Os vazamentos nas últimas semanas foram certeiros: o Galaxy Note 8 é uma monstruosidade de hardware que se destaca entre os celulares premium da safra 2017. O lançamento aconteceu ontem (23), em Nova York, onde a Samsung revelou a impressionante ficha técnica: tela cinematográfica de 6,3 polegadas, com resolução Quad HD+ e painel Super AMOLED; processador de oito núcleos; memória RAM de 6 GB; e armazenamento de pelo menos 64 GB.
Houve diversas comparações com o iPhone 7 Plus num campo em que a Apple se sai muito bem: na fotografia. A provocação tem um motivo: a estreia da Samsung na liga das empresas de celular que oferecem câmera dupla. O Galaxy Note 8 captura o momento da foto com duas lentes distintas: uma telefoto tradicional e uma grande angular, capaz de registrar uma porção maior da paisagem e dos personagens.
O TechTudo brincou com o Note 8 por algumas horas. As primeiras impressões são as melhores possíveis: o telefone da Samsung tem design sóbrio e elegante, sem descambar para a sisudez. O desempenho continua espetacular, com a adição de novas funcionalidades que tiram proveito da ficha técnica. Só faltou a câmera dupla mostrar a que veio.
A câmera
A Samsung construiu uma bela reputação no que diz respeito à fotografia digital. O Galaxy S7 chegou ao mercado em 2016 com p
Aqui cabe uma ressalva. A gente sabe que até os telefones com especificações intermediárias à venda no Brasil realizam um bom trabalho de fotografar ambientes com iluminação razoavelmente presente. Aos produtos premium, como é o caso deste modelo, os desafios são fotografar paisagens em que as cores se sobressaem e registrar situações de baixa luminosidade – estamos falando de jantares, casamentos, festas e outros eventos sociais que acontecem majoritariamente à noite, com luz rarefeita.
O Note 8 faz tudo isso muito bem. De quebra, ainda dá mais opções ao usuário, pois ele pode escolher entre postar nas redes sociais a foto capturada pela câmera telefoto ou a foto feita pela grande angular – para isso é importante deixar ativada a função de dupla captura. Os dois arquivos digitais ficam salvos no armazenamento do smartphone, uma ótima pedida que outras empresas de celular deveriam copiar.
Destaque do lançamento, o foco dinâmico (live focus em inglês) nada mais é do que uma espécie de modo retrato do iPhone 7 Plus. O recurso caiu nas graças dos fãs da Apple por destacar o personagem da foto, enquanto o fundo fica desfocado. Ele combina em uma só foto o que foi registrado pelas duas câmeras.
Essa mesma tecnologia chega ao Galaxy Note 8 em uma versão turbinada que permite ao usuário controlar o nível do efeito de desfoque. Fez a foto e não gostou do resultado final? Não tem problema, pois o smartphone permite ajustar a profundidade da imagem mesmo depois do clique, já que as duas fotos ficam armazenadas. Fez os ajustes e ainda assim não gostou do foco dinâmico? Dá até para desativar a função e restaurar a foto para a versão sem efeito algum, algo de que o iPhone não é capaz.
As explicações técnicas são muito convincentes. Pena que, na prática, o Galaxy Note 8 não entrega o que promete. A câmera do supercelular tem dificuldades em reconhecer o contorno das pessoas, e por isso erra as áreas da foto que deveriam ficar desfocadas. Numa foto em que a pessoa faz o “V” de vitória com os dedos, o espaço entre o dedo indicador e o médio ficou completamente nítido e focado, enquanto o restante deste plano passou pelo processo de ficar embaçado.
Em conversa com o TechTudo, executivos da Samsung brasileira disseram que o software das unidades de Galaxy Note 8 disponíveis para testes de jornalistas pode receber atualizações até a chegada do produto ao mercado. Eles têm, portanto, até 15 de setembro para resolver a questão, pois nesta data o smartphone fará sua estreia nos Estados Unidos.
