O lançamento do iPhone X, em dezembro último, trouxe a seguinte pergunta: vale a pena comprar um celular com preço na casa dos R$ 7 mil? Colocando aqui de maneira simples: não vale porque este valor é simplesmente indefensável. Ainda assim, muita gente quer saber sobre a experiência de usar o smartphone futurista da Apple. E é por isso que produzimos este review que conta como é a vida com o iPhone X.

Normalmente, eu inicio minhas análises com os detalhes do design e da empunhadura do produto – também conhecida como “pegada” popularmente. Desta vez, porém, faço diferente: começo o texto com o que é inédito no modelo X.



iPhone X: detalhes e curiosidades sobre o celular futurista da Apple

O iOS 11 presente neste telefone traz algumas peculiaridades que mudam a forma de controlar o dispositivo. O botão Home, como você deve ter percebido nas fotos e no vídeo acima, desapareceu. Não há mais onde apertar para rapidamente retornar à tela de aplicativos.

E então, como faz? Por gestos. Tudo no iOS do X é baseado na natural movimentação que fazemos com os dedos. Repare que o display ocupa praticamente toda a fronte do aparelho. Lá embaixo fica uma espécie de barra de rolagem que pode ser arrastada para cima ou para os lados.

iPhone X custa R$ 7 mil no Brasil (Foto: Luciana Maline/TechTudo)

Ao movê-la rapidamente em direção ao topo, o aplicativo em questão é minimizado e retorna à lista com todos os softwares instalados no telefone. A bela animação faz jus à capacidade de processamento do telefone, que agora ostenta um poderosíssimo chip de seis núcleos – o A11 Bionic é o mais potente de todos os tempos, de acordo com a fabricante, que adora abusar dos superlativos na hora de promover seus produtos.

Movimentar a barra de rolagem para os lados intercala entre os aplicativos abertos recentemente. Digamos que você estivesse com o Evernote aberto e na sequência entrou no Twitter. Ao fazer este gesto, dá para navegar de volta ao bloco de notas em questão de poucos instantes.

Barra de rolagem intercala apps abertos recentemente no iPhone X (Foto: Luciana Maline/TechTudo)



A Apple acertou em cheio ao dispensar o botão Home físico e apostar numa espécie de controle virtual, algo que outras empresas (olá, Samsung) fazem tem alguns anos. Só que a maçã foi além, aperfeiçoou a ideia e chegou a um resultado que é quase orgânico.

A propósito: ao arrastar a barra para cima, mas parando no meio do caminho, o sistema passa a exibir o cardápio com todos os apps vistos recentemente. É ali que o usuário fecha os programas na marra, apesar de a empresa jurar que isso é desnecessário na maioria dos casos.

Ao pegar o iPhone X pela primeira vez, o consumidor logo estranha o recorte na área superior da tela. Esteticamente questionável, o tal topete existe para abrigar a poderos

... a câmera de selfies e diversos outros sensores (já falaremos sobre isso). Com isso, sobram dois chifres nos cantos da direita e da esquerda. A boa notícia é que eles também servem para controlar as funções do iOS.
iPhone X tem recorte na área superior da tela (Foto: Luciana Maline/TechTudo)



Pegue o dedo e o posicione sobre o chifre da direita. Agora arraste para baixo: a central de controle do telefone irá descortinar diante de seus olhos, com os botões para acionar o modo avião, Wi-Fi, Bluetooth, não perturbe, entre outras opções. Aperte em qualquer ponto da tela para dispensar esta página.

Agora o chifre esquerdo: ao descer com o dedo, surgem as notificações do telefone. Os mil áudios do WhatsApp, mensagens no Facebook Messenger e avisos de promoção da Cabify (sempre ela!) ficam por ali.

O iPhone X impõe curva de aprendizado para compreender o funcionamento dos gestos. Depois de alguns dias, porém, a maioria das pessoas terá se acostumado a esta nova realidade. Descanse em paz, botão Home. Nunca mais será necessário recorrer a gambiarras para quando você parar de funcionar.

O recorte no teto do telefone tem um motivo: a presença do sensor de reconhecimento facial. Pela primeira vez, a Apple adota a biometria que faz a leitura de 30 mil pontos do rosto do usuário a fim de desbloquear as funções do dispositivo.

