Valorant é a nova aposta da Riot Games no gênero de jogos de tiro, lançado grátis em 2 de junho de 2020 para PC. A empresa faz bastante sucesso com o MOBA competitivo League of Legends (LoL), mas agora traz um universo diferente do que ela e seu público estão acostumados, com personagens, mecânicas e fundamentos inéditos. O game será um esforço contínuo da produtora, e deve receber atualizações de balanceamento e novos conteúdos com o tempo para engajar uma comunidade promissora.
O título busca atrair não apenas os fãs mais tradicionais de FPS, mas também uma nova geração de jogadores que pode dar uma chance e descobrir um novo game favorito. Vale lembrar que ele ultrapassou 1,6 milhão de visualizações simultâneas na Twitch TV antes mesmo do seu lançamento. Mas será que realmente corresponde às expectativas? Confira, no review a seguir, os prós e contras de Valorant.
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Uma fórmula já conhecida
A princípio, Valorant não traz nada que o mundo dos games já não tenha visto. Não à toa, ele é muito comparado a títulos como Counter-Strike: Global Offensive (CS:GO) e Overwatch. A comparação com o primeiro se justifica principalmente pelo seu estilo mais técnico, no qual um tiro bem dado pode ser o suficiente para matar um inimigo. Já com o segundo, pelas habilidades únicas dos personagens que permitem estratégias e composições de equipes variadas e específicas.
O objetivo principal também lembra bastante o jogo competitivo da Valve: dois times com cinco atacantes se enfrentam nas partidas. De um lado, uma equipe deve plantar uma bomba chamada Spike e escoltá-la até o momento da explosão; no outro time, cinco defensores precisam neutralizar os adversários e desarmar a bomba caso seja plantada em alguma das zonas do mapa.
Para garantir a vitória da partida, 13 rodadas devem ser vencidas. No início de cada round, os jogadores têm de se equipar com armas, armaduras e poderes dos personagens — com um sistema de economia semelhante ao de Counter-Strike. Isso significa que é preciso tomar cuidado ao comprar armas mais caras, pois, embora sejam mais fortes, podem trazer prejuízo caso o jogador morra na rodada seguinte.
Todas essas semelhanças não são algo necessariamente ruim. O jogo ainda busca uma identidade própria com os seus mapas e personagens com interações constantes, que colaboram para construir o seu universo. O grande diferencial está na forma como a Riot lida com a acessibilidade nos seus jogos, pois Valorant é leve o suficiente para rodar em computadores mais fracos, é completamente gratuito para jogar, tem comunicação e suporte constante (em português) da desenvolvedora e é fácil de aprender.
Por se tratar de um jogo gratuito, a Riot Games busca monetizá-lo com a venda de skins diferentes para as armas e demais itens cosméticos com um modelo de Passe de Batalha, que já está disponível para compra desde o lançamento. Nem todos os agentes vêm desbloqueados, mas o jogador tem acesso a eles gratuitamente ao ganhar experiência com missões diárias e demais desafios.
Além do modo de jogo tradicional, existe um modo inédito chamado Disputa da Spike. Ele é muito parecido com o modo comum, mas focado em partidas ainda mais rápidas. Todos os atacantes carregam a bomba Spike consigo para plantá-la no local do objetivo.
Pelo mapa, existem orbes de aumento de poder espalhados pelo cenário, os quais aumentam o dano, velocidade ou até mesmo garantem a habilidade suprema instantaneamente ao personagem. O conceito deste modo de jogo é bastante simples e talvez não supra a necessidade dos jogadores mais casuais, que vão acabar preferindo jogar uma partida comum.
Um elenco interessante, mas com habilidades não tão diversificadas
A Riot Games não costuma decepcionar com a construção dos seus personagens e Valorant está seguindo um caminho promissor. O elenco conta com 11 agentes únicos, cada um com uma nacionalidade e habilidades únicas para tirar proveito no combate. A sul-coreana Sage, por exemplo, pode curar e reviver aliados; a americana Viper domina substâncias venenosas para isolar o caminho até o objetivo; a brasileira Raze, vinda de Salvador, tem um arsenal explosivo potente para causar caos nas partidas.
