Resident Evil 2 Remake é o retorno do clássico da Capcom de PlayStation 1 para PS4, PC (Steam) e Xbox One com lançamento em 25 de janeiro. Leon e Clair estão de volta na história, assim como no original, porém novos elementos de jogabilidade e perspectiva de visão que começou a ser utilizada em Resident Evil 4 foram adicionados. Na análise a seguir, o jogo de terror assombra com gráficos realistas, zumbis inéditos, Mister X e uma Racoon City reformulada. Confira o review de RE2:
De volta a Racoon City
Assim como milhões de outros jogadores, Resident Evil 2 foi marcante em minha vida. Lembro das curiosidades do game original como se fosse ontem: dois CDs (um para cada personagem), as impactantes cenas de animação, e a forma ideal para resolver alguns puzzles. Conforme o jogo foi se tornando algo do passado, esses mesmos fãs, nos quis me incluo, sempre sonharam com uma nova versão do clássico. Mas como trazer de volta algo tão marcante em um mundo games tão diferente como hoje?
Os principais desenvolvedores do game debateram a mesma questão e criaram uma incrível mescla entre o passado e o presente. É possível notar isso desde os primeiros passos e animações, até a conclusão da história de cada um dos personagens. RE 2 Remake trouxe mistura na qual, ao mesmo tempo em que meus olhos brilhavam com o retorno de alguma cena marcante, esses mesmo olhos se espantavam com as mudança que esses mesmo eventos ganharam.
Se você é um jogador antigo como eu, prepare-se para se encantar com o reencontro de personagens, se assustar novamente com as aparições de criaturas em momentos inesperados, e se vangloriar ao solucionar aquele mesmo puzzles do passado. Você irá se surpreender com determinados rumos e se decepcionar achando que sabia um caminho que na verdade ele mudou. E acreditem: é um sentimento tão satisfatório que fica difícil explicar.
Agora, se você é um fã novato, que não teve a oportunidade de conferir Resident Evil 2 nos anos de ouro, a oportunidade chegou. E com a vantagem de uma jogabilidade mais apurada e gráficos da geração atual.
O velho enredo com uma boa dose de novidades
A história de Resident Evil 2 Remake se inicia praticamente da mesma forma. Leon Kennedy é um jovem policial que, logo no seu primeiro dia de trabalho, se depara com uma série de problemas, como uma cidade devastada e infestada de zumbi (quem nunca?). Já Claire Redfield, está em busca de seu irmão Chris (protagonista do primeiro jogo) que está desaparecido já faz um tempo. Ambos acabam indo parar em um dos poucos lugares "seguros" de Racoon City: a delegacia de polícia.
O desenrolar de toda essa trama é basicamente o mesmo para quem jogou o título em sua primeira versão. Mas, para espanto de todos nós, há uma série de surpresas ao longo do jogo que, mesmo alterando alguns pontos da história, faz com que o game tenha uma cara diferente. E acreditem, todas elas foram inseridas cirurgicamente de uma maneira que até mesmo o fãs mais críticos não irão se desapontar.
Também é interessante ver como a Capcom mesclou esses elementos velhos e novos em um dos grandes carros-chefes de Resident Evil 2: suas cenas de animação. Por exemplo, a icônica c
Porém, confesso que fiquei decepcionado com a forma com que os roteiros dos personagens se dividem. Curiosamente, agora estão mais similares do que na versão original, fazendo com que na primeira hora, praticamente seja o mesmo percurso para Leon ou Claire. Porém, depois do primeiro quarto de jogo, as coisas mudam e os caminhos seguem enredos diferentes, se aproximando novamente na parte final.
O tempo de jogo também ficou bem maior. É preciso cerca de 8 a 10 horas para terminar a história pela primeira vez. Entretanto, depois de concluída, é possível terminar o jogo em menos tempo, aproximadamente 4 horas. E, claro, as recompensas por tempo e quantidade de saves também estão presentes. Mas não vou entrar em detalhes para não estragar as surpresas.
De cara (totalmente) nova
Se tratando de um jogo feito há quase 21 anos, Resident Evil 2 Remake obrigatoriamente precisava vir como gráficos atuais. A Capcom já traz uma boa experiência em relação ao assunto, como no caso do primeiro Resident Evil que, ainda na geração 128 bits, ganhou novos gráficos, tornando-se praticamente um jogo novo.
