O Galaxy Note 20 Ultra desembarca no Brasil com preço sugerido de R$ 7.999. O celular Samsung traz ficha técnica poderosa e muita responsabilidade, já que tradicionalmente é concebido para usuários que demandam muito do smartphone. Entre as especificações, destaque para a memória RAM de 12 GB e para o novo conjunto de câmeras. Eu testei o Note 20 Ultra por algumas semanas e te conto agora como foi a experiência – e se vale a pena desembolsar o valor alto pedido pelos sul-coreanos.

Vale lembrar que usei a versão Ultra, mais parruda, mas também há no mercado o Galaxy Note 20 tradicional pelo preço sugerido de R$ 6.499. Ambos são excelentes telefones, mas não há dúvidas de que o modelo mais avançado tem desempenho lá na frente.

Câmera poderosa

Talvez seja o recurso mais analisado pelos consumidores na hora de escolher um novo celular. E por isso mesmo, é importante dizer que a câmera do Galaxy Note 20 Ultra não decepciona em praticamente nenhum cenário. Os registros costumam ser belos, fiéis à realidade, e o aplicativo nativo de câmera está descomplicado – ótimo para o usuário que deseja simplesmente apontar o telefone e fazer fotos.

A câmera wide (principal) de 108 MP (f/1.8) põe no chinelo as especificações vistas em outros smartphones à venda no Brasil. Este número gigantesco de megapixels se traduz em imagens mais bem definidas, e com maior possibilidade de zoom.

Como megapixel não é tudo numa câmera, posso te dizer que o componente também é veloz e costuma acertar o foco de primeira. Houve momentos em que nem sequer foi preciso ativar o modo retrato por software, pois a própria distância focal da câmera principal já deixava o fundo levemente embaçado, conferindo um visual sofisticado para as imagens.

A inteligência artificial embutida no aplicativo nativo de câmera também faz bonito ao perceber diversas situações do cotidiano e ajustar automaticamente contraste, exposição, ISO e outros atributos.

Na sequência, temos a câmera teleobjetiva periscópica de 12 MP (f/3.0) utilizada para se aproximar do objeto ou da pessoa sem perder qualidade. Ela possibilita, por exemplo, os retratos com efeito bokeh. Costumam ser momentos muito belos, porém com o característico pós-processamento da Samsung. Nem todo mundo gosta daquele efeito aquarelado, mas hoje em dia é bem menos acentuado do que no passado.

Aqui vale uma nota: muitos consumidores testaram smartphones Samsung de quatro, talvez cinco anos atrás, e acreditam que os telefones ainda produzem imagens em que as pessoas se tornam verdadeiros bonecos de cera. Isso não procede. O próprio modo embelezamento pode ser desativado com dois ou três toques. Puro preconceito.

Chama atenção a promessa de “zoom de super resolução” de 50x, de acordo com o comercial da empresa. Balela. A tecnologia de câmera combina zoom ótico e zoom digital para trazer para perto um objeto, pessoa ou detalhe do cenário que esteja distante, mas não nesta intensidade toda. No meu uso, as melhores imagens foram aquelas com zoom entre 20x e 30x.

Tira o mérito do smartphone? Nem por um segundo. O sucessor do Galaxy Note 10 Plus é absolutamente competente no zoom para, por exemplo, ver de pertinho os detalhes de um casal de corujas buraqueiras sem perturbá-lo ao chegar perto do ninho nem incomodar os filhotes. Só não cumpre os 50x prometidos pela fabricante. Vale lembrar que o iPhone 11 Pro Max (Apple) não chega nem a 5x sem perder qualidade de imagem.

A câmera principal se sai muito melhor do que a teleobjetiva em condições de baixa luminosidade. Fotografar a lua com zoom, por exemplo, continua sendo uma dor de cabeça. Mesmo com um telefone poderoso, ainda é recomendável procurar uma DSLR ou fixá-lo num tripé e aumentar o tempo de exposição. Quem seguir esta cartilha também terá bons registros.

A câmera ultra

... wide de 12 MP (f/2.2) segue com a proposta de pegar uma parcela maior da paisagem ou incluir mais amigos na foto. A Samsung acerta neste componente há anos, então cabe aqui dizer que continua sendo um recurso bem-vindo e bem explorado pelos usuários.

O Note 20 Ultra traz melhorias importantes no que diz respeito a uso profissional. O aplicativo de câmera conta com modos manuais repletos de ajustes que os amantes de fotografia vão aproveitar bastante. No caso do vídeo, agora também é possível capturar clipes em resolução 8K a 24 quadros por segundo.

O sistema de captura de áudio deixa escolher qual microfone será usado – entre frontal, traseiro, omni ou Bluetooth. Infelizmente, esta função só está disponível ao gravar com a câmera traseira. É um engano que os engenheiros da Samsung precisam corrigir, pois muitos criadores de conteúdo (eu incluso) preferem gravar diretamente com a câmera frontal para ter um monitor de fácil acesso do que está enquadrado no vídeo.