Muitos jogadores podem ter criado uma má impressão dos personagens com o Beta fechado, pois a apresentação deles não era tão interessante — imagens estáticas, feitas com o próprio motor gráfico, não convenciam. Na versão lançada oficialmente, no entanto, todos têm uma animação única muito bem feita e expressiva na tela de escolha, além de belíssimas artes. A identidade deles brilha ainda mais com a dublagem em português do Brasil, que está repleta de personalidade.
Em contrapartida, logo ao jogar as primeiras partidas, a impressão que fica é que os poderes são muito parecidos. Muitos personagens têm “nuvens de fumaça” para bloquear visão, barreiras e poderes que cobrem o chão com algum elemento. Embora haja pequenas diferenças, elas acabam caindo na mesmice e tornam a composição de equipes não tão necessária como em Overwatch, por exemplo.
Embora o jogo apresente descrições detalhadas de como as habilidades funcionam, também faz falta um tutorial dedicado para cada personagem, explicando na prática como as suas habilidades funcionam e dando dicas de como aplicá-las. Mesmo utilizando o estande de treino aberto para experimentar um personagem livremente, não é possível ter muita ideia da sua interação com outros personagens ou aliados.
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Visuais simples que cumprem seu papel
O que é realmente impressionante em Valorant são os efeitos sonoros. É muito importante ficar atento aos passos dos personagens e aos sons das suas habilidades únicas também. Conforme o jogador passa pelas partidas e se acostuma com o elenco do game, passa a reconhecer os momentos em que os adversários usam algum poder apenas pelo som.
Considerando que Valorant tem a proposta de ser um jogo leve como League of Legends, a Riot Games fez um excelente trabalho com os gráficos. O jogo não tem visuais que abusam do realismo como outros games da atualidade, mas seu estilo minimalista tem um certo charme. Os modelos dos personagens remetem bastante ao estilo do MOBA, mas é notável que a empresa melhorou suas técnicas. Os jogadores mais exigentes podem se incomodar com alguns detalhes, mas nada que destrua a experiência.
Comunicação é fundamental, mas também pode ser frustrante
Já não é novidade que jogos de equipes exigem interação entre os membros. Pensando nisso, Valorant dispõe de um chat de texto e um por voz para que a comunicação aconteça de forma direta. Além disso, há a opção de marcar pontos no mapa para chamar a atenção em tempo real — seja para indicar onde pretendemos nos posicionar, se há inimigos a caminho, etc.
Os números iniciais do game já indicam que sua comunidade será bastante grande, então, eventualmente, haverá jogadores tóxicos e discussões durante as partidas. Caso isso aconteça, existe a opção de "mute" para cortar comunicação com algum jogador específico. A Riot Games faz questão de exibir um código de conduta na primeira vez que Valorant é aberto e, com base no período de testes, não está poupando esforços para punir quaisquer infrações. É importante que todos os jogadores também façam a sua parte e denunciem linguajar ofensivo e tóxico, racismo, machismo, homofobia, discursos de ódio, etc.
Outro problema voltado à comunidade é quando existem jogadores inativos, que ficam parados na base, ou quando alguém se desconecta da partida. Nas partidas comuns, a equipe terá que se virar com um aliado a menos, o que pode ser muito incômodo. Isso poderia ser resolvido caso o jogador desconectado fosse substituído por um bot, mas não é o que acontece na prática.
Conclusão
Valorant é uma grata surpresa que promete agitar o cenário competitivo nos próximos anos. O seu forte definitivamente não é a inovação, mas é um jogo que funciona bem dentro da sua proposta. O elenco chamativo de personagens e gameplay viciante são características que convencem a aprender um pouco mais a cada partida. O anti-cheat Vanguard pode incomodar por exigir reinicialização do computador para funcionar após um fechamento e não há tanta variedade de modos de jogo, mas tudo isso pode ser melhorado com o tempo.
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