Life is Strange: Before the Storm, o prólogo da série para PS4, Xbox One e PC, chega ao final em seu terceiro episódio, Inferno Vazio. O capítulo revela os segredos da vida de Rachel, verdades escondidas e pede que Chloe tome sua decisão mais difícil. Entretanto, acaba por não responder parte das questões deixadas na primeira temporada. Confira a análise.
Todos os demônios estão aqui
Inferno Vazio retoma a última cena de Admirável Mundo Novo para explicar, em detalhes, o segredo da família Amber, que finalmente veio à tona naquele fatídico jantar. Enquanto Rachel tenta lidar com o peso das escolhas de seu pai, Chloe decide ficar ao lado da amiga e assume uma responsabilidade que a coloca em situações de extremo risco a curto prazo.
Com acertos no roteiro e momentos memoráveis do segundo episódio, era de se esperar que o último fosse o mais impactante. Afinal, todas as decisões que Chloe tomou (ou não) deveriam eclodir na reta final. Esta é a impressão que temos logo de início, contudo, uma sensação de vazio se mostra presente em todas as cenas do capítulo de maneira mais negativa do que positiva.
O mundo é um palco
Before the Storm não é sobre eventos sobrenaturais – o único poder de Chloe é a sua língua afiada. O jogo é sobre pessoas, suas vidas e conflitos que acabam por colidir diretamente com a violência da cidade. É uma história sobre como vícios e decisões incertas podem assombrar uma vida. Uma aventura sem o controle do tempo, para explicar que talvez as
O game apresenta um palco onde todos os personagens interpretam papéis diferentes – e mais de um ao mesmo tempo. Por mais que a viagem no tempo seja o verdadeiro destaque da primeira temporada, a decisão de abandonar esse tema não poderia ter sido melhor. Assim, foi possível conhecer e se apegar (ou detestar) rapidamente os personagens e seus dramas pessoais.
As estrelas já estão mortas
O terceiro episódio de Before the Storm não nos deixa esquecer que é um prólogo. Para quem jogou a primeira temporada, há uma sensação de vazio e melancolia constante, que se choca com a esperança de uma linha do tempo alternativa para as duas personagens. Infelizmente, isto não acontece. Entretanto, o título tenta, à sua maneira, preencher as lacunas deixadas pelo primeiro Life is Strange, mas sem modificar os acontecimentos original – o que já é difícil por si só.
Há sempre espaço para críticas, ainda mais por se tratar de um jogo de escolhas sem certo e errado. No entanto, não podemos desconsiderar que Deck Nine fez um excelente trabalho em dar vida ao passado da misteriosa Rachel. Especialmente, em desenvolver o passado de Chloe – com diários detalhados – e de tantos personagens deste universo. Até porque a tarefa não era uma das mais fáceis, se levarmos em conta que este é o começo de uma história cujo final já sabemos.
O problema começa quando o vazio, que deveria estar apenas na parte sentimental, quebra qualquer impacto que o episódio poderia ter ao encerrar a trama. Assim como o tempo não pode corrigir certos eventos, Before the Storm sofre com o mesmo defeito dos últimos episódios de Life is Strange; boas ideias e uma má execução.
As verdades que escondemos
Inferno Vazio está cheio de inconsistências que, em parte, são causadas pela velocidade como o episódio conclui os acontecimentos. A história, que deveria ser focada em Chloe e Rachel, sofre um momento de quebra e perde o foco. A amiga de Chloe quase não aparece no último episódio e dá lugar a vários problemas que a garota de cabelo azul deve resolver sozinha.
O grande problema é que não houve tempo suficiente para fechar cada um desses conflitos. Da mesa do jantar, Chloe acaba em um hospital e logo depois está envolvida com traficantes de drogas. Não há intervalo suficiente entre um e outro para que o jogador possa respirar, processar e entender o que acabou de acontecer. O episódio perde o fôlego da metade para o fim e deixa um misto de confusão e insatisfação, um gosto amargo de quero mais.
Por mais que a última decisão seja uma das mais difíceis de Before the Storm, não há muita diferença entre as cenas finais. Outros personagens, como Elliot, se perdem em momentos em que deveriam brilhar e mostrar o melhor (e o pior) de suas personalidades. Algumas conversas são bem estranhas, com diálogos robóticos e a mecânica de bate-boca é pouco aproveitada. A complexidade da trama pede de um episódio a mais para desenvolver melhor tantas ideias boas.
Como se trata de um prólogo, é de se esperar que as decisões tenham uma repercussão menor. O fato é que jogo responde perguntas, se desenvolve bem e realmente emociona, mas derrapa na linha de chegada. E falha em oferecer um fechamento para as escolhas importantes. Se você espera por uma resposta sobre o relacionamento de Chloe e Rachel, ficará decepcionado. O que aconteceu nos próximos três anos fica a cargo da sua imaginação.
Conclusão
Life is Strange: Before the Storm é emocionante e tem personagens bem escritos. A escorregada no final pode até deixar um gosto de decepção na boca dos fãs, mas isto não anula seu início promissor e o segundo episódio espetacular. A história de Chloe também é uma viagem no tempo, só que nos leva a conhecer a calmaria antes da tempestade. É um game que vale a pena para quem jogou o primeiro ou está querendo entrar nesta teoria do caos.
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