Nioh 2 é a sequência da popular franquia de ação assinada pelo estúdio japonês Team Ninja. Disponível para download apenas pelo PlayStation 4 (PS4), com uma versão para PC sendo lançada em breve, o segundo jogo herda o combate refinado do primeiro. Inspirado em Dark Souls e Bloodborne, a jogabilidade não hesita em dar um salto no quesito dificuldade, tornando-se um dos games mais desafiadores da atual geração.
Suas lutas surpreendem pelo nível de violência e agressividade, com combates viscerais. Quer saber os prós e contras do lançamento? Confira, no review a seguir, a análise completa de Nioh 2.
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Menos história, mais gameplay
Embora seja uma sequência, a história de Nioh 2 se passa antes dos eventos de seu antecessor. Em vez de dar continuidade ao final da era Sengoku, em 1600, uma violenta geração marcada por guerras civis, o game volta no tempo para mostrar os acontecimentos iniciais, inclusive resgatando personagens conhecidos.
Diferentemente da aventura inicial, o título abandona o protagonista William Adams e permite criar um personagem novo, personalizado, a partir de um robusto sistema de criação. Pelo fato de não haver uma narrativa centrada, a ausência de um herói pré-definido é sentida logo nos primeiros minutos.
Não há como negar que a qualidade da história caiu, já que ela é tratada como um mero complemento à jogabilidade, isto é, algo secundário, sem a devida profundidade que o gênero exige. Em Nioh 2, a desenvolvedora Team Ninja deixou de lado sua habilidade de contar histórias para focar no que realmente importa aos adeptos do souls-like: o combate.
Veja também: assista ao vídeo sobre como eliminar a Fera Clerical em Bloodborne
Difícil e brutal ao quadrado
Rápido, exigente e com controles precisos, o combate visceral e com toques de hack and slash continua sendo o grande atrativo. As lutas compassadas demandam uma postura ofensiva (que ainda requer estratégia), uma vez que os oponentes são agressivos, agem com velocidade e estão sempre acompanhados de outras criaturas.
Prepare-se para morrer muito e repetir à exaustão os mesmos trechos até ter pleno domínio da movimentação inimiga e dos caminhos a serem percorridos no mapa. O masoquismo herdado de Dark Souls foi elevado ao quadrado: os inimigos ficaram mais poderosos e você, é claro, mais vulnerável.
Se uma fase pede o nível 35, por exemplo, saiba que você terá dificuldades em avançar mesmo estando 10 ou 15 níveis acima. Evoluir o personagem e distribuir os pontos entre seus atributos com certeza vai ajudar, só que Nioh 2 vai insistir para que você fique mais habilidoso. Com um quê de Sekiro: Shadows Die Twice, a curva de aprendizado é punitiva, demorada e não depende tanto de um sistema de progressão.
Como se não bastasse a dificuldade extrema, o game não mede esforços para apimentar a jornada com o reino Yokai. Trata-se de uma área amaldiçoada por demônios que, quando purificada, concede pontos de experiência e recompensas raras ao jogador. O problema é que a barra de ki dentro do portal é reposta de forma lenta, enquanto as criaturas ficam resistentes e causam mais dano. Ficar ali dentro é um verdadeiro pesadelo (no bom sentido).
Você ainda pode alterar a postura de combate durante as batalhas para baixa, média ou alta, o que garante uma flexibilidade maior na hora de definir a abordagem ideal. A boa notícia é que há novas armas à disposição, como a machadinha, uma foice-borboleta, a tonfa e a tradicional lâmina odachi, uma longa espada usada por samurais na época do Japão feudal.
A principal mudança, no entanto, é a possibilidade de se transformar
Você também pode absorver as almas de criaturas mais fortes para vinculá-las ao espírito-guardião e, a assim, se apoderar de seus ataques especiais. É possível executar técnicas inusitadas ao combinar botões em sequências, contanto que a barra de habilidade esteja cheia. A inclusão de um medidor de poder é bem-vinda, porém é mais um aspecto a ser gerenciado no calor dos confrontos.
Um tanto familiar
De resto, nada realmente mudou. As armas têm níveis de raridade e são geradas de forma aleatória em um sistema de equipamentos à la Diablo, e há um sistema online de cooperação em que é possível solicitar ajuda a outros jogadores desde que você tenha “Copos de Ochoko” no inventário. As árvores de habilidades estão presentes, os menus estão ali e o Dojo, o local de treinamento, permanece inalterado.
O level design, por sua vez, já não entrega a mesma variedade do primeiro jogo e deixa transparecer que tudo foi meio que reciclado pela desenvolvedora Team Ninja. A descoberta de um novo atalho ou área secreta já não tem o mesmo impacto de antes. Alguns mapas, inclusive, aparentam ser menores, mais lineares e sem tantos segredos a serem explorados.
Com relação ao visual, Nioh 2 apresenta a mesma qualidade gráfica do game original. Mesmo com o jogo rodando em um PlayStation 4 Pro, arriscamos dizer que não houve qualquer mudança relevante nesse quesito. Aliás, a sensação de já ter visto os mesmos ambientes e modelos lá no início de 2017 (período em que o primeiro game foi lançado) é incontestável.
Felizmente, isso não quer dizer que o jogo esteja com a qualidade gráfica aquém do esperado. Ele segue lindo e cumpre muito bem o papel de contextualizar o jogador a um dos episódios mais conturbados do Japão antigo, além de reproduzir com fidelidade algumas das tradições e mitologias características da época. É muito legal se aventurar por cenários lotados de detalhes cuidadosos e referências à atmosfera feudal.
Conclusão
Nioh 2 eleva sua dificuldade ao quadrado e complica a vida do jogador de forma sádica e um pouco gratuita, então não é exatamente a melhor porta de entrada a novatos. Longe de reinventar a roda, o game preserva a base de seu predecessor com bastante conteúdo e traz acréscimos bem-vindos ao combate que, querendo ou não, se mantém como um dos suprassumos do gênero souls-like.
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