Squad Battles ou o Rivals.
O que também mudou foram os menus de seleção dos jogadores do seu elenco. Agora há um círculo de opções que funcionam como atalhos para realizar uma tarefa relacionada ao mesmo. Embora eficiente, a mudança acabou gerando outra complicação: mais lentidão na hora de organizar o seu time como um todo, uma vez que você precisa ter que ir de um em um para trocar os atletas titulares ou reservas.
E por fim, agora há também a possibilidade de personalizar novos elementos do seu time, como Mosaico 3D, Comemoração e Tema do Estádio. Eles não são vendidos no Mercado de Transferências, mas podem ser conquistados realizando tarefas na Temporada ou em futuros eventos promovidos pelo modo. Por mais curiosos que sejam, achei desnecessários, e serão poucos que irão se inflamar em busca de itens como esses.
Modo Volta: uma mescla de FIFA Street com o Indoor de FIFA 97
Desde quando o último FIFA Street foi lançado em 2012, milhões de jogadores clamam por uma sequência do game que misturava futebol e muita habilidade com a bola. A solução para a EA foi inserir o game dentro de seu FIFA numérico, o que acabou sendo mais uma forma de justificar a compra de um jogo que sai todo ano sem novidades tão gritantes.
E por mais que pareça simples, Volta tem jeitão de um game completo. Ele já inicia com um <odo Carreira muito parecido com A Jornada, que ficou famoso nos últimos três títulos da franquia. Nele, você pode personalizar o seu jogador e tem o objetivo de fazer com que ele seja um craque das quadras ao redor do mundo.
Por mais que a história seja divertida e até entretenha, achei um tanto forçada em alguns momentos, e o excesso de diálogos vazio chega a incomodar. Se não bastasse, o modo tem um sistema de "checkpoint" em que cada derrota sua em um torneio te obriga a joga-lo desde o início. Ou seja, em um campeonato de seis partidas, caso você perca a quinta, é preciso jogar tudo de novo até finalmente vencer seis em seguida. Não preciso nem dizer o quanto isso contribui para que jogadores desistam dessa história rapidamente.
Falando do modo em si, é de longe a coisa mais genial que puseram em um FIFA recentemente. Além de ser divertido demais disputar partidas de 3 contra 3 ou 4 contra 4 sem goleiro, o Futsal é uma deliciosa viagem no tempo para jogadores mais antigo como eu. É impossível não se recordar das clássicas partidas Indoor de FIFA 97 e 98, que curiosamente deixaram de aparecer em outras versões, mesmo sendo aclamadas por seus fãs.
Entretanto, o modo deixa a desejar justamente por aquilo que deveria ser um de seus pontos altos: a variedade de jogadores e jogadoras. Em toda campanha de marketing do Volta, a EA fez questão de destacar a inclusão que o modo traria. Ok, essa foi uma bola dentro da empresa e é realmente gratificante ver jogadores juntos independente de sexo, na mesma partida, mas a forma com que eles deveriam ser randomizados não funciona, o que resulta em partida cujos times possuem as mesmas jogadoras e jogadores. Isso confunde ao ponto de você perder partidas diante da confusão em descobrir qual é seu atleta e qual é o adversário.
A única solução encontrada foi perder um bom tempo personalizando cada atleta do meu time, de modo que que saberia que não iria encontrar seu clone do outro lado do campo. Esse personalização sim traz um amplo leque de opções, desde cortes de cabelo até roupas exóticas para serem usadas nas partidas. Resta saber se em futuras atualizações os clones serão extinguidos do Volta.
Visual sem grandes evoluções
O visual de FIFA 20 é outro elemento que traz menos mudanças a cada nova versão. Em uma comparação com o título anterior, é possível notar elementos externos do estádio ainda mais reais, como arquibancada, torcedores, placas de publicidade, técnicos, reservas, etc. Entretanto, quando comparado a outros jogos, como o 'rival' PES, FIFA ainda precisa melhorar muito nesse quesito.
