A cena parece de filme: bandidos recorrem a um drone para vigiar casas de alto padrão para saber o momento exato em que os proprietários deixam o local. Ou então fazem um sobrevoo para averiguar quais são os itens de valor no galpão de uma empresa. Apesar da pirotecnia envolvida, essas situações foram registradas no Brasil recentemente.
Para resolver a situação, duas empresas demonstraram em São Paulo uma nova tecnologia de detecção de drones. O software combina uma série de sensores para detectar a presença dos equipamentos voadores. Por meio dos sinais de Wi-Fi e câmeras de vídeo adicionais, a ferramenta é capaz até mesmo de apontar onde está o dono do drone.
Batizado de DroneTracker, o sistema faz uso de uma base de dados com informações dos principais modelos à venda no mercado – DJI, Phantom, Mavik, Parrot… Você decide. Ele é capaz de reconhecer a assinatura digital dos equipamentos e soar um alarme quando há uma invasão pelos ares. O próprio software apresenta um dossiê completo do drone possivelmente envolvido em práticas criminosas.
De acordo com as empresas Dedrone e Axis, responsáveis pela tecnologia no país, o processo de detecção leva alguns segundos – basta que o drone entre no campo de atuação dos sensores, que funcionam como radares. As câmeras de vigilância adicionais – algumas capazes de captar imagens em resolução 4K – também auxiliam a monitorar a movimentação do disposi
Drones em piloto automático também são percebidos pelo sistema de proteção. Nestes casos, a tecnologia não consegue determinar de onde vem a invasão, mas consegue gerar imagens também de onde o equipamento fez o sobrevoo. Todos os dados são apresentados numa imensa tela de computador, com direito a mapa e o trajeto registrado em GPS.
O gerente da Dedrone, Robson Augusto, descarta o surgimento da profissão de “vigia cibernético”, um equivalente moderno aos vigias que circulam por pátios de empresas, presídios, fazendas e escritórios. “Poderia ser uma posição de supervisor. Com a informação apresentada na tela, este profissional poderia decidir quais ações tomar”, diz em entrevista ao TechTudo.
O que fazer quando um drone invade o espaço aéreo da firma? De acordo com o executivo, a tecnologia existe para que o proprietário possa tomar contramedidas, como ir em busca do controlador do equipamento. Um caso ficou célebre no Rock in Rio 2017, quando um grupo de pessoas tentou acessar o recinto do evento a partir das margens de uma lagoa. Um drone de vigilância detectou os intrusos e permitiu acionar a equipe de segurança em solo.
Augusto explica que um contra-ataque digital seria pouco recomendável. Ainda que um perito em segurança eletrônica consiga invadir o drone nas cercanias, a tarefa seria muito difícil. “Quando você toma o controle, precisa tomar cuidado para não cair nem bater com este drone. Só um hacker com conhecimentos militares tornaria isso viável”, complementa.
O presidente-executivo da TechShield, Gustavo Vicentini, lembra da técnica chamada de jammer, quando são adotados equipamentos que enviam um sinal robusto a ponto de cortar a comunicação do drone com o criminoso. Nestes casos, o equipamento voador tende a retornar ao local de decolagem. No entanto, Vicentini lembra que a tecnologia é proibida no Brasil, tendo em vista que também poderia quebrar os sinais de outros aparelhos do cotidiano, como roteadores e telefones celulares.
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O sistema anti-drones está à venda no país desde setembro. A depender da configuração, o preço pode chegar a R$ 30 mil. Ele é indicado para aplicações comerciais e industriais. Por que pagar este valor? Porque a lista de ameaças é longa: espionagem para roubo no futuro, coleta de inteligência empresarial, invasão de privacidade, ataques coordenados por gangues, infração de direitos de imagem e captura ilegal de shows/eventos são apenas alguns dos casos mapeados até o momento.
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