Valkyria Revolution é o novo game da SEGA, que faz parte da série “Valkyria Chronicles”, mas que muda um pouco de estilo para abordagens inéditas entre seu público. O título mantém as raízes de RPG, mas deixando de lado a estratégia para se focar em algo com mais ação. Lançado no PS4, Xbox One e PS Vita, Valkyria Revolution é também o primeiro spin-off que permite ser jogado sem conhecimento prévio da saga – ou assim entendemos, dada sua história confusa. Leia nossa análise completa e saiba mais:
Assim como nos outros jogos da saga, Valkyria Revolution se passa em um local do mundo fictício que se inspira no mundo real. Neste caso, estamos de volta à Europa, nos anos 50, em pleno ápice de uma aparente guerra por um minério raro chamado Ragnite, o cristal que gerou o benefício conhecido como “mana”.
Valkyria Revolution (Foto: Divulgação)
A mana e o Ragnite criaram uma indústria capaz de gerar avanços tecnológicos e mágicos para a humanidade, o que por sua vez se converteu em crescimento por mais poder e, claro, o militarismo das nações, que sempre buscam mais dentro de suas fronteiras. A partir daí, assim como no mundo real, o jogo de interesses está criado e o cenário para conflitos armados está montado.
A história de Valkyria Revolution é centrada em um humano chamado Amleth, líder do esquadrão anti-Valquírias do país de Jutland. Amleth luta ao lado de outros soldados capazes de conter ameaças em grande escala, incluindo a princesa Ophelia, que também é jogável em alguns trechos da aventura.
O maior inimigo da história de Valkyria Revolution, porém, é a forma como ela é contada. O jogo não mede esforços em tecer a trama de forma bem detalhada e em cenas extremamente grandes – e desnecessárias em alguns pontos. A sequência de introdução do game dura mais de 25 minutos, sem a possibilidade de salvar o progresso. Na verdade, só podemos salvar após quase uma hora e meia de história, já contando alguns segmentos de “gameplay”, o que não é nada agradável.
Valkyria Revolution (Foto: Divulgação)
A história de Valkyria Revolution envolve bastante política, termos militares e diversos personagens que são apresentados ao mesmo tempo, “jogados” na história e detalhados sem que o jogador tenha tempo de processar. Por mais interessante que fique adiante, e ela realmente fica, há sempre um cuidado necessário na hora de narrar isso ao jogador.
Entenda que não reclamamos da profundidade do enredo. Isso é fundamental em um jogo de RPG. Porém, Valkyria Revolution deixa a experiência um pouco maçante quando vai contar seus detalhes a quem acompanha a história – e quer logo controlar os personagens dentro da aventura geral.
Jogabilidade difere da série
Quem já jogou Valkyria Chronicles, ou suas sequências, sabe que o game inovou, de certa forma, ao apresentar um RPG estratégico com bom clima de guerra. Valkyria Revolution tem a mesma intenção, mas agora indo mais para o lado do RPG, com alguns elementos ainda do gênero “Musou”, muito popular no Japão.
Valkyria Revolution (Foto: Divulgação)
Explicamos: “Musou” é o nome dado aos jogos de ação e aventura onde controlamos uma unidade, que por sua vez comanda um pe
... queno esquadrão de heróis, contra hordas de inimigos. É preciso lutar contra os inimigos para aumentar seu domínio em determinada região e lidar com o avanço de mais oponentes, para que a maré não vire contra seu exército. Jogos como Dynasty Warriors e Hyrule Warriors se encaixam nesta descrição.
É mais ou menos esse estilo de jogo que Valkyria Revolution tenta emular. Não é algo necessariamente ruim, já que este gênero é bem popular no Japão. A SEGA, de olho em um novo público, pode ter decidido inserir essa leve modificação no que fez a série ser sucesso em seus primeiros títulos.
Vale lembrar que alguns dos nomes mais relevantes de RPGs japoneses envolvem Final Fantasy 15 e a saga Tales of – ambos exemplos também com elementos de jogabilidade de combate em tempo real, além de pitadas de “Musou”. Valkyria Revolution segue apenas o caminho natural de onde está o sucesso, o que pode explicar muita coisa.
Valkyria Revolution (Foto: Divulgação)
Porém, para quem curte mais as raízes da série, não se desespere ainda. Há elementos que lembram os jogos passados, como resolução de conflitos com base em subjugar a moral dos inimigos, coberturas para lidar com o fogo dos adversários e até armas tradicionais, como espingardas e granadas, que podem ser atiradas ao parar o tempo para elaborar o ataque.
A verdade é que Valkyria Revolution causa estranheza para quem estava acostumado. Já quem está chegando agora não vai se sentir incomodado. Os comandos são bem básicos para os combates: um botão faz o ataque principal, que só pode ser ativado quando uma barra de tempo se enche. Ao pressionar outro botão, o triângulo, por exemplo, paramos o tempo da batalha para lançar uma magia ou atacar com espingarda.
Itens são consumidos sempre em conjunto com todo o seu grupo, então o segredo é saber administrar. Controlamos apenas uma unidade no campo de combate, mas os aliados agem de acordo com a inteligência artificial, auxiliando sempre que possível até eliminando inimigos – mesmo chefões.
Valkyria Revolution (Foto: Divulgação)
Valkyria Revolution também tem a vantagem de ter tutoriais bem simples para os combates e comandos básicos. Mais adiante o jogo fica complexo, mas não muda sua estrutura básica do início – ao contrário, fica cada vez mais familiar.
Um visual nada familiar
A trilha sonora de Valkyria Revolution merece aplausos. As músicas são excelentes e orquestradas, sempre com tons épicos, ideal para um jogo que trata de “guerra” como seu assunto principal. Já os gráficos estão em outra categoria. Não são ruins, mas é possível notar que nivelaram bastante por baixo, para manter o jogo compatível com o PS Vita, talvez.
Além disso, Valkyria Revolution também se descaracteriza do restante da série, ao apresentar um visual que destoa do que fez a saga famosa. Em vez de visuais e personagens que mais parecem pinturas em movimento, como em Valkyria Chronicles, temos um visual que lembra o Tales of mais recente.
Valkyria Revolution (Foto: Divulgação)
O tratamento se perdeu e também o que faz Valkyria Chronicles ser especial em relação a outros RPGs. Não há nada de grande destaque em Valkyria Revolution neste quesito e, inclusive, a animação de alguns dos personagens beira o horror.
Conclusão
Valkyria Revolution muda para evoluir, mas não tanto quanto o esperado. A jogabilidade é totalmente diferente para quem estava acostumado com a série da SEGA, mas não é ruim. Inspirado por jogos de RPG de ação e pelo gênero “Musou”, o game tem comandos fáceis e batalhas interessantes. A história, apesar de boa, é contada de forma errada e arrastada. Por fim, os gráficos tiram tudo que Valkyria Chronicles tinha de especial, de tão simples.