A caneta eletrônica
Não foi por acaso que a Samsung fez da caneta eletrônica (chamada de S-Pen) uma parte fundamental dos celulares Galaxy Note. O equipamento fica alojado em um compartimento especial do smartphone, que inclusive passa por vedação para que o Note 8 seja resistente à água e à poeira.
A caneta eletrônica traz novas formas de interagir com o smartphone e manipular as informações. Num dos casos de uso mais comuns, o celular está com a tela apagada e, ao retirar a caneta do compartimento, o smartphone automaticamente entra em modo de bloco de notas. Ao escrever sobre a superfície, linhas cinzas são registradas pelo aparelho. Depois que o consumidor conclui a tarefa, o próprio smartphone converte as anotações para que o fundo fique branco e as linhas fiquem pretas. Cada sessão de uso do caderno digital comporta a adição de até cem páginas.
A tradução de páginas da web também fica mais fácil com a S-Pen. Digamos que o internauta esteja lendo uma avaliação sobre um hotel. Entre opiniões salvas em português aparece uma escrita em coreano. Crise à vista? Que nada… é só retirar a caneta eletrônica do compartimento, selecionar a opção de tradutor no menu rápido da S-Pen, e na sequência manter a ponta do acessório sobre a palavra/frase em outro idioma. Não é preciso nem sequer tocar no texto.
O tradutor depende da internet para funcionar e usa tecnologia de idiomas do Google. O Galaxy Note 8 conta ainda com um conversor de medidas e câmbio de moedas.
Se a forma de as pessoas se comunicarem mudou, o smartphone acompanha essa tendência. Ele permite selecionar uma parte da tela e salvar o que está sendo exibido ali em formato de GIF, imagem digital com movimento. É muito fácil cortar o trecho de um filme e mandar para os amigos pelo WhatsApp, Messenger e outros aplicativos de chat.
Também é fácil criar uma mensagem animada similar àquela que a Apple incluiu no aplicativo de mensagens nativo do iPhone. O usuário escolhe o tipo de animação digital, a cor da tinta e a espessura da ponta da caneta. Na sequência, ele precisa escrever a frase ou fazer o desenho, que será convertido em GIF e salvo na galeria de imagens. Não existem restrições para o envio de mensagens animadas da Samsung, pois o tipo de arquivo funciona nas principais plataformas de comunicação.
Resumo da ópera
Ainda temos muito a falar sobre o Galaxy Note 8. O display, por exemplo, merece um capítulo à parte para comentar sobre a proporção de 18,9:5, mais próxima da usada nas telas de cinema. Cabe nele mais conteúdo, o que é ótimo para quem gosta de ler reportagens longas ou curte ficar zanzando pelo feed do Instagram.
Já a bateria, com 3.300 mAh, promete boa autonomia de uso. O veredito será dado quando publicarmos a análise completa sobre o smartphone.
O Galaxy Note 8 traz novidades interessantes que justificam a tela grande e a presença da caneta eletrônica. Os engenheiros da Samsung souberam adicionar recursos que tiram o máximo proveito das especificações técnicas.
Pena que a câmera dupla, ao menos por ora, fica só na promessa. Não me entenda mal: o Note 8 produz fotos espetaculares, tal como o Galaxy S8. Dar ao usuário a opção de escolher entre duas composições de imagens para um mesmo momento também é uma ótima pedida. No entanto, o foco dinâmico que deveria ser o destaque do dia mostrou-se ineficiente.
A Samsung anunciou que o Galaxy Note 8 chegará ao mercado norte-americano em 15 de setembro. O preço varia de US$ 930 a US$ 960, o que dá R$ 2.920 e R$ 3.015, em conversão direta e sem levar em consideração os impostos. Ainda não se sabe o preço e a disponibilidade no Brasil. A expectativa é de que ele apareça em terras tupiniquins na primeira quinzena de outubro.
O jornalista viajou a convite da Samsung.
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