Já a caracterização dos jogadores segue a mesma linha adotada nos últimos anos: os mais famosos recebem um cuidado mais que especial, e a qualidade cai de acordo com esse nível de importância. Achei que a evolução de um jogo para outro dessa vez foi menor, ou seja, não vi um impacto tão grande em relação a FIFA 19, como por exemplo, foi do 18 para o 19.
Por fim, as animações, que aparecem em excesso no Modo Volta, também deixam a desejar. Os personagens são carentes de detalhes e algumas expressões faciais não condizem com os diálogos. Fica a impressão que FIFA 20 pode ser o limite da EA para a atual geração de consoles em relação à parte gráfica. Com a proximidade de PS5 e o Novo Xbox - que devem chegar no fim do próximo ano - não me surpreenderia em saber que a empresa já trabalha com uma engine nova e que esse pode ter sido a última evolução visual para PS4 e Xbox one.
Times e seleções genéricas viraram rotina
Um ponto sempre polêmico em FIFA é relacionado às licenças de clubes e seleções. Assim como os títulos anteriores, o jogo não conta com times brasileiros e seus elencos originais, o mesmo vale para a Seleção Brasileira feminina e masculina - essa última apenas com Neymar como jogador real no time.
E se não bastasse, esse ano a EA ainda perdeu os direitos de um dos maiores times do mundo: a Juventus. A equipe italiana assinou um contrato de exclusividade com a Konami, o que fez com que FIFA 20 apresentasse o clube de uma forma genérica, com o nome de Piemonte Calcio. Curiosamente, a EA possui os direitos da Champions League, torneio que a Juventus faz parte, mas que acaba sendo representada de uma forma não oficial. Outros times também sofrem do mesmo problema, como Boca Junior que se chama Buenos Aires.
Por mais que o torcedor se revolte, é um problema complexo demais para ser solucionado rapidamente, principalmente pelo lado da EA. Para quem não sabe, a empresa ainda se encontra em meio a problemas de licenciamentos passados de jogadores brasileiros. O jeito é perder um tempo e montar a sua seleção com os melhores craques brasileiros na opção de Editar Times, ou usar os uniformes oficiais em modos como Carreira e Ultimate Team.
Modo Carreira sem evoluções
O Modo Carreira também entra na moda das modificações pontuais e chega sem novidades alarmantes. Na opção de jogar como técnico ou técnica, há a possibilidade de editar o personagem e deixa-lo com a aparência que quiser, uma vez que esse personagem tem uma presença maior no que diz respeito a aparições, pois toda partida há coletivas onde é preciso comentar a atuação de alguns atletas.
Isso chama para um elemento inovador do modo: a Moral do Elenco. Ela funciona de forma parecida com o Entrosamento do Ultimate Team, com a diferença que é preciso saber balancear seus jogadores em relação a oportunidade de outros pedidos. E acredite, eles são chatos demais em relação a isso, com inúmeras mensagens implorando por uma chance ou simplesmente mostrando sua insatisfação na equipe.
Em relação a compra e venda de jogadores, achei a mecânica de resultados mais suave, o que fez com que as negociações não sejam tão complexas e burocráticas. Em outras palavras, para contratar um determinado jogador, basta chegar a um consenso sobre o que ele quer e o que você pode dar, nada de outras barreiras, como posição do time no campeonato, etc.
E atuando no Modo Carreira como Jogador, achei tudo muito parecido com FIFA 19. Não que isso seja ruim, até porque o vejo como o mais consolidado da franquia, ou seja, o que menos precisa de mudanças. Mas alguns probleminhas ainda persistem, como a importância que seu time tem com seu atleta, ao ponto de um jogador cara a cara com o goleiro dar um passe para trás caso você solicite, e a queda de frames por segundo na visão em terceira pessoa, fazendo com que seja impossível disputar um campeonato inteiro naquela câmera.
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