Esta é a semana do Windows 10. A Microsoft começou a liberar a versão final de seu novo sistema operacional há exatos nove dias, mais precisamente dia 29/07, quarta-feira da semana passada, e não é de estranhar que este seja o assunto dominante desta semana no campo da informática. Portanto, teremos que interromper pela segunda vez a série sobre microprocessadores, pois nunca se viu uma mudança de versão de sistema como esta.
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Esta é a primeira vez que se vê uma nova versão de sistema operacional completa ser fornecida gratuitamente sob a forma de atualização de software.
E o processo está funcionando?
A Microsoft enviou à todos os usuários que haviam reservado sua cópia de Windows 10 uma mensagem de correio eletrônico intitulada “Você reservou o Windows 10 — e agora?” na qual afirma que o sistema está chegando.
“Se você reservou a sua atualização gratuita, ela está a caminho. Você faz parte da maior onda de atualização de software que já existiu e estamos gerenciando este processo de forma que todos possam ter uma boa experiência. A sua notificação de atualização pode chegar nos próximos dias ou semanas”.
Havemos de convir que “nos próximos dias ou semanas” é uma perspectiva um tanto vaga, especialmente para quem está esperando ansiosamente pela nova versão. Porém, na própria mensagem a Microsoft esclarece como os mais afobados poderão evitar a espera (abordaremos o assunto mais detalhadamente).
De qualquer forma, quem quiser “verificar a evolução da sua atualização”, sempre pode, segundo a mensagem, consultar o aplicativo Atualizar para Windows 10, aquele cujo ícone com a aparência de uma janela está localizado no lado inferior direito da barra de tarefas.
A mensagem inclui também alguns atalhos para respostas a perguntas frequentes sobre a atualização. Elas esclarecem quaisquer aspectos sobre os quais o usuário ainda tenha dúvidas, portanto não faria sentido repeti-las aqui. Esta coluna vai apenas relatar minha experiência com a atualização do sistema. Aliás, estou digitando este texto na máquina de trabalho, aquela a que dedico mais atenção e cuidados, ou seja, sinal seguro de que considero a atualização um procedimento confiável, embora não isento de tropeços.
Eu uso regularmente seis máquinas, quatro de mesa, duas portáteis. As de mesa, duas são de trabalho, uma usada no meu escritório doméstico, outra no escritório do trabalho. Ainda no escritório doméstico mantenho uma máquina auxiliar, usada para testar programas, sistemas e outras coisas que não ouso instalar na máquina de trabalho antes de ter certeza que é seguro. Já a última máquina de mesa permanece na sala, ligada à televisão – que se transforma em uma verdadeira Smart TV, já que é inteiramente controlada por um computador externo e não fica limitada aos poucos aplicativos eventualmente instalados pelo fabricante.
As duas máquinas portáteis são um tablet – mais especificamente um Surface da Microsoft, que uso quando preciso de um dispositivo pequeno e fácil de transportar – e um micro portátil tipo “notebook”, que me acompanha nas viagens.
Tudo isto rodando Windows 8.1, exceto a máquina auxiliar, ainda equipada com Windows 7. Seis máquinas. Considero uma amostra representativa.
A primeira a ser atualizada foi o tablet. A atualização veio sem que eu tivesse que fazer qualquer esforço: dois dias depois do início da distribuição pela Microsoft o ícone do aplicativo Atualizar para Windows 10 informou que a nova versão estava disponível. Bastou então acionar “Configurações > Atualização e Segurança > Windows Update” que o Windows 10 foi instalado e mansamente se aninhou nas entranhas de meu tablet. Beleza. Nenhum inconveniente exceto a espera, que o procedimento é demorado – afinal, é uma troca de versão de sistema operacional.
E o resto?
O tablet se comportou tão bem, seu procedimento de atualização foi tão singelo e indolor que eu comecei a ficar aflito. Quando as demais máquinas seriam atualizadas?
Eis que na sexta-feira, 31 de julho, dois dias depois da liberação da atualização, entra em cena o Mestre Ricardo Gonçalves Quintão, meu amigo e colega e cujo título de mestre é mais que merecido (o homem leciona informática em um monte de universidades), que me envia uma mensagem na qual informa: “Eu utilizei o ‘Media Creation Tools’ do Windows 10 e já atualizei todas as minhas máquinas”.
