Simular a própria morte é a nova mania entre os jovens no Instagram. De acordo com o site norte-americano Engadget, está se tornando comum que usuários peçam a seguidores de outros perfis que comentem em sua última foto como se tivessem falecido, usando a sigla RIP (Rest in Peace, que significa “Descanse em paz”, em livre tradução).

O objetivo dessa “brincadeira” seria nada menos do que ganhar curtidas e se tornar mais popular na rede social. O pioneiro teria sido o jovem de 15 anos Ahmed Simrin, que graças à pegadinha conseguiu 22 mil comentários e quatro mil likes em uma só foto.

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Simrin achou que seria divertido pregar uma peça nos outros e passou a comentar em dezenas de perfis famosos na plataforma, pedindo para que as pessoas escrevessem R.I.P. em seu último post. O texto dizia: “Olá, pessoal, vocês podem comentar RIP na minha foto porque eu quero que minha namorada pense que eu estou morto. Minha família e eu nos mudamos recentemente e ela quer manter o relacionamento. Eu quero muito superar isso, nós tínhamos uma relação tóxica”.

A brincadeira do jovem se tornou viral e ganhou um meme no Twitter. Um dos tuítes com a reprodução do comentário teve 300 mil likes e 150 mil retuítes. O adolescente disse ao Engadget que, entre 24 e 30 de agosto, seu perfil foi visitado 316 mil vezes. A ideia teria surgido de repente, como uma forma de fazer algo diferente do que já existia na web. “Eu decidi fazer isso porque 'por que não tentar [e] fazer algo novo no qual [você] pode se entreter?' Pessoas ficam famosas do nada nos dias de hoje”, disse explicando sua motivação ao site.

Desafios na web e fama

O sucesso de Simrin chamou a atenção de outras pessoas que desejam a fama repentina na Internet. Por isso, a “pegadinha” passou a ser copiada por outros usuários, que postam o mesmo texto (ou uma variação dele) nos comentários de contas de webcelebridades, uma vez que é maior a chance de ser visto e, assim, de obter êxito. Ao acessar os últimos posts de perfis com o da socialite Kim Kardashian ou do rapper Drake, é possível se deparar com textos do gênero.

Engana-se quem pensa que são somente os adolescentes que aderiram à brincadeira. Há diversas pessoas na faixa dos 20 ou 30 anos que tentam pegar carona na nova moda. De acordo com o professor de Comunicação e diretor-fundador do Stanford Social Media Lab, Jeff Hancock, conteúdos do gênero se popularizam devido à “estranheza psicológica humana”. Ele afirma que esse tipo de humor doentio é inerente ao ser humano e sempre existiu. "A emoção negativa chama muito mais a atenção, e [fazer] pensar que alguém morreu é o mais negativo que se pode ir", explicou ao site americano.

A professora clínica de comunicação da USC Annenberg, Karen North, esclareceu ao Engadget por que as pessoas são capazes de pregar a peça sem pensar nas consequências: "Como elas não estão na vida real... cara a cara com quem pode ficar triste, horrorizado ou chocado [com a suposta morte], as pessoas participam da brincadeira sem considerar o fato de que alguém pode ficar chateado, ressentido ou psicologicamente afetado pela notícia do falecimento".

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O Instagram já agiu e baniu uma das publicações de Simrin, segundo prints inclusos na matéria do Engadget de Stories postados pelo próprio jovem. A rede social justifica a ação por desrespeito às Diretrizes da Comunidade, alegando que a foto incita violência ou discriminação de religião e etnia, e ilustra ameaças de dano físico ou financeiro, roubo e vandalismo.

Via Engadget

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