O Motorola One Vision aparece entre os celulares mais procurados pelos brasileiros por trazer como diferencial a câmera de visão noturna, o Night Vision em inglês, com promessa de fotos excelentes em ambientes com pouca luminosidade. Sua ficha técnica inclui armazenamento de 128 GB, memória RAM de 4 GB e tela mais alongada, em formato 21:9. Para completar, o telefone é encontrado por preços até R$ 500 menores do que no lançamento – a partir de cerca de R$ 1.490. Nas linhas a seguir, confira o teste completo e a experiência de uso do aparelho.
A câmera do Motorola One Vision tem como trunfo a visão noturna. A função usa recursos de software para aprimorar imagens capturadas em ambientes com baixa luminosidade. As fotos tiradas com o Night Vision realmente impressionam: basta selecionar o modo noturno, apertar o botão de captura e esperar de dois a quatro segundos para que o sistema de Inteligência Artificial atue na foto. A dica é ficar com as mãos bem firmes para não correr o risco de gerar uma imagem tremida.
Outros modos também estão disponíveis no celular. Caso ele identifique uma paisagem, pode sugerir o modo Pôr do Sol, por exemplo.
A tecnologia conta ainda com auxílio da estabilização óptica de imagem (OIS). As cores ficam mais vivas e não há distorções de nitidez na maioria dos casos. O gargalo ocorre apenas em lugares quase sem luz. Nestas ocasiões, as imagens ficam com aspecto borrado.
A câmera dupla apresenta sensor principal de 48 MP com abertura de f/1.7. A espinha dorsal é o sensor de profundidade de 5 MP com abertura de f/2.2. Além de ser usado para o Night Vision, ele também possibilita o Modo Retrato. O recurso que desfoca o fundo da imagem também não decepciona na câmera traseira. O usuário pode personalizar o desfoque, resultando em imagens com efeitos mais ou menos intensos.
Outro ponto a ser destacado é o embelezamento nas fotos. O objetivo do recurso é corrigir imperfeições na pele. No entanto, em algumas ocasiões a função acaba deixando as pessoas com aspecto artificial.
Diferentemente da câmera traseira, o sensor de selfies de 25 MP realiza o efeito bokeh via software. Como já era esperado, as fotos capturadas com a câmera frontal não apresentam a mesma precisão. Repare na foto abaixo que parte do cabelo e o polegar estão borrados quando apenas o fundo deveria ficar desfocado.
O Motorola One Vision também faz bonito na gravação de vídeos. Os filmes contam com resolução até 4K com 30 quadros por segundo (FPS). As gravações ficam nítidas e a captura de áudio não apresenta ruído. Outros recursos presentes no celular são: câmera lenta, time lapse e captura de fotos enquanto o usuário faz a gravação.
Tela em formato 21:9 com câmera de selfies avantajada
A característica mais marcante no design do Motorola One Vision é a tela em formato 21:9. Ele segue a mesma proporção das telas de cinema. Na prática, isto significa que o telefone apresenta o corpo mais alongado. Ele funciona muito bem na orientação horizontal, principalmente na exibição de vídeos.
De fato há uma sensação maior de imersão ao ver vídeos e séries. Apesar de o design proporcionar uma boa pegada, pode ser incômodo para os usuários acostumados com telas mais largas.
O smartphone fica devendo bordas mais finas. Esta seria uma promessa da Motorola que não se cumpre principalmente na parte inferior, em que se destaca um “queixo” abaixo do display.
... v>
Outro ponto fraco tem a ver com a gigantesca câmera de selfies dentro da tela. Poderia ser mais discreta. Além disso, resulta numa incômoda e espessa faixa preta sem utilidade alguma quando são executados aplicativos como Instagram e Mario Kart Tour.
Porém, parece que a Motorola percebeu o problema e optou por diminuir a câmera dentro da tela dos telefones da marca. O sensor diminuiu de tamanho nos recém-chegados Moto G8 e Moto G8 Power.
No geral, a tela de 6,3 polegadas e resolução Full HD+ (2520 x 1080 pixels) apresenta cores vibrantes e funciona muito bem. Apesar de ser um painel LCD, as imagens são bastante nítidas e não fazem feio. Marca presença também o Gorilla Glass para proteger o aparelho de arranhões.
Desempenho bom e armazenamento de 128 GB
O Motorola One Vision apresenta desempenho condizente com um celular intermediário. É mais do que suficiente para surfar na internet, abrir redes sociais e outras ações do dia-a-dia. Aplicativos como YouTube, Netflix, Facebook, Twitter,Spotify e Instagram não apresentaram engasgos durante o período de testes.
O smartphone também consegue rodar jogos como PUBG, Call of Duty Mobile e Free Fire de maneira fluida e sem travamentos. No entanto, o famoso Fortnite não está disponível para o telefone.