Além disso, deixo um spoiler do Galaxy Buds Live, que também está em teste aqui no TechTudo. A gravação de áudio dele em conjunto com o Note 20 Ultra não foi das melhores. Parecia a acústica de um banheiro. O fone de ouvido recém-lançado tem outras qualidades, como o som e a bateria, mas não a captação de áudio.

Pulemos para a câmera frontal de 10 MP (f/2.2). Ao menos nas especificações, nada mudou em relação à câmera do Galaxy Note 10 Plus, lançamento de 2019. Trata-se de um componente que atende bem às necessidades do cotidiano, com bons registros, cores fiéis e equilibradas. Já o modo retrato nem sempre acerta de primeira.

Foi com a frontal, num ambiente bastante escuro, que fiz esta foto num momento de descanso durante a quarentena. É bem verdade que há certo ruído na imagem, mas, ainda assim, virou uma das postagens mais curtidas do meu Instagram.

Tela impecável de 6,9 polegadas

O Galaxy Note 20 Ultra oferece tela graúda, de 6,9 polegadas com painel AMOLED Dinâmico 2X e resolução de 3088 × 1440 pixels (Quad HD+). Trata-se de uma segmentação do OLED (embora a Samsung não admita) com direito a contraste absurdo. Ou seja, em cenas escuras, realmente os pixels ficam apagados. No entanto, nenhuma novidade neste quesito: faz anos que os sul-coreanos mandam bem em tecnologia de tela.

Aqui eu quero destacar a nova taxa de atualização de 120 Hz. Isso significa que a tela pode se modificar até 120 vezes num único segundo. Isso praticamente não faz diferença ao assistir vídeos, mas dá muito mais fluidez ao navegar por páginas da internet ou aplicativos.

Sabe quando você passa o dedo de baixo para cima e rola o conteúdo? Nesta hora o sistema Android 10 gera uma animação. Os 120 Hz fazem com que ela seja mais fluida.

Houve avanço considerável em relação à tela de 60 Hz do Galaxy Note 10 e mesmo do Galaxy Note 20, o irmão pobre do modelo Ultra.

No entanto, toda esta fluidez tem um preço: bateria. Percebi que o recurso gasta consideravelmente mais energia, conforme vou relatar mais abaixo. Os consumidores que perceberem que o Note 20 Ultra não está dando conta de um dia inteiro de trabalho deveriam desativar a funcionalidade diretamente nos ajustes de sistema.

Não me entenda errado: esta tecnologia é um show para os olhos. Mas não há magia que a faça usar o mesmo tanto de energia que uma tela de 60 Hz.

Bateria deixa a desejar

O Galaxy Note 20 Ultra aguenta um dia inteiro longe da tomada? Muita gente deve estar se fazendo essa pergunta, um dos fatores mais determinantes na hora de escolher um telefone. Minha resposta: depende. Eu fiz três testes distintos de bateria, para que você tenha a real noção de como seria o desempenho no seu cotidiano.

O primeiro teste considera o celular com todos os ajustes no automático, inclusive brilho, Wi-Fi etc. O Note 20 Ultra saiu da tomada às 07h05 e zerou a bateria 17h30 – quase dez horas e 30 minutos longe da tomada. Durante este período foram utilizadas redes sociais durante uma hora, além de apps de mensagem, apps de email e navegação na internet. Também tivemos uma sessão de 30 minutos de streaming via Netflix.

Achei pouco. Esperava mais de um smartphone de ponta com bateria de 4.500 mAh. Foi nesta hora que me toquei da taxa de atualização. Por usar muito o telefone, o sistema bebe muita energia neste modo.

Decidi refazer o teste, desta vez com a tela ajustada para taxa de atualização de 60 Hz. O smartphone saiu da tomada às 08h53 e zerou a bateria à 00h20. Ou seja, pouco menos que 15 horas – com a mesma rotina previamente relatada.

O terceiro teste envolveu dar play na Netflix com brilho no máximo e ver quanto tempo o smartphone ficaria ligado. Ele saiu da tomada às 09h15 e descarregou por completo às 21h42, um saldo de pouco mais de 12 horas.

Ou seja: o Galaxy Note 20 Ultra te acompanha bem num dia de trabalho, desde que esteja com a tela em 60 Hz. A taxa de atualização de 120 Hz arruinou a bateria – justamente num dos pontos mais bacanas de ter um celular moderno em 2020.

A recarga rápida está presente. O telefone pula de 0% para 60% em cerca de 35 minutos e alcança 100% com uma hora e 20 minutos na tomada. É normal que a recarga comece mais rápida e fique mais lenta conforme vai chegando perto dos 100%.

Há recarga sem fio e recarga reversa, o famoso Wireless PowerShare, em que o Galaxy repassa energia para outros aparelhos compatíveis.

S Pen com mais funções

Reparou que o segmento sobre a caneta eletrônica S Pen está bem perto do fim da análise? Por ser jornalista e digitar muito, este recurso acaba não entrando na minha rotina habitual. De toda forma, por dever de ofício, eu me forcei a usar a S Pen e me surpreendi com os recursos de uso manuscrito. A Samsung reduziu drasticamente a latência entre tocar no vidro que compõe o display e o traço aparecer no display. Fica mais cômodo para os usuários efusivos desta tecnologia.