Como? “Media Creation Tools”? O que vem a ser isso?
Perguntei, ele explicou e acrescentou que, segundo sua experiência, a ferramenta “só permite atualizar as máquinas que possuem o Windows ativado. Se não estiver, o aplicativo solicita o serial do Windows 10 e só deixa continuar a atualização se este serial for digitado". Assim, fica a advertência para os que pretenderem usar a ferramenta em máquinas com Windows, ah, como dizer… “pirata”? Não, melhor “desativado” para não correr o risco de ofender algum de meus leitores.
Mas que ferramenta é esta?
No final da supracitada mensagem da Microsoft aparece o parágrafo: “Não pode esperar? Se você estiver mais preparado tecnicamente, pode usar o Media Creation Tool para instalar imediatamente em um ou mais dispositivos”. E lá, como aqui adiante, a expressão “Midia Creation Tool” é um atalho que leva à página de “Download do software – Baixar o Windows 10”, onde se encontram informações sumárias sobre a dita ferramenta, alguns atalhos para páginas com informações complementares e dois botões, um para baixar a ferramenta na versão para 32 bits, outro na versão para 64 bits.
Baixei o que me convinha.
O arquivo (para as máquinas de 64 bits) denomina-se “Media Creation Toolx64.exe” e tem pouco mais de 19 Mb. Como o nome indica, ele se destina primordialmente a criar uma mídia de instalação para Windows 10. Além disso, oferecerá ainda a alternativa de instalar imediatamente o sistema operacional no computador onde está rodando.
Como ainda havia cinco máquinas onde instalar Windows 10, todas de 64 bits, decidi criar uma mídia de instalação e usá-la em todas elas. Escolhi então a opção “Criar mídia de instalação para outro computador” e avancei para uma tela onde deveria escolher o idioma, a edição de Windows 10 a ser instalada (Pro, Home e Home single language) e a arquitetura (32 ou 64 bits, estranhamente, posto que o arquivo da ferramenta deixa claro que aquela versão instala em máquinas de 64 bits). Feitas as escolhas, mais um clique em avançar leva a decidir se é preferível criar uma unidade tipo “flash USB” (que pode ser um “pen drive”) ou gravar no disco uma imagem ISO que poderá ser transposta para um disco ótico. Eu optei pela unidade USB e nela criei a mídia de instalação.
É possível – nas máquinas que o aceitam – inicializar a máquina (ou “dar boot”) pelo próprio “pen drive” e em seguida fazer uma instalação “limpa” de Windows 10. Mas, tanto quanto me foi dado perceber, isto deitará a perder todos os aplicativos e arquivos de dados previamente instalados. Por outro lado, a mídia de inicialização contém um arquivo denominado “setup.exe” que pode ser executado “de dentro” da versão que se deseja atualizar (Windows 8.1 ou Windows 7) e permite escolher o que fazer com tais arquivos e programas. Como eu desejava mantê-los, tentei executar a instalação “de dentro” de Windows a partir do “pen drive”. E foi aí que a coisa pegou.
Note que isto é um mero relato de minha experiência e o que ocorreu comigo pode não ocorrer com você (como, de fato, não ocorreu com Mestre Quintão, que me informou haver instalado Windows 10 em todas as suas máquinas a partir da mídia de instalação). Mas o fato é que, desta forma, eu não consegui instalar Windows 10 em sequer uma das máquinas. Em todas elas, a partir de um determinado ponto, o procedimento era bloqueado e surgia uma mensagem de erro alegando a falta de um determinado arquivo de ligação dinâmica – sempre o mesmo arquivo em todas as máquinas. E, depois de muita luta para descobrir onde o maldito arquivo deveria se abrigar, constatei que todas as máquinas efetivamente já o continham. Portanto, o problema não estava no arquivo, mas na mídia de instalação.
Neste ponto eu poderia criar outra mídia ou continuar pesquisando e acabar descobrindo uma solução. Mas nessas situações há que se considerar a relação custo/benefício. Sabendo que havia alternativa (baixar ou copiar para cada computador o arquivo da “Media Creation Tools” e escolher a opção “Atualizar este computador agora”), o que valeria mais a pena: partir diretamente para ela ou empenhar tempo e paciência tentando buscar uma solução para o problema?
Decidi tentar a primeira hipótese.