O avanço da tecnologia só fez bem a Resident Evil 2 Remake. Me arrisco a dizer que, se este game fosse produzido no mesmo período em que o primeiro capítulo foi refeito, o trabalho não seria tão aclamado. Principalmente em relação a qualidade visual e efeitos de luz e sombra. O jogo pode não ser tão assustador quanto RE7, mas ainda sim é de tirar bons sustos. Eu conto em torno de umas seis vezes em que dei um pulo da cadeira diante de alguma surpresa. Acredite, você pode ser a pessoa mais precavida do mundo, e assim mesmo vai se assustar em algum momento.
E esses momentos só ganham um ar ainda mais desesperador justamente por essa ambientação muito mais sombria de RE2 Remake. Os corredores de quase toda a delegacia são pouco iluminados, sendo a sua lanterna a única fonte de luminosidade da área. Além disso, na época, era fácil distinguir um elemento que não era do cenário, como zumbis caídos e janelas que se quebram. Com esse novo visual, a qualquer momento uma criatura pode surgir de uma porta, teto ou de qualquer parte possível, sem qualquer forma de premeditar essa ação. Outro ponto interessante é que quando os personagens usam algum tipo de artefato explosivo, consequentemente o ataque cria uma chama que, além de ser muito bem reproduzida, ilumina bastante a área afetada.
Também merece destaque a composição dos personagens. Se no game original, praticamente todos os zumbis eram muito similares, agora há uma variedade que ajuda até mesmo na hora de saber se você já eliminou ou não uma determinada criatura. O mesmo vale para outros monstros, como os Lickres e o icônico William Birkin e seu terceiro olho no ombro, que por conta do realismo, consegue assustar ainda mais em sua nova versão.
Para completar, o efeitos de áudio de Resident Evil 2 Remake são um show à parte. Durante os testes, usei o headset Razer Nari Ultimate, que consegue reproduzir um som estéreo com uma localização bem apurada. Isso me ajudou muito, principalmente em cenas em que alguma criatura se aproximava, ou para saber de onde vinham os passos de Mister X (explicarei sobre o vilão mais adiante no texto).
Com isso, para imergir de uma forma ainda mais profunda no jogo, recomendo muito o uso de headsets ou de um sistema de som apurado o suficiente para que você possa saber distinguir de onde vez determinado barulho. Claro que isso também faz com que os sustos sejam mais intenso, porém, jogar Resident Evil sem se assustar é o mesmo que ir à Disney e não ver o Mickey.
Jogabilidade repaginada que agrada demais
Outro elemento que conta com mudanças significativas é a jogabilidade. A começar pela visão em terceira pessoa, que foi implementada pela primeira vez em Resident Evil 4 e desde então foi utilizada em todos os outros jogos até o último capítulo: Resident Evil 7, que optou pela visão em primeira pessoa.
Essa mudança na perspectiva de jogo ajuda de todas as formas. Desde facilitar a exploração dos cenários, até os combates nos corredores apertados, uma vez que em sua primeira versão eu lutava contra os inimigos e contra a mudança repentina de câmeras a cada troca de localidade. Assim também ficou mais fácil encontrar itens do cenário que agora além de receberem uma espécie de sinalização quando você se aproxima deles, também ficam marcados no mapa caso você tenha passado por algo despercebido. Esse mapa que agora também sinaliza caso você tenha deixado passar alguma coisa em uma determinada área.
Nos combates, mirar usando a visão em terceira pessoa facilita demais na hora de atirar contra seus oponentes. É possível focar seus disparos na cabeça, na qual sabemos que é a forma mais eficiente de derrotar zumbis e lickers. O remake também agregou novas armas, como granadas que podem ser arremessadas ou usadas para se livrar de um ataque corpo a corpo. Falando nisso, a faca, elemento crucial da primeira versão, volta de uma forma diferente. Agora era se desgasta e quebra após o uso contínuo, sendo necessário encontrar outras já que as balas também são escassas e seus inimigos não facilitam nem um pouco.
