O processo de mineração de criptomoedas, como o Bitcoin, é responsável por quase 1% do consumo total de energia produzida no mundo. Esse dado foi divulgado pelo cientista da computação Arvind Narayanan da Universidade de Princeton, durante depoimento à uma comissão de energia do senado dos Estados Unidos.
A pesquisa muda as projeções anteriores, que previam um gasto na ordem dos 0,5% com energia do Bitcoin e de outras criptomoedas. Números de especialistas indicam que a atividade já libera mais CO2 à atmosfera do que processos de mineração de ouro.
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Mineração de qualquer critpomoeda é um processo computacional intenso e que exige muita energia para que o hardware funcione no máximo da sua capacidade na busca pelas moedas. Além disso, outro fator que contribui para o gasto elevado está no fato de que bases e empresas especializadas na mineração acabam precisando investir pesado em ambientes com poderosos sistemas de ventilação, que também acabam consumindo muita energia.
É um círculo alimentado pela alta demanda. Arvind Narayanan explicou em seu depoimento que a evolução do hardware em direção a uma maior eficiência energética — maior capacidade de processame
Energia e computadores
Computadores não são máquinas perfeitas, ou seja, não transformam em trabalho toda a carga que lhes é fornecida. Portanto, eles inevitavelmente desperdiçam boa parte da energia que consomem. É possível medir a quantidade desse desperdício a partir do calor gerado pela máquina de mineração de Bitcoin, pois ele é eletricidade que não virou informação (ou moeda).
Assim, Narayanan acredita que aumentar a eficiência do hardware é ineficaz porque essa relação entre energia consumida e desperdiçada por computadores não vai desaparecer: o calor que qualquer eletrônico gera tem a ver com propriedades físicas de seus componentes que apresentam algum nível de resistência à passagem de corrente elétrica pelos seus circuitos. Quanto maior a resistência, ou quanto maior a quantidade de eletricidade que você tenta passar por esses circuitos (ao fazer overclock ou usar uma mineradora, por exemplo), maior é o calor gerado.
Salas de mineradoras de criptomoeda tendem a concentrar calor, alimentando os sistemas de refrigeração dos cômodos com ar cada vez mais quente. Então soluções bem agressivas de refrigeração precisam ser instaladas no ambiente, e essas unidades acaba correspondendo a outra parcela grande do consumo de energia da atividade de mineração de Bitcoin e similares.
Impacto
Em maio deste ano, especialistas chegaram a um consenso de que o consumo de energia associado à atividade de mineração de criptomoedas girava em 0,5% — quantidade equivalente ao consumo elétrico da Áustria.
Alex de Vries, economista responsável pelo Digiconomist, estima que a energia necessária para realizar uma simples transação de Bitcoins, da geração à transferência do valor para uma carteira, equivale ao consumo de uma residência em uma semana: 215 kWh.
As análises sazonais de Vries publicadas em seu blog mostram uma grave tendência de alta do consumo de energia. Além disso, há pesquisas do economista que indicam que a mineração de Bitcoins tem um impacto de geração de CO2 maior do que a mineração de ouro. A mineração de um quilo de ouro libera 20 toneladas de CO2 na atmosfera, enquanto que no Bitcoin o valor pode chegar a 49 toneladas do gás estufa.
Vries salienta que nenhum dos dois processos é eficiente e ambos liberam quantidades enormes de CO2 à atmosfera, sobretudo quando se leva em consideração que a produção média de CO2 de uma residência fica em torno de 10 toneladas de CO2 ao ano.
Para o especialista, os números são ainda mais graves porque a atividade do Bitcoin serve apenas à especulação, enquanto que processos de mineração de ouro, por mais agressivos que sejam, fazem parte de uma atividade econômica que produz riqueza e movimenta a economia.
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