E funcionou. Com exceção da máquina que já vinha rodando Windows 10 por estar inscrita no programa “Windows Insider”, que em um dado momento, sem que eu percebesse, se atualizou sozinha, as demais – a auxiliar, com Windows 7, esta máquina de trabalho que vos escreve, com Windows 8.1 e o “notebook” – receberam a atualização uma a uma, diretamente a partir do “Media Creation Tools”, sem a necessidade de criação da mídia de instalação.
Então, fica aqui a “dica”: se você não quer esperar pela instalação enviada pela MS e tem uma única máquina a atualizar, faça-o diretamente do “Media Creation Tools” escolhendo a opção “Atualizar este computador agora”. Se tiver diversas, experimente criar uma mídia de instalação e usá-la em todas, o procedimento mais simples e óbvio. Mas se, durante a instalação, começarem a surgir problemas aqui e ali, simplesmente desista da mídia de instalação e passe a usar em cada máquina o procedimento de instalação direta a partir da Media Creation Tools.
Agora, uma observação final que pode interessar aos usuários de máquinas adquiridas no exterior.
Meu computador portátil é um Lenovo Yoga 2, uma máquina que pode funcionar seja como “notebook” seja como tablete, já que tem teclado escamoteável e tela sensível ao toque. Quando me interessei por este modelo, ele não existia à venda no Brasil. Aproveitei, então, uma viajem ao exterior para comprá-lo nos EUA. E ele veio com Windows 8.1 instalado, naturalmente em inglês. Mas para mudar o idioma para português bastou um ajuste nas configurações.
Pois bem: ao solicitar a instalação de Windows 10 nesta máquina, tudo pareceu correr bem. Eu já havia instalado em duas outras, de modo que a coisa foi na base do “piloto automático”, sem prestar muita atenção nas mensagens de progresso da instalação, que afinal deveriam ser as mesmas.
Não foram.
E a máquina recebeu, sim, sua cópia de Windows 10. Porém, infelizmente a maioria dos programas que eu havia instalado “dançaram”.
Mas por que? O que eu teria eu feito de errado?
Simples: não prestei atenção nas mensagens que eram exibidas na tela durante o procedimento de instalação. E uma delas dizia que, caso a máquina onde a instalação era feita estivesse operando com uma versão de Windows que adotasse idioma diferente daquele usado na instalação original, os programas e documentos seriam perdidos.
Fure fila! Veja como baixar o Windows 10 usando Media Creation Tool
Pois bem, se algo parecido ocorrer com você, aqui vai a solução.
O primeiro passo é restaurar Windows para a versão anterior (no meu caso, Windows 8.1). E não há nada mais simples: basta acionar “Configurações > Atualização e segurança > Recuperação > Voltar para o Windows 8.1”. Note que esta opção somente estará disponível por um mês após a atualização para Windows 10, porém uma vez acionada, basta seguir as instruções da tela para que depois de algum tempo você tenha de volta a máquina no estado anterior à atualização, com todos os arquivos e programas intocados.
Isto feito, há que ajustar a máquina para o idioma original de quando foi comprada, no meu caso o inglês dos EUA. Também uma tarefa simples: “Configurações > Região e Idioma”. Aí, basta adicionar o idioma original, caso você o tenha removido, e ajustá-lo como “Idioma de exibição do Windows”.
Feito? Agora sua máquina está com Windows no idioma em que foi adquirida. Repita o procedimento de instalação de Windows 10 e ela manterá seus aplicativos e preciosos arquivos de dados.
Pronto. Feita a instalação, para que a máquina já com Windows 10 volte a “falar” português, basta repetir o procedimento de mudança de idioma acima descrito e retornar o ajuste para “Português (Brasil)”.
Pois é. Agora todas as minhas máquinas estão com Windows 10 e funcionando perfeitamente. Como uso em todas elas a mesma conta Microsoft, elas se mantêm sincronizadas no que toca às configurações. E como uso o extraordinário aplicativo Dropbox para armazenar meus principais arquivos de trabalho na nuvem, com as cópias que desejo no dispositivo de armazenamento de cada computador, posso acessá-los de qualquer uma das máquinas, já que todas estão conectadas à Internet.
Taí uma coisa que facilita extraordinariamente minha vida e que eu jamais imaginaria ser possível nos tempos em que comecei a usar computador…
Mas isso foi na era do byte lascado…
B. Piropo
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