Modelar e imprimir próteses 3D para humanos e animais a partir de tecnologia e software livre: essa é a nova empreitada de Cícero Moraes, expert em trabalhos tridimensionais. Durante o FISL 17 — Fórum Internacional Software Livre, evento de tecnologia que acontece de 13 a 16 de junho, em Porto Alegre, o especialista explicou como funciona essa experiência, que é capaz de mudar a vida das pessoas.
Moraes é o maior especialista do país em reconstrução facial forense. Ou seja, a reconstituição virtual de rostos humanos a partir de fotos dos seus próprios crânios. Desse modo, conseguiu recriar a face de "homens das cavernas", santos e até mesmo vítimas de assassinato. Tudo com auxílio de softwares e impressoras 3D.
Projeto baseado em software livre
Durante o FISL, Moraes contou que o sistema que pode gerar um modelo 3D a partir das fotos do crânio é baseado no software PPTGui. O especialista também usa um programa de modelagem, o Blender 3D, para desenhar a pele, olhos e demais características. Ambos são software livres, ou seja, possuem código aberto e que podem ser utilizados gratuitamente, além de modificados à vontade.
A aplicação do seu conhecimento na medicina e na veterinária começou quando Moraes foi apresentado a uma impressora 3D, que permite criar modelos virtuais do computador em plástico, como o casco de um jabuti chamado Fred, que ganhou uma "casa nova" feita no computador.
“Fred na verdade é uma fêmea, uma jabota”, explica Moraes. "O casco dela sofreu combustão numa queimada. A partir da reconstituição em 3D, pudemos imprimir a parte queimada com uma impressora 3D e acoplá-la ao resto do casco. A cirurgia durou quatro horas”, conta.
Junto com os veterinários Paulo Miamoto e Roberto Fecchio, Moraes já modelou e imprimiu próteses para outros dez animais em impressoras 3D já disponíveis no mercado brasileiro — na sua maioria aves que perderam o bico em algum acidente quase fatal.
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Moraes também tem trabalhado com medicina humana. Junto com o cirurgião-dentista Everton da Rosa, cria modelos 3D de rostos de pacientes que necessitam de cirurgia ortogmática (correção facial).
O que uma impressora 3D é capaz de fazer? Veja exemplos incríveis
Esse modelo orienta o trabalho do cirurgião, servindo de guia para o recorte cirúrgico dos ossos. Também é possível simular, em software, como ficará aparência do paciente após a cirurgia. A experiência começou em 2014 e já deu origem a um curso de modelagem 3D voltado para dentistas.
Quanto à impressão de próteses 3D para humanos, ainda há um caminho legal a percorrer: a Anvisa não permite o uso de próteses sem registro. É uma medida para proteger o paciente e responsabilizar o cirurgião. Entretanto, Moraes está buscando caminhos para viabilizar essa realidade.
“Estamos buscando junto aos órgãos reguladores, criando documentos, fazendo testes de resistência. Depois, queremos criar um curso para ensinar essa técnica. De certa forma, estamos criando uma nova profissão: a de técnico de modelagem 3D aplicada à saúde,” celebra.
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