A Canonical, empresa responsável por manter e atualizar o Ubuntu, anunciou esta semana que está desistindo dos celulares com o Ubuntu Phone. O Ubuntu é a distribuição Linux mais usada no mundo e Mark Shuttleworth, fundador da Canonical, queria aproveitar a relevância do software e atuar também no disputado mercado de celulares e tablets.
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O Ubuntu para smartphones, como ficou conhecida esta versão do sistema, começou a ser desenvolvido por volta de 2010 e tinha uma proposta bem ousada: unificar o sistema operacional em diferentes plataformas, como PCs desktops, celulares, tabletes e até Smart TVs.
Para que o Ubuntu Phone fosse possível, a Canonical resolveu mudar a interface padrão do sistema operacional. O tradicional e bem aceito visual Gnome foi trocado pela nova interface Unity, inovadora para época.
Visando atrair mais os usuários leigos, o Unity era bastante simples e intuitivo. Totalmente baseado em gestos, o usuário podia controlar o software e os aplicativos com poucos toques na tela — bastante similar ao que se faz no Android e no iOS (iPhone). Era possível, por exemplo, deslizar os dedos pelas bordas da tela para alternar os apps abertos ou até mesmo abrir o menu.
Em teoria, seria também possível usar o celular como um desktop. Bastava conectar um teclado, mouse e monitor para que o Ubuntu Phone se transformasse no Ubuntu tradicional. Isso muito antes do surgimento do Continuum da Microsoft ou do dock Samsung DeX, lançado juntamente com o Galaxy S8 e que traz esta mesma premissa.
Infelizmente, poucas empresas acreditaram no potencial do sistema operacional. Apenas a espanhola BQ e a chinesa Meizu lançaram smartphones com o Ubuntu e, mesmo assim, sem a funcionalidade de transformá-lo em um desktop. O primeiro smartphone com Ubuntu Phone a chegar às lojas foi o Aquaris E4.5 Ubuntu Edition, da BQ. Vendido apenas na Europa no ano de 2015, o modelo não fez muito sucesso.
Volta às origens no desktop
Antes disso, a Canonical já havia tentado lançar um celular com Ubuntu Phone por meio de uma campanha no site financiamento coletivo Indiegogo, em 2013. Tratava-se do Ubuntu Edge, que teria um hardware poderoso: 4GB de RAM, 128 GB de espaço interno e até mesmo dual boot com o Android. Porém, a campanha foi um fracasso e acabou sendo arquivada.
Portanto, devido à baixa aceitação do público e especialmente da comunidade de software livre, Mark Shuttleworth decidiu interromper o desenvolvimento do projeto e voltar às origens nos computadores.
A partir da versão 18.04 LTS do Ubuntu para computadores tradicionais, que chegará em abril de 2018, os gráficos do modo Gnome voltarão para a interface padrão do sistema operacional, em detrimento ao Unity 8.
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