No que você pensa quando falamos de drones? É possível que venha à cabeça selfies mirabolantes, a cobertura das manifestações de 2013 na capital paulista, ou mesmo as recentes campanhas do exército americano no Paquistão, que contaram com o uso extensivo - e polêmico - de bombardeiros não-tripulados.
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Mas o que se viu na Droneshow Latin America foi um pouco diferente: a primeira feira do setor na América do Sul quis apresentar como drones (também conhecidos como VANTs), longe de áreas militares e redações, podem modernizar atividades comerciais e ajudar na economia local.
O tema da exposição é a maneira com que os drones podem ajudar em diversos ramos de produção. A ideia, segundo Emerson Zanon Granemann, diretor da MundoGeo, empresa responsável pela realização e organização da feira, é “mostrar as inúmeras aplicações dos drones, seu uso comercial intensivo, desde que os profissionais se capacitem para entender os processos de coleta e processamento dos dados e as técnicas de pilotagem segura”.
Claro que andar pelo pavilhão pequeno da feira é, de certa forma, ainda voltar a ser criança: aparatos aéreos de todo o tipo, dos pequeninos aos de envergaduras amplas, cheio de rotores ou parecidos com aeromodelos, capazes de decolagem vertical e até lançados de mini catapultas, enfeitam o ambiente.
Há um inegável apelo meio James Bond à exposição, mas considere, por exemplo, o AIBOTIX X6V2: o esguio corpo alaranjado munido de 6 hélices e um controle capaz de leitura térmica sugerem um brinquedo saído direto da oficina do famoso serviço britânico. A máquina, porém, é desenhada não para agentes secretos, mas sim para geólogos, fazendeiros e engenheiros.
Seu “superpoder” está no fato de que ele é capaz de capturar imagens aéreas em áreas pequenas de forma mais abrangente e menos custosa do que vias tradicionais (que geralmente envolveriam o aluguel de um satélite ou de uma aeronave tripulada) e ainda ser capaz de detectar potenciais perigos de forma precisa para equipes em terra. Seu colega maior, o Leica RCD30, consegue até mesmo carregar compostos e cuidar da pulverização de plantações.
Contextos “malucos” para a utilização das máquinas não faltaram. Além de drones para fazendas e geolocalização, o evento contou com máquinas como o OF-AUV, modelo modificado para gravar um documentário sobre a trajetória do Rio Amazonas, e com ideias como o DroneAqui, uma espécie de “Uber” para interessados pela tecnologia, que une clientes e pilotos profissionais em uma rede colaborativa online.
Nem tudo na feira foi negócio. Renan Medeiros, 27 anos, professor do Instituto Federal da Paraíba contou que seu contato com drones começou por interesse pessoal e hoje desenvolve um projeto de doutorado na área. O professor, que se debruça sobre aplicações de sistemas integrados, tem um modelo em casa, montado por ele mesmo, através de um controlador de código aberto. “Eu digo que estou brincando por enquanto, mas pretendo, depois, partir para uso profissional”, conta Renan.
Mercado e regulamentação
Há um claro otimismo da organização e o plano de crescer não é à toa: a expectativa do time é que, em 2016, o mercado de veículos aéreos não-tripulados fature entre 100 a 200 milhões de reais, e crie ao menos 2 mil postos de trabalho - que virão a somar uma força de trabalho especializada que, segundo levantamento da Associação Brasileira de Multirrotores (ABM), engloba mais de 20 mil profissionais.
O setor, por ora, depende de regulação mais precisa em âmbito nacional. Os Drones, sejam usados para mapear hectares, sejam cobertos de pano para assustar crianças, passam a usar espaço aéreo até o momento regulado para aeronaves tripuladas e balões. A facilidade de carregá-los e, em alguns casos, manipulá-los gera entraves complicados, que vão desde segurança até invasão de propriedade.
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Em Curitiba, por exemplo, a regulamentação de VANTs já foi incluída no Plano Diretor da cidade. Enquanto isso, Associação Nacional de Aviação Civil (ANAC), em conjunto com o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), planeja ainda este ano lançar uma nova regulamentação sobre o tema.
Segundo as novas diretrizes, ficam proibidos os usos de drones estritamente autônomos (é preciso sempre haver um piloto em terra) e qualquer drone precisa ser certificado, independente de peso ou tamanho. Voos recreativos ficam livres de autorização, mas será necessário manter uma distância mínima de 30 metros de outras pessoas, a não ser que elas participem da atividade.
A Droneshow atraiu 2,5 mil visitantes nos dois dias (28 e 29 de outubro) de exibições e palestras, que aconteceu no Centro de Convenções Frei Caneca, em São Paulo.
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