O iPhone ficou mais esperto e seguro. Ele sabe quando você o está olhando, e só libera o acesso ao telefone quando reconhece a sua presença. A experiência não poderia ser melhor: na maior parte do tempo, a tecnologia batizada de Face ID rapidamente autoriza o uso do smartphone. Ela funciona mesmo no escuro ou quando o usuário acrescenta adereços, deixa a barba crescer ou usa óculos (de grau ou de sol).

Vale a ressalva, no entanto, de que o Face ID pode patinar caso o dono do telefone tenha um irmão gêmeo. Se você tem um clone por aí, talvez seja melhor habilitar o desbloqueio por PIN (o código numérico).

Face ID, o reconhecimento facial


A privacidade também sobe um degrau por causa do Face ID. O reconhecimento facial sabe quando você está olhando de volta, e só exibe as notificações se ocorrer o contato visual. Sabe quando você deixa o celular em cima da mesa e qualquer pessoa que passar pode ver o conteúdo dos alertas? No iPhone X isso não acontece.

Notificações no iPhone X são mostradas quando há o reconhecimento facial (Foto: Luciana Maline/TechTudo)



Importante dizer: dá para desativar o recurso e sempre mostrar o conteúdo das notificações, embora eu não veja motivo para tal.

O iPhone X tem tela de 5,8 polegadas em formato 18:9. Ela é mais alongada do que o normal, tal qual virou moda entre os celulares mais poderosos do momento. Os cantos são arredondados, também seguindo uma tendência da indústria – não confunda com vidro curvado, algo que só a Samsung oferece.

O resultado do novo desenho industrial é um conforto acima da média ao segurar o telefone. As bordas mínimas e a tela ocupando toda a frente também fazem com que o iPhone X seja uma simples janela para as informações que estão ali dentro.

O topete cria dificuldades para ver vídeos. Normalmente o usuário terá que escolher entre assistir no formato original, com barras pretas nas laterais, o que sempre dá a impressão de que está desperdiçando tela, ou no modo zoom, que aproxima a imagem para fazê-la caber no display, o que também faz com que parte dos pixels fique apagada na área do recorte.

Topete do iPhone X pode atrapalhar a visualização de vídeos no modo zoom (Foto: Luciana Maline/TechTudo)



A tela de 5,8 polegadas

Desta vez com painel em OLED, o display do iPhone X está mais brilhante do que nunca. As cores são muita vivas e fiéis ao que encontramos na natureza. Assistir a vídeos da Netflix neste telefone é um deleite.

Para completar, a companhia continua na sua investida em áudio estéreo. São dois alto-falantes em pontos distintos produzindo um som mais encorpado do que em outros telefones no mercado (estou falando de vocês, Galaxy S8 e Galaxy Note 8; faço a crítica aos sul-coreanos porque representantes da Samsung já me disseram que o áudio estéreo em um smartphone é desnecessário, o que é uma bobagem). Ponto para a maçã.

A câmera principal de 12 megapixels produz fotos espetaculares. Uma vez que estamos falando de um conjunto duplo de lente/sensor, o iPhone X oficialmente conta com uma câmera teleobjetiva e uma câmera grande angular. Ambas desempenham bem seu papel, com registro de imagens em ambientes claros e também em situações de luz baixa.

O destaque mesmo vai para o modo retrato, que se popularizou entre os usuários da Apple por causa dos modelos com Plus no nome. Aquele efeito de destacar o personagem da foto, enquanto fundo fica desfocado, marca presença e está ainda mais preciso.

iPhone X permite fotografar com o modo retrato (Foto: Luciana Maline/TechTudo)



Já os vídeos gravados em resolução 4K capturam com perfeição os tons e as cores. Desta vez com direito à estabilização dupla de imagens, para deixar no passado aquelas filmagens tremidas.

Câmera


Falar bem da câmera traseira do iPhone é chover no molhado. A principal novidade está na câmera frontal, agora capaz também de produzir retratos. As selfies em 7 megapixels também contam com o efeito de cenário desfocado. Para isso, a companhia utiliza o mesmo sensor de profundidade que funciona no Face ID.