O leitor de impressão digital localizado na traseira também funciona de forma rápida. O usuário ainda tem a opção de desbloquear o aparelho por meio do reconhecimento facial, o que torna o processo quase imperceptível. Na maioria das vezes, basta pegar o dispositivo para que ele reconheça o rosto de maneira ágil e permita o acesso.
O processador Samsung Exynos 9609 (octa-core de até 2,2 GHz) trabalha em conjunto com a memória RAM de 4 GB. O armazenamento é outro ponto positivo: o celular conta com 128 GB e suporte a cartão microSD de até 512 GB. O espaço para dados deve ser o bastante para a maioria dos usuários.
O áudio também faz bonito. O som dos alto-falantes é bem alto e sem distorções. O fone de ouvido que acompanha o celular oferece experiência semelhante.
Dentre os recursos adicionais está o Bluetooth 5.0, entrada USB-C, porta P2 (3,5 mm) e conectividade NFC para pagamentos por aproximação em aplicativos como Google Pay.
O ponto fraco está na ausência de resistência a água e poeira. O telefone não conta com nenhuma certificação que indique a proteção do aparelho.
Bateria para 12 horas e carregamento não muito rápido
A Motorola diz que o One Vision consegue ficar um dia de trabalho longe da tomada. Nossos testes comprovaram que a bateria de 3.500 mAh suporta esta jornada. Em média, o smartphone ficou ligado por cerca de 12 horas e 30 minutos. A rotina de testes incluiu duas horas e meia de mensageiros como WhatsApp; redes sociais como Facebook e Instagram por uma hora e meia; streaming de música no SoundCloud e Spotify por quatro horas; vídeo na Netflix e no YouTube por uma hora e meia; além de jogos como Free Fire, Call of Duty Mobile e Mario Kart Tour por uma hora.
Durante o lançamento, a Motorola foi enfática ao afirmar que o aparelho dá conta de um dia de trabalho. Fica devendo mais bateria para quem precisa do telefone para além da vida corporativa – a maioria de nós. Outros celulares intermediários oferecem componentes maiores e tendem a entregar melhores resultados. É o caso do Moto G7 Power, que conta com bateria de 5.000 mAh e do Galaxy A50, que apresenta componente de 4.000 mAh.
Além disso, o carregador rápido de 15 W que acompanha o aparelho não é referência. São necessários 30 minutos na tomada para alcançar o patamar de 40% e pelo menos uma hora para bater os 70%. O material publicitário fala algo como sete horas de uso após 15 minutos de recarga, mas essa alegação parece distante da realidade.
O One Vision precisa de duas horas ligado na energia elétrica para recarregar por completa. E aquece bastante durante este processo, o que é comum em smartphones com esta tecnologia.
Android One e Moto Ações
O Motorola One Vision faz parte da iniciativa do Google – chamada de Android One – que consiste em oferecer atualizações mais rapidamente. O celular sai de fábrica com Android 9, mas pode ser atualizado para o Android 10 e tem update garantido para a versão 11 do sistema.
Aparelhos desta iniciativa são mais leves porque não podem exagerar na quantidade de aplicativos instalados desde o primeiro momento. Outro efeito disto é o espaço extra no armazenamento para guardar arquivos.
O destaque fica para as Moto Ações. A solução que já é famosa nos celulares da Motorola reconhece variados gestos que ativam funções. Por exemplo, basta o usuário balançar o smartphone para ativar a lanterna.
Como o telefone não conta com botões na parte frontal, o Motorola One Vision funciona de maneira semelhante aos iPhones mais recentes para gerenciar os apps. A barra inferior do aparelho é responsável por substituir as funções dos botões físicos presentes nos dispositivos mais antigos.
A animação abaixo mostra a novidade em ação. Para trocar de aplicativo, é preciso deslizar para direita na parte inferior. Já para acionar o multitarefa, é necessário deslizar de baixo para cima. Tocar na pílula localizada no centro da barra serve para voltar à tela inicial, tal qual o botão Home.
Vale a pena comprar o Motorola One Vision?
O Motorola One Vision é o verdadeiro celular intermediário com principal destaque para a câmera. A função de visão noturna é o grande diferencial por se sair muito bem. No entanto, a bateria pode ser um problema para usuários que procuram um smartphone que consiga ficar um dia inteiro longe das tomadas. O telefone também peca na recarga que pode ser considerada devagar e por não contar com resistência à água.
A câmera de selfies dentro da tela também é algo que deve incomodar. Mas o formato 21:9 tende a agradar os usuários que assistem a vídeos pelo aparelho. O desempenho também é bom para quem gosta de jogos e o armazenamento de 128 GB é um ponto positivo.
Em resumo, o Motorola One Vision serve bem a quem procura um celular intermediário com bom custo-benefício e boa câmera. Caso a proposta da visão noturna não seja um sonho de consumo, concorrentes como o Galaxy A50 podem ser também uma boa opção para usuários que buscam produtos com a mesma faixa de preço.