Guarde bem estes dois termos: “Internet das Coisas” e “Computação Cognitiva”. Nos próximos anos, você vai ouvir falar mais e mais deles. Internet das Coisas, ou IoT, é a tendência tecnológica de mais e mais objetos do nosso dia a dia (carros, geladeira, lâmpadas) terem conexão com a Internet para trocar dados entre si e se moldar ao nosso comportamento. A IoT foi o tema central do Fórum Internacional do Software Livre, evento de tecnologia livre que ocorreu de 13 a 16 de julho em Porto Alegre, e teve diversas palestras e atividades ao seu respeito.
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“Computação cognitiva”, termo menos conhecido, foi apresentado à audiência na palestra de Antônio Carlos Navarro, gerente de produtos da IBM. Trata-se de uma ideia antiga, mas que só agora se tornou possível: computadores que pensam como humanos e aprendem tambem, como humanos.
Máquinas que aprendem
A computação cognitiva é a habilidade das máquinas aprenderem sozinhas, através de tentativa e erro. Nas gerações anteriores de computadores, as máquinas precisavam ser programadas para entender novas informações, mas uma máquina cognitiva pode fazer isso por conta própria, da mesma maneira que um humano faz. Se um software não-cognitivo se depara com uma gíria nova, ele não saberá o que ela significa; já um computador cognitivo conseguirá compreendê-la ao analisar o conteúdo de textos (como posts em redes sociais) onde ela foi utilizada.
O Watson, supercomputador cognitivo criado pela IBM em 2010, consegue analisar bancos de dados gigantescos com linguagem desestruturada (ou seja, linguagem coloquial, que humanos usam) e aprender coisas novas sozinho, sem precisar de programação. Por isso, ele é perfeito para analisar o enorme volume de informação da Internet das Coisas.
“A IoT extrai um grande volume de dados que mostram o comportamento do usuário e permitem um atendimento personalizado”, diz Navarro.
“Mas, ter muita informação sem saber como extraí-la não faz sentido”, aponta. Com a computação cognitiva, o computador pode varrer bancos gigantescos de informação desestruturada e sintetizar uma informação coerente.
Navarro dá alguns exemplos: um computador cognitivo pode acessar bancos de dados acadêmicos, aprender tudo sobre os mais modernos tratamentos contra o câncer e receitar tratamento personalizado para um paciente, de acordo com seus sintomas.
“A decisão de qual tratamento usar ainda é do médico, porém baseada em mais informação do que ele tinha antes”, explica Navarro.
Mesmo assim, terceirizar o diagnóstico para um computador pode ser perigoso, não? Navarro discorda. “As pessoas têm problemas emocionais, podem ficar nervosas ao tomar uma decisão. A máquina, não”, pondera.
Aplicativos já utilizam software cognitivo
Se você acha que esses computadores pensantes vão demorar para invadir o nosso dia-a-dia, pense novamente: diversas empresas já começaram a desenvolver serviços baseados nessa tecnologia.
O Banco Santander, por exemplo, usa um computador treinado para prestar atendimento ao cliente. É um sistema mais refinado do que as gerações anteriores de chats com respostas automáticas (os famosos bots): o computador cognitivo aprende mais da linguagem natural dos humanos a cada atendimento. O modo de falar, o significado de algumas expressões, gírias – tudo é assimilado com a prática.
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