O app de anotações manuscritas consegue converter o texto rabiscado em texto digital com grande eficiência – a menos que você tenha a famosa letra de médico –, e também é capaz até mesmo retificar as palavras.

Me diverti brincando com os novos gestos à la Harry Potter. Dá para fazer um "V" deitado e retornar à página anterior, por exemplo, ou criar um GIF animado. São perfumarias interessantes que alguns nichos de consumidores podem até adotar, mas que provavelmente serão esquecidas pela maioria dos usuários após alguns dias.

Ao menos o disparo de fotos e o controle de música continuam sendo super úteis. Lembra da minha foto na rede? Acredite se quiser, mas eu usei a S Pen para disparar o obturador e fazer o registro. Já o Spotify ganhou um verdadeiro controle remoto, pois levei o celular para a praia (olá, proteção IP68), deixei-o protegido dentro da bolsa, mas dei uma de DJ só com o acessório junto de mim – tudo por Bluetooth 5.0.

O aplicativo Samsung Notes foi reformulado. Está mais inteligente e até sincroniza com o Microsoft OneNote. No entanto, não há previsão de lançamento da versão para Mac. É uma pena, pois a Samsung abandona um grupo de profissionais altamente qualificados que poderiam tirar proveito dos recursos criativos da linha Note.

Veja também: 5 coisas que você precisa conhecer no Android 10

Desempenho de primeira

A versão do Note 20 Ultra na maioria dos países – inclusive o Brasil – tem processador Exynos 990, um chip de oito núcleos fabricado pela própria Samsung com velocidade máxima de 2,7 GHz. Ele rodou os principais navegadores, apps de mensagem, redes sociais, apps de podcast, apps de vídeo, assim como joguinhos, sem decepcionar.

Um antigo gargalo do Android era a troca rápida de um app por outro, quando você está fazendo uma coisa e deseja consultar algo que esteve aberto recentemente. Isto também ocorreu sem dificuldades, em parte graças à memória RAM de 12 GB.

Realmente não há apontamentos negativos a serem feitos sobre a performance do Note 20 Ultra. O modelo é vendido no Brasil com memória de 256 GB e entrada para cartão microSD de até 1 TB. Este espaço é híbrido, podendo ser usado também para um segundo SIM card.

Tal qual ocorreu no ano passado, o Note 20 Ultra não tem entrada para áudio analógico de 3,5 mm – o famoso P2.

O nome oficial do modelo é Galaxy Note 20 Ultra 5G porque a Samsung já embute as tecnologias de internet de quinta geração nos modelos mais recentes. Ainda assim, vale lembrar que no Brasil não existe internet 5G. No máximo, o que temos é um pré-5G (também chamado de 5G DSS, o que pode gerar confusão). O gerente de produto Renato Citrini, da Samsung, explica que o Note 20 Ultra vendido aqui “estará preparado” para funcionar com 5G brasileiro no futuro. Quando? Só o governo federal pode dizer.

Vale a pena comprar o Galaxy Note 20 Ultra?

Telona, câmera competente, sistema de som igualmente bom, canetinha eletrônica. Este é o resumo do novo Galaxy Note. O smartphone não decepciona nos quesitos principais e ainda nada de braçada na questão do zoom – em especial em ambientes com boa luminosidade. Seu design também está refinado, com tela de cantos arredondados, e um toque de sofisticação no acabamento batizado de bronze místico.

O modelo fica devendo em bateria, principalmente se estiver com a tela habilitada em 120 Hz. Sem sombra de dúvida, estamos falando de um dos smartphones mais poderosos do mercado. Até quem não usa tanto assim a S Pen tem nele um porto seguro de desempenho entre os modelos superpremium.

Resumo da ópera: a compra vale a pena ao considerar todos os elementos técnicos. Melhor ainda se o consumidor encontrar algum desconto, conforme temos visto no site oficial e em algumas operadoras de telefonia.

Ficha técnica do Galaxy Note 20 Ultra 5G

  • Tamanho da tela: 6,9 polegadas
  • Resolução da tela: Quad HD+ (3088 × 1440 pixels)
  • Painel da tela: AMOLED Dinâmico 2X
  • Câmera traseira: tripla – principal de 108 MP (f/1.8), ultra wide de 12 MP (f/2.2) e teleobjetiva de 12 MP (f/3.0)
  • Câmera frontal (selfie): 10 MP (f/2.2)
  • Sistema: Android 10
  • Processador: Exynos 990 (octa-core de até 2,7 GHz)
  • Memória RAM: 12 GB
  • Armazenamento (memória interna): 256 GB
  • Cartão de memória: sim, microSD de até 1 TB
  • Capacidade da bateria: 4.500 mAh
  • Telefonia: Dual SIM (nano SIM)
  • Dimensões: 164,8 x 77,2 x 8,1 mm
  • Peso: 208 g
  • Cores: Mystic Bronze (bronze), Mystic Black (preto) e Mystic White (branco)
  • Início das vendas no Brasil: setembro de 2020
  • Preço de lançamento: R$ 7.999


>>> Veja o artigo completo no TechTudo