A polêmica sobre a atuação da Huawei ganhou novos contornos nesta semana, depois que um professor do Vietnã divulgou um estudo que indica relação entre funcionários da gigante chinesa e a ditadura da China. O pesquisador Christopher Balding analisou mais de 590 milhões de currículos vazados na internet e chegou a uma centena de profissionais da Huawei com atuação nas forças de segurança. A notícia pode complicar a situação da Huawei diante do governo dos Estados Unidos, onde enfrenta restrições. Faz pouco mais de uma semana que as tensões foram aliviadas.

Por meio de nota, a companhia disse que “não pudemos comprovar nenhum desses chamados 'CVs dos Funcionários da Huawei' que o Professor Christopher Balding está citando. Assim, não podemos confirmar a veracidade de todas as informações publicadas online” (confira o posicionamento completo ao fim do texto). Um porta-voz também disse que a Huawei não teve acesso aos currículos.

A intenção do estudo era investigar se a Huawei era um braço do governo chinês criado para espionar os Estados Unidos. Esta situação contribui para o argumento utilizado pelos EUA para impedir que a empresa tivesse livre acesso comercial ao território norte-americano. Embora o país sinalize que a Huawei fornece caminhos tecnológicos para a China, o presidente da companhia, Ren Zenghfei, já declarou que prefere fechar a empresa que espionar qualquer governo.

Apesar do número de currículos processados por Balding e sua equipe – cerca de 65 mil, dos quais 25 mil pertencem a atuais e antigos funcionários da Huawei –, a pesquisa sofreu algumas críticas a respeito da falta de aprofundamento. O pesquisador respondeu a um post na internet dizendo que não era sua intenção se aprofundar devido à urgência do tema.

“Em um mundo ideal, levamos de 6 a 12 meses e realizamos um estudo aprofundado e abrangente. A realidade é que os países estão tomando decisões cruciais agora mesmo envolvendo a Huawei”, escreveu ele. Num dos casos apresentados, um profissional da área de pesquisa e desenvolvimento na empresa asiática também trabalhou simultaneamente no Ministério da Segurança Estatal. A pessoa em questão teria envolvimento na intercepção de dados.

Mesmo desacreditando a pesquisa, a Huawei revelou que a empresa faz seleção com candidatos que possuem antecedentes militares. Destacou que eles só avançam no processo quando comprovam o rompimento com o aparato estatal. “Os candidatos são obrigados a fornecer documentação provando que eles terminaram suas relações com os militares ou o governo”, explicou a fabricante.

Ainda acrescentou que entende a necessidade de pesquisas sobre a transparência da empresa em relação à segurança cibernética, mas manteve a crítica diante do estudo de Balding por considerá-lo muito “especulativo”.

O que diz a Huawei

“Após verificação preliminar, não pudemos comprovar nenhum desses chamados “CVs dos Funcionários da Huawei” que o Professor Christopher Balding está citando. Assim, não podemos confirmar a veracidade de todas as informações publicadas online.

A Huawei mantém políticas rígidas para contratar candidatos com histórico militar ou governamental. Durante o processo de contratação, esses candidatos são obrigados a fornecer documentação provando que eles terminaram suas relações com os militares ou o governo.

A segurança cibernética e a proteção da privacidade foram e sempre serão nossas principais prioridades. A Huawei realiza verificações de antecedentes e fornece treinamento prévio ao trabalho com esta finalidade para os funcionários que acessam redes de clientes e dados. A Huawei exige que todas essas operações de fu

... ncionários sejam autorizadas e monitoradas pelos clientes. Essa exigência institucional permitiu que os produtos e serviços da Huawei atendessem bem a nossos clientes globais nos últimos 30 anos.

A Huawei entende que as preocupações com a segurança cibernética são primordiais no mundo digital. Relatórios profissionais e factuais sobre as investigações sobre a transparência da Huawei são bem-vindos. Esperamos que quaisquer trabalhos de pesquisa posteriores contenham menos conjecturas ao tirar suas conclusões e evitem tantas declarações especulativas sobre o que o professor Balding "acredita", "infere" e "não pode descartar".

Via Business Insider e Finantial Times



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