Os efeitos de iluminação digital permitem regular a intensidade de luz que incide sobre o rosto. Alguns deles costumam tornar as fotos mais bonitas, sem deixar aquela aparência de imagem retocada com Photoshop. Ou seja, há benefício real na compra do dispositivo.

Não dá para dizer o mesmo dos recursos que se propõem a apagar virtualmente o cenário. Os filtros chamados de “Luz de Palco” e “Luz de Palco Mono” falham na maior parte do tempo, produzindo resultados escabrosos. A Apple deveria dar um sumiço nessas opções até que o software esteja mais maduro.

Acreditem: é a mesma pessoa (no caso, eu); segunda foto evidencia tentativa fracassada de remover o fundo e aplicar efeito preto e branco (Foto: Thássius Veloso/TechTudo)



Desempenho

O hardware do iPhone X é incomparável. O processador é veloz e o telefone também está bem nutrido de memória RAM. Para completar, o armazenamento começa em 64 GB, o que é ótimo para muitos dos cenários que vejo ao conversar com consumidores. Precisa de mais? Também tem memória interna de 256 GB, o que é uma extravagância – às vezes necessária.

Pena que o sistema nativo do modelo X esteja tão capenga. Quem acompanhou a rodada de atualizações de software que a Apple promoveu às vésperas do lançamento dos iPhones 8, 8 Plus e X sabe do que eu estou falando: o iOS 11 apresenta uma série de bugs. Às vezes o teclado demora para reconhecer as teclas que foram acionadas. Em outras vezes, girar o corpo do telefone não faz com que a imagem em si também acompanhe o movimento.

Sem causar surpresa, as primeiras informações de bastidores são de que o iOS 12 terá foco em estabilidade e desempenho. Os engenheiros e cientistas da Apple vão colocar esforços naquilo que costumava ser a marca registrada da fabricante: um sistema com menos falhas e que rodava redondo, o que fez dele o principal concorrente do Android.



Bateria

Também não adianta nada oferecer um sem número de especificações técnicas se o celular não acompanha o usuário até o fim do dia. Por isso mesmo, o teste de bateria que fizemos determinou que o iPhone X fica longe da tomada por 13 horas e 30 minutos. Mais do que um dia regular de trabalho, ainda mais quando consideramos o tipo de uso, com reprodução de música online, chamadas telefônicas e frenética troca de mensagens no Telegram.

Claro que existem smartphones cujo propósito maior é autonomia de bateria. Não é o caso do iPhone X. Trocando em miúdos, dá para dizer que o aparelho entrega um bom mix de desempenho, estética e eficiência energética.

Vale a pena comprar o iPhone X? Eis o resumo da ópera



Você se lembra que eu disse, no início da análise, que não vale a pena comprá-lo no Brasil? Isso tem um motivo: embora os produtos da Apple tradicionalmente não sejam para qualquer bolso, o iPhone X por R$ 7 mil parece não caber em praticamente bolso nenhum. A fabricante precisa voltar à realidade se quiser competir com o Galaxy Note 8 – lembrando que eu mesmo considerei o produto excelente, porém ainda atrás do Galaxy S8 quando o assunto é custo-benefício.

Se ainda assim você caiu de amores pelo modelo futurista e com topete, pode ser uma boa pedida buscar desconto na sua operadora de telefonia.

Os viajantes têm mais sorte nesta história: pelo elevado preço de US$ 1 mil dólares, faz sentido comprar o iPhone X pelo equivalente a R$ 3,2 mil nos Estados Unidos. Lembre também e comprar os AirPods, fones de ouvido sem fio da Apple, para garantir uma vida completamente wireless. Eles custam US$ 159 por lá. Daria pouco mais de R$ 500 pelo câmbio do dia, bem menos do que o valor tabelado de R$ 1,4 mil.

Numa quase nota de rodapé, lembro que o smartphone oferece resistência à água. Esta bem-vinda característica é ótima para eventuais acidentes (só não pode lavá-lo com sabonete). O design com vidro na parte de trás também possibilita o carregamento wireless, mas ele é vagaroso se comparado com a quase caquética recarga usando fios.

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