Sobre eles, há uma dificuldade bem maior na nova versão do jogo. Jogando com Leon na dificuldade Normal, tive que suar a camisa para eliminar Lickers com a pistola 9mm, já que as balas da escopeta parecem sumir em um determinado ponto do game. Mesmo contando agora com um sistema de combinação de pólvora para criar novos projéteis, ainda sim é preciso balancear bem seus disparos e optar por correr de determinados zumbis ao invés de querer deixar a delegacia vazia só para você.
Para isso, Resident Evil 2 também traz mais uma carta na manga: um sistema de bloqueio de janelas. Se na primeira versão você ficava quebrando a cabeça imaginando como surgiam zumbis do nada, já que eles não abriam portas, o remake traz a resposta para isso: é da janela que eles surgem! Sendo assim, você pode procurar madeiras por toda a delegacia e colocar em determinadas aberturas para que não fiquem surgindo hordas de criaturas a todo momento.
Por exemplo, perto de uma sala onde fica um save point, havia uma janela na qual toda hora me deparava com um zumbi que não facilitava minha passagem. A solução foi revirar o cenário até finalmente ter paz e um ponto de fácil acesso ao "save" a qualquer momento.
Novos e velhos inimigos
Sem dúvidas o mais legal de Resident Evil 2 foi reencontrar velhos inimigos. Não há como contar a euforia junto ao medo de encarar novamente William Birkin em sua forma monstruosa, com aquele olho gigantesco em seu ombro. O mesmo sentimento vale para o reencontro com crocodilos gigantes, lickers e outras criaturas que não irei revelar por motivos de spoillers.
Mas também há um enorme espaço para a inclusão de outros novos inimigos. Entre eles, destaque para Mister X, que funciona como uma espécie de Nemesis de RE 3, perseguindo Claire a todo momento, entrando em praticamente todas as salas. Dessa forma, você é obrigado a pensar mais rápido e traçar uma estratégia para evitar o confronto contra o grandalhão.
As personagens Ada e Sherry também dão o ar da graça e você novamente precisa controla-las em um determinado momentos da história. Entretanto, suas curtas narrativas também mesclam entre o velho e o novo, fazendo com que não seja meras coadjuvantes na trama. O mesmo vale para velhos inimigos, que agora podem mostrar mais suas personalidade e histórias.
Os puzzles voltaram!
Uma das características mais marcantes dos primeiros títulos da franquia Resident Evil eram os seus puzzles. Para avançar no jogo não bastava apenas eliminar as criaturas pelo caminho e seguir pelos corredores. Era preciso resolver enigmas que muitas das vezes não se limitavam apenas a adivinhar códigos ou acertar uma combinação de desenhos, mas sim ter que revirar os cenários atrás de peças que, quando combinadas a outros elementos, permitiam resolver um determinado quebra-cabeça e seguir no jogo.
Resident Evil 2 Remake resgata muito bem essa essência. Os fãs mais antigos não levam vantagem, já que boa parte dos acontecimentos não seguem à risca o roteiro original. Sendo assim, será preciso procurar anotações para revelar códigos, examinar itens que dão acessos a outros itens e até mesmo ser eficaz para entender algumas piadinhas para solucionar um enigma.
Confesso que, mesmo resgatando boa parte dessa mecânica que consagrou a franquia, achei os novos puzzles bem simples de serem solucionados. Em momento algum fiquei parado no jogo sem saber o que fazer, o que frequentemente acontecia nos primeiros títulos da série. Mesmo assim, ainda é preciso vasculhar e muito cada parte do cenário e sempre examinar um item depois de acioná-lo no inventário.
É interessante relatar o cuidado com que a Capcom fez para inserir elementos mais atuais dentro desse contexto. Por exemplo, em uma determinada parte do jogo, será preciso encontrar uma chave USB para inserir ao computador central e então desbloquear uma porta. Vale lembrar que nos primeiros jogos isso era feito com outros elementos, como CDs e disquetes. Uma sacada simples que dá ainda mais um ar de modernidade ao jogo.
Conclusão
Resident Evil 2 Remake é um presente não apenas para os fãs da franquia, mas para todos os jogadores. O game consegue balancear entre o velho e o novo, com um enredo totalmente fiel e com espaço para novidades que chegam para agregar, tudo isso junto a gráficos da atual geração e uma jogabilidade totalmente reformulada que cai como uma luva. O novo RE 2 reinventa o conceito de remake e se torna um exemplo no qual muitos clássicos do passado deveriam seguir o mesmo caminho.
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