Funcionários da Amazon estariam mais sujeitos a lesões durante o trabalho após a adoção de robôs para ajudar na rotina dos centros de distribuição da marca nos Estados Unidos. Pelo menos é o que aponta o site de jornalismo investigativo Reveal, que acessou diversos documentos da fabricante falando sobre o assunto. Segundo o veículo, os dados apontam para 14 mil lesões sérias – ou seja, em que o trabalhador precisou ser afastado por alguns dias ou teve suas capacidades de atuação reduzidas – apenas em 2019.
O TechTudo entrou em contato com a Amazon, que refutou todas as acusações feitas pela matéria do Reveal, afirmando que o texto "interpreta erroneamente os dados e os documentos internos que afirma ter obtido".
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A média lesões sérias, que chegaria a 7,7 a cada 100 empregados, de acordo com a matéria, é colocada em contexto pelo Reveal, que compara os dados de serviços concorrentes da Amazon. O site mostra que essa margem equivale ao dobro do número de acidentes considerados sérios em cadeias de distribuição de serviços rivais.
Os documentos internos da Amazon indicam ainda que a empresa estaria ciente dos problemas. De acordo com o site, relatórios mensais acompanham a evolução dos casos de lesões e acidentes, inclusive traçando metas. Em 2018, por exemplo, a ideia era baixar o número de ocorrências em 20%, mas ainda assim o número de casos foi maior que em 2017. Para 2019, a meta era mais modesta: apenas 5%. E, mesmo assim, o total de casos subiu.
A fabricante, por sua vez, apontou para uma interpretação errada dos documentos. Em pronunciamento oficial enviado ao TechTudo, a Amazon afirmou utilizar métricas oficiais, inclusive um índice da OSHA (sigla para Administração de Segurança e Saúde Ocupacional dos EUA). Segundo a Amazon, essa classificação foi utilizada de forma equivocada pelo texto como "índice de incidentes sérios".
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Entre as possíveis explicações para o problema está o aumento da pressão com a chegada dos robôs. Os processos ficaram mais eficientes, o que teria levado ao aumento de turnos e dos níveis de produtividade por parte dos funcionários.
Se antes as cotas eram de 100 encomendas por hora, com as máquinas essa margem subiu para 400 a cada hora. O aumento de carga de trabalho para atingir as cotas pode explicar um aumento de esforço e lesões por movimentos repetitivos, além de outros tipos de acidentes.
Outro ponto observado pelo Reveal é relação entre períodos que antecedem períodos de grandes promoções, como Cyber Monday e Prime Day, por exemplo, e os maiores picos de lesões sérias ao longo de 2019. Apenas durante a semana do evento de descontos da Amazon, por exemplo, foram registradas 400 ocorrências em unidades da fabricante. Vale lembrar que o período de promoções ocorre pela primeira vez no Brasil em outubro de 2020.
O que diz a Amazon
Ao TechTudo, a Amazon refutou veementemente todas as acusações feitas pela matéria do site de jornalismo investigativo Reveal. Segundo eles, houve uma interpretação errada do índice DART, métrica utilizada inclusive pelo órgão responsável por Segurança do Trabalho nos Estados Unidos. A empresa também se disse "obcecada" pela segurança de seus funcionários, garantindo que oferece desde programas preventivos voltados para ergonomia até equipamentos de segurança nos postos de trabalho.
Confira o pronunciamento da Amazon na íntegra:
"A Amazon refuta veementemente as informações. Somos c
A reportagem interpreta erroneamente os dados e os documentos internos que afirma ter obtido e que ilustram uma coisa: somos muito focados na segurança de todas as equipes. Avaliamos a eficácia de nossos programas de segurança por meio de uma série de métricas, entre elas, da OSHA (Administração de Segurança e Saúde Ocupacional dos EUA - conhecido também como índice DART), que foi erroneamente colocada pela reportagem como um "índice de incidentes sérios".
Como empresa, focamos no desenvolvimento de programas preventivos focados em ergonomia, exercícios físicos e configuração de estação de trabalho, somados a equipamentos de segurança e benefícios de saúde abrangentes desde o primeiro dia de trabalho."
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