O FontCode promete adicionar conteúdos extras, como vídeos ou material complementar, a partir da foto de uma imagem ou de um texto em cartaz, por exemplo. O método pode substituir o QR Code e o código de barras sem utilizar nenhum elemento gráfico adicional no layout. A estratégia está em esconder os caracteres entre as letras.

Desenvolvida por pesquisadores da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, a técnica altera as dimensões das fontes mais populares, como curvas, alturas e larguras. Dessa forma, permite criptografar mensagens como se fosse uma "tinta invisível" por trás. Para visualizar o conteúdo, assim como em um leitor de QR Code, basta apontar a câmera do smartphone para a imagem e aguardar a decodificação dos dados.

FontCode pode substituir QR Code com mensagens escondidas sem códigos visuais (Foto: Divulgação/Computer Science Columbia)

O método de incorporação de informações em textos é pensado principalmente para a segurança, pois consegue passar despercebido com as mudanças visuais sutis. No entanto, o algoritmo também tem potencial para ser usado em museus e em jornais para disponibilizar um conteúdo extra para assinantes, por exemplo, sem precisar de um código de barras que prejudique o design.

"A informação oculta, embora não visível para humanos, é legível por máquina, assim como os códigos QR e de barras são instantaneamente legíveis pelos computadores. No entanto, ao contrário deles, o FontCode não estraga a estética visual do material impresso e sua presença pode permanecer secreta", diz Chang Xiao, um dos dese

... nvolvedores da ideia.

Cada parte de um texto pode receber uma URL, uma foto ou um documento escondido (Foto: Divulgação/Computer Science Columbia)

Como funciona

Ao definir o material a ser encriptado (pode ser um link, uma foto, um vídeo, um documento), o algoritmo do FontCode recebe a informação e transforma a mensagem em números, camuflados entre as letras do texto. Como na imagem abaixo, o "d" da palavra "looked" passou por uma mudança para esconder um caractere, praticamente imperceptível a olho nu.

Letra "d" da palavra "looked" teve a curva alterada para esconder caractere (Foto: Divulgação/Computer Science Columbia)

De acordo com os cientistas, cada letra tem 52 variações de curvas e linhas. Elas podem ser de fontes conhecidas como Helvetica e Times New Roman. Letras como "a", "g", "d" e "m" são as mais alteradas, pois possuem bordas compatíveis para esconder informações — diferente de caracteres como "i", "l" e "j".

Após a criptografia, a informação fica escondida no texto até a leitura do conteúdo pelo app com o algoritmo desenvolvido. Treinado para reconhecer as alterações, o software com machine leaning (aprendizagem de máquina) identifica os caracteres e, em segundos, abre o material secreto.

Hiperlink

Algoritmo identifica em quais partes do texto a mensagem secreta pode ser introduzida (Foto: Divulgação/Computer Science Columbia)

A técnica de esteganografia, usada para ocultar a existência de uma mensagem, não é nova na Internet e já é utilizada de diversas formas, principalmente por grupos criminosos para trocar informações disfarçadas dentro de imagens. No entanto, o FontCode traz pela primeira vez uma forma de desvendar os recados a partir de um material impresso, sem ser por códigos QR.

"A questão era como podemos projetar um objeto físico comum para transmitir informações digitais sem comprometer a funcionalidade existente. Eu chamo isso de hiperlink entre um objeto físico e uma informação digital", afirma Changxi Zheng, cientista da computação também responsável pelo FontCode.

Mensagem secreta é convertida em números, camuflados entre as letras como "tinta invisível" (Foto: Divulgação/Computer Science Columbia)

Segundo os testes realizados pelos pesquisadores, mesmo ao tentar converter os arquivos ou copiar e colar os textos, as mensagens continuam criptografadas. Assim, o conteúdo permanece disponível apenas para os destinatários, que sabem do material disfarçado e têm acesso ao aplicativo com o algoritmo. Além disso, os dados podem ser lidos mesmo com desgaste do suporte, manchas ou má iluminação.

Próximos passos

Por enquanto, o FontCode está em fase de testes e fica somente na expectativa de suas aplicações na área de segurança ou de compartilhamento de informações. Ainda em 2018, a equipe responsável pela iniciativa irá apresentar a técnica na Conferência do Grupo de Interesse Especial sobre Computação Gráfica e Técnicas Interativas (SIGGRAPH, sigla em inglês), em Vancouver, no Canadá.

Celular não lê QR Code: o que fazer? Confira no Fórum do TechTudo.



>>> Veja o artigo completo no TechTudo