Dandara é um jogo importante não só para quem é fã de games de plataforma, mas também para o público brasileiro. Ele pega uma figura histórica do nosso país, ainda que negligenciada, e coloca em um mundo de fantasia com inspirações reais. Dandara, que é conhecida por ter lutado ao lado de seu companheiro, Zumbi dos Palmares, vira super-heroína nesta aventura que está disponível em todas as plataformas atuais: PS4, Xbox One, Switch, Android, iOS e computadores, via Steam. Saiba se é uma obra digna de sua atenção e os detalhes sobre sua história e jogabilidade:
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Seus feitos não serão esquecidos
Dandara é um jogo bem tímido com sua história, mas é proposital. Ele usa a narrativa de descoberta, e vai te contando mais sobre este mundo onde a aventura se desenrola conforme você avança pelas cenas e desafios. As primeiras telas nos apresentam à personagem-título, que está adormecida, no espaço, mas que desperta quando é necessária para salvar seu povo.
A partir de quando Dandara acorda, o game já começa sem mais pausas e sem explicar o que ocorre ao seu redor – ao menos de início. O que temos é um jogo que se narra por meio de pequenas legendas, no canto da tela, explicando e contextualizando o que está em sua volta, além da interação com outros personagens, que aparecem pelo caminho.
A técnica de contar histórias desta forma é interessante e combina com a premissa de Dandara neste sentido. Em diversos momentos o jogo cita que “as ações de Dandara não serão esquecidas”, justamente em relação a tudo que o jogador faz, durante as fases, e vai salvando seu progresso conforme avança.
Além dos personagens encontrados, e que também trocam ideia com a protagonista, os cenários narram fatos por si só, com nomes relacionados ao passado de Dandara e com frases bem curtas. Cabe muito da interpretação do jogador saber o que está ocorrendo na tela e encaixar as informações de forma que faça sentido.
Pulos, tiros e ação
A jogabilidade de Dandara é baseada em saltos. A protagonista não anda normalmente, o que é bem estranho de início. Não há uma justificativa muito exata para este tipo de movimentação, mas ela até que combina bem com os cenários, que envolvem elementos no chão e no teto, sejam inimigos ou pontos interativos.
Funciona da seguinte forma: o jogador precisa mirar para onde Dandara irá em seguida e pressionar o botão de pulo para que o transporte ocorra. Reforçando: a personagem não anda, se movimenta apenas com base nestes saltos, e eles até que funcionam bem, dão um ritmo interessante à ação do jogo e, bem, de certa forma é diferente do que está sendo feito por aí em termos de plataforma, então ponto para a criatividade!
Entenda que Dandara é mais um representante do “Gênero Metroidvania”. Mas o que é isso? É um tipo de jogo que tem inspirações nos clássicos Castlevania, da Konami, e Super Metroid, da Nintendo, em que o jogador deveria explorar o mapa e liberar passagens, conforme evolui seu personagem. Com o tempo, é preciso voltar a um ponto onde já passou, e
Dandara não é apenas um Metroidvania, ele é também um ótimo representante deste gênero. Só o fato de a movimentação ser diferenciada já te faz ter uma atenção especial ao título. Além disso, os combates são diretos, mas únicos. Dandara tem o poder de atirar raios das mãos, como se fosse um tiro de energia carregado, e assim lida com os inimigos. Cabe ao jogador administrar os saltos e os ataques, para que não leve dano e nem perca a movimentação.
No fim, a jogabilidade de Dandara se resume a saber o momento certo para se movimentar. Ele é punitivo para quem não leva a sério o timing exato, e isso pode ser frustrante. Na verdade, a frustração é acompanhada de um senso de vitória quando conseguimos sair por cima, o que não torna o jogo desrespeitoso com quem tenta, mas, ainda assim, é um game que vai demorar para te fazer se acostumar com esta movimentação “sem andar”.
Um ponto negativo é que, como Metroidvania, Dandara falha em alguns aspectos um pouco relevantes. Não há, por exemplo, uma forma de localizar a personagem no mapa. Quando você pressiona o botão para abrir o mapa, ele é exibido e você pode ver as salas que já visitou, mas só dá para saber onde a protagonista está exatamente se você tiver um grande senso de direção – e percepção, na hora de saber para onde andar. Além disso, a movimentação em pulos não funciona muito bem nos controles tradicionais e se destaca mais com mouse ou com telas sensíveis ao toque.
Homenagens e referências
Um ponto positivo para o público brasileiro é que Dandara tem diversas homenagens e referências históricas, a começar pela própria protagonista, que é uma das representantes negras de maior expressão da história do país.
Além disso, há a participação de personagens e figuras reais, representadas de forma fictícia ou fantasiosa por aqui. O exemplo mais famoso, e que você encontra logo no início do jogo, é o de Tarsila do Amaral. Há outros elementos referentes a grupos musicais, locais reais, povos e até outros nomes relacionados com programas de TV brasileiros.
Trabalho visual
Dandara segue de perto o exemplo de outros jogos nacionais e aposta no visual retrô, lembrando a época do Super Nintendo, mas com animações que não seriam possíveis nos anos 90. O game é todo vivo. Detalhes nos cenários, na movimentação da personagem, nos inimigos – aliás, é belo o design o de alguns chefões. É tudo muito bonito.
As cores predominantes da roupa da protagonista, amarelo, verde e branco, também se espalham pelo cenário, criando a amálgama perfeita para o ambiente que Dandara proporciona. Há muito a ser visto e apreciado e, inclusive, descoberto.
Conclusão
Dandara é mais um ótimo representante de bons jogos nacionais. Só o fato de mesclar bons elementos da nossa história com elementos de fantasia já seria motivo de destaque, mas o game também tem boas ideias de jogabilidade e funciona muito bem na maioria das plataformas. Dandara é uma aventura única e que merece sua atenção – e o acesso é facilitado, já que o título está em praticamente todos os consoles, celulares e PCs.
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