A Snap, dona do Snapchat, pode ser processada por causa de um filtro do aplicativo que teria contribuído para um acidente de carro nos Estados Unidos ao incentivar a alta velocidade. A decisão de permitir o processo é da Corte de Apelos dos Estados Unidos para o 9º Circuito, e se refere a um acidente ocorrido em 2017 com três vítimas fatais. O caso havia sido liberado em 2020, mas foi trazido de volta à tona com a nova decisão.
O acidente aconteceu em Wisconsin, no dia 28 de maio de 2017, quando três jovens morreram quando o carro perdeu o controle, saiu da estrada e atingiu uma árvore. De acordo com as investigações, Jason Davis, de 17 anos, dirigia o veículo enquanto Landen Brown, de 20, registrava a velocidade de 198 km/h com o filtro do Snapchat. No ato da colisão, o carro estaria a 182 km/h. Além dos dois, o acidente também vitimou um outro passageiro, Hunter Morby, de 17 anos.
A nova sentença indica que o aplicativo poderia "recompensar implicitamente" o comportamento perigoso de dirigir em alta velocidade, mesmo quando os usuários preenchem o filtro com os registros de suas próprias velocidades.
Assim, a corte não aponta a Snap como culpado, mas indica que a empresa pode ser processada, pois não teria a proteção da Seção 230 da Lei de Decência nas Comunicações dos Estados Unidos. Em resumo, essa seção evita que os sites, redes sociais e apps sejam processados pelo conteúdo publicado por terceiros — entre eles, os usuários.
A companhia lançou mão desse artigo da lei para se proteger, afirmando que estava apenas disponibilizando uma ferramenta de comunicação para seus usuários, e que não é responsável pelo conteúdo.
Em depoimento na ocasião, os pais disseram que os seus filhos, as vítimas do acidente, acreditavam que o Snapchat daria algum tipo de conquista ou prêmio para quem conseguisse atingir a marca de 160 km/h. Segundo a família, não só seus filhos, mas muitos adolescentes da época confiavam nessa possibilidade, e a Snap saberia disso, ainda de acordo com o depoimento.
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